30 março 2020

O parto - Dra Valéria Gomes


“Parirás com dor”.

__ Por quê? Por quê? Maldita Eva!  Que diabos de maçã, foi essa ? (se contorcendo e praguejando numa careta).
Éramos uma unidade. Unos com Deus –pai e mãe, uma Trindade. Nos separamos , nos individuamos, para sermos humanos : os únicos seres da criação , portadores da liberdade. Essa foi a Queda do Paraíso.
_Mas dói demais! Meu Deus...! (ofegante, apertando forte: dentes,  mãos, coxas, períneo).
Respire fundo e bem devagar. Existe calma no centro do furacão. Vá para esse lugar.
_ Mais umaa??! NÃAOO! Está cada vez mais forte! Eu não consigo, eu não aguento. Eu vou morrer...!!! _ ( caindo num choro convulsivo, que vai se acalmando , sentido, com a Alma).
É preciso morrer para renascer, muitas vezes. Fazemos isso muitas vezes ao longo da(s) vida(s), e diariamente também.
Tudo bem chorar, gritar,  expressar seus medos e dores. Está tudo certo! Quantos choros tem presos aí dentro? Pelo quê choras? Para liberar o choro da criança ferida? Abandonada? Abusada? Oprimida ? Chora pela dor da separação? Pela perda de uma mãe, um pai, um irmão, uma filha? Pela frustração profissional? Pelas escolhas? Por não ter conseguido dizer não? Por ter abandonado sonhos pelo caminho? Pode chorar. Chorar lava a Alma!
_ Reza pra mim? Reza comigo?( com face de desespero, implora, se agarrando).
-Ave Maria, Cheia de graça, o Senhor é convoscOOOOh, Outra???Já? isso  não acaba nunca??
_ Estou muito cansada, perdendo as forças... vou desmaiar...( solta-se, desabando no chão)
Abre um pouco seus olhos, olhe em volta. Você não está sozinha. Estamos com você. Está tudo bem. Está tudo certo. É assim mesmo. Você consegue! Você pode!
_Mas dói demais... Por quê?
Dói mesmo, se transformar. É um portal que está atravessando. Ninguém falou que ia ser fácil, e sim que valeria a pena.
_  Mas, você me garante, que vai dar tudo certo?
O certo é relativo, um julgamento. Não existem garantias, nem certezas na vida. O que existe é o aprendizado de viver na confiança de que algo maior,  sagrado, pleno de sabedoria rege a tudo!
_Me ajudaaa!!! Pelo amor de Deus me ajuda...
Estamos aqui te apoiando, mas o processo é único para cada um de nós. Individual , e também coletivo, pois todos passamos por essas experiências, só mudam o formato. Às vezes as chamamos de doenças...
_ Olha isso!!! Tá escorrendo sangue e líquido ...! E eu tô fazendo cocô e xixiii! Ecooo! Argh... Não  foi assim que imaginei, sonhei, planejei...
Sim! É assim mesmo. É preciso limpar o caminho. Expurgar na carne, e deixar ir o que não nos serve mais.
_ Outra?! De novo NAAÃO!!!
Imagine cada contração como uma onda. Não lute contra ela. Se entregue a ela. Vá  junto com ela, deixa ela te levar... Ela vai te deixar na praia, num lugar seguro!
Entrega, Confia, Aceita e Agradece ! É o mantra das Doulas, os anjos do parto!
Ela volta a chorar, lamentando:
 _ Eu trabalhei tanto, pra comprar o enxoval, a decoração de quarto mais linda que encontrei, o melhor carrinho que pude... e as lembrancinhas...,  e não deu tempo de fazer as unhas, escova... Parece que perdi tanto tempo! Acho que não me preparei bem pra esse momento...
Ninguém está pronto. Aprendemos no caminho. É o ciclo da vida. Vida é impermanência. Não controlamos nada. Mergulha, se entrega. Deixa seu corpo te guiar, segue a dor... Percebe que existe pausa entre as contrações? Descansa, mas não desiste!
_Não querooo!( arrancando a última peça de roupa)
Respira fundo, se entrega pro processo! Percebe que não existe mais vergonha? De estar nua? De ser quem se é? Olhe face a face no espelho, tudo que precisa  ver pra curar, deixa vir a tona, transbordar. Esvaziar o velho para encher com o novo...
 Se pergunte o que ainda tem pra sair? Orgulho? Vaidade? Arrogância ? Prepotência? Certezas? Indiferença? Egoísmo? Julgamentos? Condenações? Intolerância?  Necessidade de Significância ?Poder? Submissão? Inveja? Ecassez? Mesquinhez?
