25 janeiro 2008

Há uma causa espiritual para o diabetes?







Diabetes Mellitus é uma doença sistêmica, caracterizada pela incapacidade do organismo em controlar a glicose (açucar). Um hormônio chamado insulina, produzido no pâncreas é o responsável por metabolizar o açucar, armazenando esse importante nutriente no músculo, na gordura e no fígado. Quando ocorre a destruição auto-imune das células que produzem insulina (células Beta) temos o diabetes tipo 1. No tipo 2 ocorre um misto de produção deficiente com uma dificuldade na ação da insulina, a chamada resistência insulínica, causada principalmente pelo excesso de peso. Sem dúvida alguma a glicose é a nossa principal fonte de energia e qualquer descontrole no seu metabolismo pode levar a consequências severas.
Estima-se que em 2025 teremos mais de 350 milhões de diabéticos no mundo, o que sem dúvida nenhuma se consolidará como o maior problema de saúde pública do planeta.
Pensando sempre sob a ótica médico-espírita, reencarnacionista, como endocrinologista nos sentimos intrigados com os porques. Crendo num Deus que se apresenta como um Pai amoroso e extremamente misericordioso, não podemos concordar com a ótica defendida por alguns segmentos que mesmo crendo em vidas sucessivas, atribuem o sofrimento humano a Lei de Talião - olho por olho, dente por dente. Estariam os diabéticos pagando por algum mal que praticaram no passado? 
Com certeza, todos nós colhemos os frutos que plantamos no passado, quando ainda andávamos completamente distantes do caminho traçado por Cristo. Mas isso não configura um ato de vingança da vida contra nós, nos submetendo a tortura e doenças pré-determinadas. Os atos praticados nas vidas anteriores ficam impressos no nosso psiquismo e consequentemente em nosso corpo sutil (perispírito), promovendo a tendência a determinadas doenças, tendência essa que atuando energeticamente nos genes, atrai o óvulo mais apropriado e também o espermatozóide mais condizente com nossas necessidades.
Quando observamos o diabetes fica claro que não existe uma causa simples, do tipo o fulano deu um tiro no coração do beltrano na vida passada e agora nessa vida veio com um problema na válvula cardíaca. A genética do diabetes é poligênica, ou seja, não existe só um gene responsável pela doença, são vários e cada pessoa tem uma característica diferente da outra, e é por isso que alguns diabéticos não cuidam tanto e vivem quase normalmente e outros apesar dos cuidados intensivos apresentam várias complicações da doença.
Se não há uma causa única, porque quase 10% da população apresenta essa doença séria? O diabetes é hoje a principal causa de doença cardiovascular do mundo!
Entendemos que o sentido é mais corretivo, é na verdade uma grande oportunidade do paciente diabético despertar para necessidades evolutivas, fato que poderia não ocorrer se ele não apresentasse a doença. Raciocine comigo :
- Um adolescente com diabetes é levado desde cedo a ter uma alimentação saudável, não fumar, não ingerir bebida alcoólica e não usar drogas. Tem um conhecimento muito grande do seu corpo e de suas reações e com isso amadurece muito mais cedo. Isso tem de ser entendido como um fator positivo e não como um castigo como alguns pais enxergam, por mais dificil e complicado que seja ter um filho com diabetes. Ou Deus está no comando e tudo é para o nosso bem, ou nada tem sentido.
- O diabetes proporciona o treinamento da disciplina. Quem já teve uma baixa na glicose (hipoglicemia) sabe muito bem o que é isso. Há de se ter horários para tudo, para alimentação, para o remédio e para o exercício. Será que os diabéticos já pararam para pensar nisso? Em como um comportamento sem compromisso e sem disciplina pode ter prejudicado outros num passado distante ou recente?
- Humildade! Como uma doença crônica como o diabetes faz com que os pacientes percebam na sua totalidade a pequenez da espécie humana. Na dor, no sofrimento da família, na impotência dos pais em curar o filho, temos uma maravilhosa lição de humildade perante a grandeza da vida, nos mostrando que toda soberba é ridícula, que toda sensação de grandeza é ilusória.
- Um dos principais fatores de descompensação da glicose são os problemas emocionais. Tentando não descontrolar o diabetes, o paciente aprende a ser mais tolerante com o próximo e tenta (pelo menos deveria tentar) deixar de se irritar com tudo e aprender a respeitar a diferença, preservando assim a sua saúde.
Passaríamos horas discorrendo sobre todas as possibilidades, mas o texto acima talvez resuma o mais importante em relação a necessidade dos diabéticos. Se você tem diabetes, pense nisso e aproveite a doença para observar quais são as suas dificuldades, o que é mais urgente que você modifique na sua forma de agir, de pensar e de se relacionar com as pessoas. Se você tem tendência a diabetes, tem parentes com a doença e está acima do peso, é sedentário, tem alimentação inadequada e bebe muito, mude enquanto é tempo. Não vá atrás da doença e depois fique falando que Deus castiga. Previna, mude seu comportamento antes da doença se instalar.
Paz e luz!

