10 agosto 2019

Matéria mental e nível evolutivo - Dr. Ricardo Di Bernardi*

Nosso Universo é um todo de forças dinâmicas. André Luiz, na obra Mecanismos da Mediunidade (1), lembra-nos que o elétron é a expressão basilar de toda oscilação e de todo fluxo de energia que ocorre na dimensão física, isto é, em nosso universo material, o que inclui matéria de outras dimensões.
É, também, conhecimento dos estudiosos da fenomenologia espírita que a base fornecedora de toda matéria, e energia, existentes no Cosmo é o fluido universal, este seria o veículo para a expressão onipresente do “pensamento do criador” (2).
No macro e no microcosmo sempre ocorreram as manifestações do Amor Universal, que atua através das inteligências espirituais ou “Potências Angélicas”, mobilizadas para a organização de formas e de funções com variabilidade infinita.
Neste oceano de energia cósmica, navega a matéria mental humana, capaz de gerar formas-pensamento dotadas de fluido vital. Essas ideoplastias tem duração variável, conforme a persistência da onda mental que nós produzimos. Somos, por isto, cocriadores em plano menor.
A eletricidade e o magnetismo, derivações do fluido cósmico (universal), são constantemente modificadas e direcionadas pela matéria mental humana, ou seja, pelo nosso pensamento. O fluxo energético provindo do campo psíquico de cada Espírito encarnado ou desencarnado é muito individual, específico, mas, Dr. André Luiz ensina-nos que raios ultracurtos se projetam dos seres angélicos que são sábios, plenos de amor e inteligência, atuantes no micro e macrocosmo como representantes do Amor Universal –Deus, esses seres sábios geram condições adequadas para a expansão e sustentação da vida nas infinitas variações da natureza deste planeta, bem como nos demais astros do universo.
Nós, humanos terráqueos, emitimos matéria mental variável. Os corpúsculos mentais, que irradiamos, vibram em ondas curtas nos momentos de reflexão quando unimos sentimentos profundos e inteligência. Emanamos, outrossim, ondas médias nas aquisições de experiências e de conhecimentos, e, mais comumente, ondas longas, quando nos dedicamos às necessidades básicas de sustentação e manutenção da nossa existência física.
O homo sapiens, tanto aqui como no plano espiritual, esclarece-nos o eminente médico do plano extrafísico, expressa seu pensamento como  onda, que, embora sutil, ainda é matéria. A onda do pensamento, emitida por nós, projeta-se em minúsculos corpúsculos mentais,terminologia utilizada por André Luiz.
Quanto aos animais, por serem princípios espirituais com menor tempo percorrido na longa estrada da evolução infinita, pensam fragmentariamente, normalmente seus pensamentos são descontínuos, daí suas ondas mentais serem fragmentárias, pensam em laivos ou fagulhas, são almas simples, mas “não são simples máquinas como supondes” (3).
As partículas mentais, projetadas por cada Espírito, tem a qualidade da indução mental sobre o campo psíquico de outras criaturas que sintonizem com o mesmo tipo de pensamento ou se coloquem submissas em termos de receptividade, por exemplo, animais ou seres simples e ignorantes. A intensidade da indução mental dependerá da intensidade da concentração, da persistência do pensamento e da clareza no rumo dos objetivos.
Somos seres que já amealhamos grande acervo de experiências, foram inúmeros acertos e equívocos que registramos, em nosso inconsciente, como estímulos ao progresso. Hoje, se somos amparados pelas correntes mentais dos iluminados, embora captemos muito pouco de suas induções mentais, também somos cocriadores de formas-pensamento e indutores mentais sobre    seres menos desenvolvidos, não só os fisicamente próximos, mas todos os seres da Natureza com quem devemos intercambiar amor e respeito, pois, como nos diz Emmanuel, o que nos diferencia deles é apenas a maior ou menor distância do caminho percorrido. 