_Estou passando mal. Vou vomi... ( vomitando o suficiente pra se sentir um pouco aliviada).
_ Quero anestesia! Agoraa! Imediatamente!!!
São escolhas que fazemos, e arcamos com as consequências, lembra do livre – arbítrio? Podemos usar analgésicos, ansiolíticos, remédio pra dormir, pra acordar, álcool ,maconha, crack,peridural, propofol... São tantas as formas de se anestesiar...
Anestesiar para não sentir... O que nos faz humanos? Não seria o sentir? O que nos cura dessas sombras de desumanização? Não seria voltar a sentir? Já não estamos anestesiados?
Você pode escolher pela anestesia. Mas tenha consciência que ela pode paralisar o trabalho de parto. E algo veio para nascer. É chegada a hora! Falta pouco .Respire fundo, , agora olha lá dentro, encara o medo de frente, nomeie as sombras, elas enfraquecem quando as reconhecemos.
 Sente a água quentinha, acariciando seu corpo? A massagem aliviando a lombar? O abraço  te amparando, e acolhendo?
Agora ela se acalma. Respira profundamente, relaxa, e se entrega, com confiança no invisível-seria isso ,  a fé?
 No recolhimento , conhecemos nossa verdade e encontramos nossa força!
 “ Conhecereis a Verdade e ela vos Libertará”.
Agora você compreende, aceita a dor, essa amiga –irmã. A dor do bem! Não encara com vergonha mais as próprias sombras. Não se culpa, se responsabiliza. Não reage, responde. Sente a perfeição divina de tudo que há ! Tanto no  macrocoscomos, com no microcosmos, seu corpo, suas emoções, seu processo evolutivo, e se sente pertencente. Conclui que em algum lugar nos perdemos no caminho... Como indivíduos, como humanidade. E reconhece também a misericórdia divina, nos abençoando a cada dia que nasce, com a oportunidade de recomeçar. E Sente:
_ Dentro de mim, no meu peito, existe uma força, uma força superior! Algo que me conecta ao todo, a essa força criadora de tudo que há. É transcendente... Um núcleo profundo , uma centelha divina, uma compaixão crística, amor, poder e paz!
Posso acessa-la! Está ao meu dispor! Sou uno com Deus agora! Me religuei, reconectei!
“Vós sois Deuses.” “E podeis fazer  milagres, esses, e muitos mais!.”
Conectada agora com seu filho, e com o Filho do pai, se recorda que combinaram isso, antes do véu do esquecimento da encarnação.
Conectada com o propósito da vida desse ser ,do sonho, do projeto , da ação que chega!
“_ A que ele vem? “
E sentindo –se merecedora, entusiasmada ( em Theo, em Deus), uma vontade que nasce das entranhas, disponibiliza toda força , que vibra e aquece todo seu corpo, para a chegada do novo!
_Está me rasgando, abrindo por dentro, está queimando, mas já não sinto medo. O círculo de fogo chegou!
_ AAAAAHHHHHH!!!
Nasceu!
( Chôro de alívio, de alegria, de felicidade, de prazer, de realização, de poder!)
_ Seja Bem –Vindo ! Meu amor!
__Olha quem chegou?
 A esperança encarnada! A vida embrulhada num novo corpo de novo!
Ela o acolhe amorosamente em seu colo. Pele a pele. Num momento de êxtase e profunda gratidão!
Renascemos todos!
Quando nasce uma criança, um sonho, um projeto, uma realização, renasce a esperança!
Nasce uma mãe, um pai, uma família.  A vida se renova em todos aqueles que a honram e  reverenciam!
 A Humanidade está parindo. Com dor e medo, expurgando nossas sombras, nossos erros, nossas loucuras. Escancarando nossas desigualdades. Parindo nosso pior, para renascermos em nosso melhor. Voltar a sentir. A sentir o outro. A sentir compaixão, a exercer o amor e a fraternidade.
 Saulo morrendo o homem velho, para Paulo renascer o homem novo!
“Que veja quem tem olhos de ver”, e renasçamos todos, com coragem, escrevendo cada um a sua própria história, e colaborando para o equilíbrio do todo, contribuindo para a nova era de Regeneração , que Dourada se anuncia.