20 janeiro 2008

Destino - Dr Ricardo Di Bernardi



O destino se constrói a cada momento de nossa existência. Se é verdade que hoje navegamos pelo rio da vida com a canoa que construímos com os golpes do machado de nossos próprios atos, também é verdade que nos cabe remar no sentido que desejamos e sujeitando-nos a avançar lenta ou velozmente no rumo a ser alcançado. A cada instante reforçamos os mantimentos de nossa bagagem pelo apoio de coraçòes amigos que promovem amparo fraternal.

Nosso livre arbítrio nos permite, a todo momento, jogar para fora do barco o lastro excessivo das pedras da culpa que imaturamente juntamos no decorrer de nossa jornada.

O esforço próprio para vencer a correnteza das adversidades da existência, leva-nos a escolher os afluentes de águas menos caudalosas, embora de percurso mais longo, Sem as surpresas dos rochedos ocultos que desafiam nossa visão limitada. O equipamento de bordo é fruto das nossas possibilidades, entretanto, a direção do barco da vida depende de nós.

Não há carma estático. A idéia de que o destino já está indelevelmente traçado existe nas estreitas mentes que se espremem no desfiladeiro limitado pelas muralhas pétreas da rigidez de percepção. O carma é dinâmico e sofre modificação a cada pensamento nosso. Quando pensamos, ocorre movimentação de energias, emissão de ondas e criação de situações atenuantes ou agravantes aos problemas.

É verdade que somos peixes livres no aquário da vida. No entanto, estamos limitados as quatro paredes envidraçadas que correspondem aos pontos cardeais de nossa dimensão física; livres apenas no espaço dimensional que conhecemos, porém mergulhados em outros espaços que não percebemos.

Na trajetória da vida, os atos construtivos e amorosos além de conquistar a simpatia e o amparo ao nosso redor, geram vórtices energéticos superiores em nossa estrutura espiritual. A presença destas energias sutis suavizam acentuadamente nossas desarmonias energéticas, bem como reduzem nossas tendências a determinadas situações de desequilíbiro e sofrimento.

No trânsito pelo campo da vida podemos, a cada momento, espargir as sementes do amor que celeremente desabrocham nas flores perfumadas do companheirismo , em criaturas que amadurecem como frutos saborosos da solidariedade humana.

O carma, OU O DESTINO, devem ser compreendidos sempre como uma tendência a determinadas situaçòes decorrentes de nossa natureza psíquica, a qual foi elaborada nas múltiplas existências. Nada impede que lutemos contra elas, ao contra'rio, mentores espirituais nos amparam constantemente infundindo força para vencermos, evitando, muitas vezes, sofrimentos desnecessários.

Dr. Ricardo Di Bernardi é presidente do Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis, o ICEF. Para maiores informações veja em http://www.icef-sc.com.br/