*Escritor com 5 livros pela INTELÍTERA

  1.   XAVIER, Francisco C. Mecanismos da Mediunidade Pelo Espírito André Luiz. 7ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira.
  2. ___________________. Mecanismos da Mediunidade, cap. 4, Matéria Mental.
  3.  KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. [1857] Questão 595
*Médico, escritor e conferencista espírita, rhdb11@gmail.com

06 agosto 2019

Família e resiliência emocional - Cristiane Carvalho


Observa-se que algumas pessoas possuem recursos internos que as preparam para o enfrentamento das dificuldades. Na condição de um desses recursos internos, a resiliência é definida como sendo a “capacidade de se renascer da adversidade fortalecido e com mais recursos. É um processo ativo de resistência, reestruturação e crescimento em resposta à crise e ao desafio” (Walsh, 2005, p. 4).
A resistência ao estresse não tem uma medida fixa e varia de acordo com as circunstâncias, sugerindo bases ambientais, mas também, constitucionais da pessoa para essa capacidade de reverter os efeitos de pressões extremas, mesmo que não saia totalmente ileso da experiência vivenciada.
Outras pessoas, após vivenciar situações estressoras e/ou traumáticas, mostram-se desnorteadas, desesperançadas, desacreditadas de si mesmas, até perdem o sentido da própria vida por acreditar que nada mais pode ser feito. Muitas tornam vítimas do próprio sofrimento, empobrecendo-se na capacidade produtiva social e afetiva pelos sentimentos de raiva e culpa. Neste sentido, observa-se que são pessoas sobreviventes, pois, não apresentam ter adquirido aprendizado positivo, que as façam mais fortalecidas e transformadas após uma experiência ruim.
A família é o lugar onde ocorre o desenvolvimento emocional e social do ser humano. Portanto, espera-se que pai e mãe, responsáveis no exercício das suas funções, sejam capazes de prover os filhos de recursos que sustentem o seu desenvolvimento psicossocial. 
Assim, se faz mister, um contexto relacional familiar harmonioso e competente no atendimento às necessidades físicas, psicológicas e emocionais de seus membros, por torna-se fundamental para o desenvolvimento de pessoas resilientes.

Cristiane de Carvalho Neves é psicóloga especializada em luto. 

cristianecarvalho.psi@gmail.com


Ref. Bibl. Froma Walsh, Fortalecendo a resiliência familiar, 2005

14 julho 2019

Suicídio - Cristiane Carvalho


O suicídio é um processo consciente, voluntário e intencional. Ainda há muito preconceito e tabu cultural, social e religioso.
É um tema falado nos bastidores, isso quando não há o silêncio que é o que ocorre na maioria dos casos. O ato suicida deve ser visto como um sintoma/sinal de alerta para uma questão mais complexa que a pessoa esteja vivenciando.
A pessoa com ideações suicidas está vivendo um terrível sofrimento, o que a faz buscar um alívio imediato com a interrupção da vida. A maioria das pessoas comunicam seus pensamentos e intenções suicidas por meio de palavras de sentimento de culpa, pessimismo, inutilidade e desesperança.
Outras, por meio de atitudes e comportamentos que deixam pistas de desistência de vida, estas geralmente fazem planos e tentativas.
Há outras que, devido à baixa intolerância à frustração, podem reagir repentinamente com atos impulsivos, sem planejamento prévio de suicídio.
Como ajudar uma pessoa com comportamento de risco?
  •         Sempre acreditar que é possível ajudar;
  •         Conseguir acolher, amparar, e principalmente, não julgar;
  •         Nunca dizer: “ah, que nada, isso vai passar!” Ou “deixa de bobagem!”
  •         Pode dizer: “me ajude a entender, talvez, achamos uma saída juntos.” Ou “vejo que isso deve estar te causando muito sofrimento. Estou aqui pra te ajudar”.

Cristiane de Carvalho Neves é psicóloga especializada em luto. 

cristianecarvalho.psi@gmail.com

07 julho 2019

LUTO - Cristiane Carvalho


O luto é um processo de trabalho psíquico na elaboração e resolução de uma perda significativa real ou simbólica que exige muito do indivíduo. 