08 janeiro 2008

Estresse e espiritualidade - Dra Marlene Nobre

Para o grande público, estresse é uma situação psicologicamente agressiva que repercute no corpo. Este, porém, é apenas um dos aspectos do estresse, a sua versão psicossomática, há outros, porém, a serem considerados. Na verdade, o ser humano vive em estado de estresse permanente, bombardeado por fatores estressantes diversos - físicos, psico-emocionais, e espirituais - que lhe exigem constante adaptação ao mundo que o cerca.
Os fatores estressantes emocionais tanto podem ser tristes, como a morte de um ente querido, o desemprego, quanto felizes, como o sucesso do atleta ou as alegrias do reencontro - todos desencadeiam, do mesmo modo, os mecanismos e as conseqüências do estresse. O mesmo acontece em relação aos abalos nervosos, como no estado de cólera, medo, etc., assim como frente aos fenômenos físicos nocivos -frio, calor, fadiga, agentes tóxicos ou infecciosos, jejum, exercícios físicos exagerados, etc.
Na verdade, o estresse é a resposta não específica que o corpo dá a toda demanda que lhe é feita. Ele corresponde à interação entre uma força e a resistência do organismo a esta força. É o complexo agressão-reação.
Se a agressão é ocasionada por uma grande diversidade de fatores, a reação comporta uma parte idêntica, comum a todos os indivíduos, e uma parte própria de cada um, denominada "coping" ou aspecto específico da reação não específica.
A medicina hoje considera a doença como sendo a resultante da agressão mais a reação não específica, mais reação específica. Isto pode ser resumido em estresse mais coping. Desse modo, considera-se a originalidade própria das reações específicas ao agente estressor, superpostas às reações não específicas do estresse, criando a diversidade dos aspectos clínicos.
Em 1936, Hans Selye, descobridor do estresse, publicou os seus primeiros trabalhos sobre o assunto. Em 1950, descreveu a Síndrome Geral de Adaptação - Reação de Alarme, estágio de Resistência e de Exaustão - com seus aspectos bioquímicos e endócrinos, mostrando qual a reação não específica do organismo às agressões do mundo exterior. Para ele, a intensidade da demanda, a duração e a repetição determinam a resposta. E condiciona o bom ou o mau estresse à eficiência ou não da fase de adaptação. Para Selye, todo indivíduo tem um capital de energia biológica diferente e pode consumir suas reservas conforme tenha maus estresses.
Na reação de alarme, a primeira resposta do organismo ao estresse, entra em ação o sistema hipotálamo-simpático-adrenérgico que prepara o organismo para a luta ou fuga. Entram em jogo a adrenalina e a noradrenalina, com isso, há muita produção de glicogênio, taquicardia, respiração acelerada, concentração do sangue nos vasos principais e nos músculos estriados, inibição dos sistemas digestivo, sexual e imunológico. Depois disso, outro sistema vai entrar em jogo, o hipotálamo - hipófiso-suprarrenal com produção de ACTH e corticóides.Esses sistemas entram em funcionamento na fase de reação e o organismo pode sofrer esgotamento ou entrar na fase de exaustão, tendo como resultado final doença e morte. São inúmeras as doenças de adaptação, entre elas, hipertensão, úlcera, hemorróidas, ataques cardíacos, acidente vascular cerebral, diabetes, enxaqueca, etc.
Hoje, como avanço dos estudos, considera-se o sistema limbo-hipotálamo-hipófiso-suprarrenaliano (LHHS). Através do hipotálamo na zona parvocelular mediana do núcleo paraventricular (NPV), são liberados o CRF, o Fator de liberação corticotrófico (Corticotrophin Releasing Factor) e a Argenina Vasopressina (AVP) - que determinam a liberação de ACTH pela hipófise e esta o cortisol pela suprarrenal.Com vemos, o estresse está ligado ao centro das emoções no hipotálamo, assim é importante o estudo de fatores como o medo, a raiva, etc, nos seus mecanismos e reações. Assim, quando o indivíduo sente raiva, por exemplo, é como se ele estivesse diante de um predador, de um perigo iminente e isto desencadeia a reação.
Como vimos, cada indivíduo tem uma reação específica frente ao estresse. Ele coloca suas estratégias de ajuste cognitivas e comportamentais, o "coping", para fazer face aos agentes estressores.
As pesquisas têm demonstrado que doenças como depressão estão absolutamente ligadas ao estresse. Investigação ampla, realizada em 52 países, da qual participou o dr. Alvaro Avezum, do Brasil, acerca dos fatores de risco da doença cardíaca, demonstrou que os psico-sociais entram em mais de 30% dos casos.
O estresse é o campo da medicina que reunifica corpo e alma. O seu estudo está, portanto, intimamente ligado à espiritualidade.Segundo as lições espirituais dadas em 1947, no livro No Mundo Maior, o nosso cérebro tem três áreas distintas: a inicial, onde habita o automatismo e que está no plano subconsciente, a do córtex motor que engloba as conquistas do hoje e está na área do consciente e a dos lobos frontais que representam o ideal e a meta superiores e estão vinculados ao superconsciente. Esta classificação encontra respaldo no livro de Paul Maclean, de 1968, The Triune Brain in Evolution, que nos fala acerca dessas três regiões, afirmando que vemos o mundo através de três cérebros distintos.
Aprendemos também com os Instrutores Espirituais que somos seres em evolução. Quanto mais perto nos encontramos da animalidade mais agimos com instintos e sensações. Com o passar do tempo, e a evolução espiritual conseqüente, passamos a ter sentimentos, sendo o amor, o mais sublimado deles.Se estamos escravizados aos instintos, a maneira pela qual fazemos face aos fatores estressantes é muito primitiva e resulta quase sempre em um mau estresse.
Aprendemos também que é preciso humildade para vencer a animalidade inferior. Infelizmente, porém, em nossas relações em sociedade e no lar estamos muito longe desse sentimento sublime que está intimamente ligado ao amor.
Assim, a fé é importante porque abre as portas do coração para sentir e viver o amor divino em nossas vidas. Através da oração, da meditação, da compreensão do valor da dor, temos a possibilidade de conhecermo-nos a nós mesmos e a reagirmos de forma mais equilibrada às tensões da existência humana. Compreendemos, igualmente, que é preciso treino para o perdão e para eliminação da raiva, da inveja, da mágoa e de outros sentimentos negativos.
A nossa busca da paz para viver no lar, no ambiente de trabalho, dentro da sociedade tem de ser centralizada em Jesus, o Médico da Almas, que afirmou ter a paz verdadeira para nos oferecer. Chico Xavier disse com muita sabedoria: "A paz em nós não resulta de circunstâncias externas e sim da nossa tranqüilidade de consciência no dever cumprido." Para vencer positivamente o estresse é preciso guardar a paz, tê-la como patrimônio. E esta pacificação interior que é responsável pelo sucesso do "Coping", só será uma conquista definitiva quando houver harmonia entre os três cérebros. Para isso, no entanto, é imprescindível não esquecer que é preciso fé em Deus e obediência às Suas Leis.
* Dra. Marlene Nobre é presidente da Associação Médico Espírita do Brasil e Internacional
Para maiores informações - http://www.amebrasil.org.br