A elaboração do luto permite à pessoa encontrar novos rumos. A não elaboração pode significar complicações psicológicas e/ou médicas. 
É um processo solitário e individual, mas também social porque o meu luto afeta o seu luto e vice-versa. Cada pessoa tem pensamentos e expressa seus sentimentos de forma bastante singular, de forma única, até porque além de outros fatores, suas reações vão depender das experiências de perdas que foram vividas anteriormente. 
Requer adaptação, por ser um momento de construção de significados após a ruptura de um mundo presumido ou conhecido. Portanto, luto é um processo doloroso, porém normal, pois é preciso passar por ele para recomeçar e seguir se adaptando a uma nova vida. 
Esse processo requer um tempo relativo que não pode ser medido, que varia conforme diversos fatores de pessoa para pessoa. De forma geral, é um tempo que pode durar meses e até alguns anos. 
Pesquisadores observaram que pessoas que tiveram várias perdas seguidas num curto espaço de tempo, sofrem um processo de luto mais longo e mais doloroso. Entretanto, somos orientados a entender que o luto termina e não termina porque pode reaparecer numa outra situação, para que questões que pareciam estar resolvidas, sejam novamente trabalhadas. 
Durante o processo de luto podem ocorrer oscilações de humor, cheio de altos e baixos, em que as pessoas podem ter dias que se sentem bem e outros dias que estão muito mal, bem tristes. Essa oscilação de estados de humor é comum no dia a dia do enlutado, e isso não quer dizer depressão. 

Cristiane de Carvalho Neves é psicóloga especializada em luto. 

cristianecarvalho.psi@gmail.com

11 maio 2019

Vivenciando o luto


De onde viemos? Para onde vamos? Por que nascemos? Por que sofremos?
As dúvidas são enormes, mas uma certeza é absoluta, todos vamos morrer. Bom, pelo menos no corpo físico. Essa veste material que permite a nossa manifestação inteligente na Terra, um dia vai acabar. Desencarnaremos. 

Perderemos a carne e passaremos a habitar no mundo espiritual. Não falemos mais de morte, mas de passagem. Passagem para um outro plano de vida. Mas acima de tudo, continuidade da vida. Vida plena e em abundância.

Mas esse conhecimento não nos impede de viver completamente voltados para o plano material e seguirmos nossa vida como se nunca fosse chegar esse momento tão importante.


Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.
Um trecho de "Sonhei que tive uma entrevista com Deus", de Jim Brown.

Nascimento e morte. Celebração e dor. Mas precisava mesmo ser assim?
Passamos a vida sem conversar com leveza sobre a nossa passagem para o mundo espiritual e isso vai criando barreiras mentais que tornam o desligamento de entes queridos muito mais sofrido. Levando em conta que vivemos em um País majoritariamente cristão, esse paradoxo é de difícil solução. 

Para o nascimento nos programamos, convidamos pessoas, compramos lembrancinhas que serão distribuídas, recebendo esse espírito que reencarna com alegria e gratidão. Para o momento da passagem temos a dor, o sofrimento e muitas vezes a revolta e a incompreensão. Falar de nascer é vida, dá sorte e traz coisas boas. Falar de morte dá azar, é sorumbático, coisa de gente religiosa fanática.

Um grande problema no luto é que aquilo que plantamos enquanto nossos entes amados ainda estão conosco, colhemos após a partida deles. Ou seja, nunca conversamos sobre a morte, sobre a dor, sobre os desígnios divinos e ao vivenciar o processo de luto, rapidamente aprendemos que após poucos dias do acontecido, restam poucas pessoas, se alguma, que entendem a necessidade de conversar sobre o que está acontecendo.

O enlutado se vê obrigado a silenciar a dor, a colocar a máscara do “está tudo bem” e seguir em frente.
Desde novembro de 2018 iniciamos um novo trabalho na Comunidade Espírita Ramatís. Formamos um grupo de acolhimento terapêutico aos enlutados. Um espaço onde as ideias e sentimentos represados podem ser expressadas sem julgamento e com respeito sigiloso. A experiência tem sido enriquecedora.

Palavras não ditas, atitudes não tomadas, ausência dolorosa, vazio insuportável e outros exemplos, constituem a tônica dos encontros. A oportunidade de acolher essas pessoas é única. Aprendemos e compartilhamos todos juntos.

Mas o ensinamento mais importante é que o luto é um processo que precisa ser vivenciado. Não pode ser negligenciado ou omitido. É importante conversar em família, respeitar a dor do outro, a crença e as dificuldades de cada um. E ir em busca de ajuda profissional quando necessário.
Paz e luz a todos.