 Valéria Gomes Valença Câmara.

26 março 2020

O "para que" dos problemas. Antônio Moreira

É muito comum, principalmente nos momentos difíceis da vida, questionarmos o porquê  das coisas, ou o porquê das nossas dificuldades, dos nossos problemas. Ás vezes, perguntamos em pensamento: por que comigo, meu Deus? Ou, o que eu fiz para  merecer isso? E assim, com certeza, trazemos um pouco de vitimismo, e o sofrimento  passa a ser o foco principal da experiência, enquanto o aprendizado fica em segundo  plano.

A pergunta mais adequada para fazermos nessas situações seria “para que”?, ou seja: para que está acontecendo isso comigo? Pois, se nada na vida é por acaso, tem sempre um "para que” nas coisas que acontecem. Cada experiência em nossas vidas tem um  objetivo, tem um significado maior. E o “para que” busca elucidar, sem vitimismo, a  motivação daquele acontecimento, cientes de que existe um propósito maior em nossas vidas, a nossa evolução moral e espiritual, visto que somente quando evoluímos nos  aproximamos de Deus, nos aproximamos do nosso Criador!

Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta, disse: "Aqueles que não aprendem nada  sobre os fatos desagradáveis de suas vidas, forçam a consciência cósmica que os  reproduza, tantas vezes quanto seja necessário, para aprender o que ensina o drama  que aconteceu. O que negas te submete. O que aceitas te transforma.” 

E assim a Vida, o  Universo, ou Deus, nos ensina a cada momento, para nos transformar em pessoas melhores. Chico Xavier, em sua humildade e sabedoria singular, esclarece: "Agradeço  todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As  facilidades nos impedem de caminhar.”

Podemos também traçar um paralelo com a evolução da humanidade no planeta Terra. Por volta do ano 1500 dC, quando do descobrimento do Brasil, a Amazônia, na América  Latina, possuía uma população indígena estimada de mais de 3 milhões de habitantes,  com idade genealógica semelhante aos demais povos do planeta. Então, pergunto porque não havia quase nenhum desenvolvimento? 

E a resposta é simples: porque a natureza era farta e benevolente, e não necessitavam de grandes esforços. Enquanto isso, povos que enfrentaram grandes dificuldades como a fome, as guerras, e grandes epidemias, desenvolveram diversas tecnologias, a medicina, a navegação, entre outras grandes invenções. Justamente porque a vida impôs dificuldades e exigiu assim, grandes esforços, aprendizagem e crescimento!

Em nossas vidas acontece de forma semelhante, e é preciso entender que nada é  castigo, nem mesmo a tão falada Lei do Carma; mas sim uma necessidade que faz com  que cada pessoa atraia para si as experiências que precisa vivenciar. As lições surgem  como situações diversas, problemas, dificuldades e, principalmente, a dor - fato que nos propicia um maior crescimento, uma maior aprendizagem e uma maior possibilidade de transformação. 

Quando nos revoltamos, insistindo no vitimismo e na não aceitação,  perdemos a oportunidade de crescer e de evoluir. E, em consequência, necessitaremos  de experienciar novamente a mesma lição, até que uma mudança aconteça de dentro  para fora, nos transformando em pessoas melhores. E, assim, a vida vai nos  aproximando de Deus sempre. Mas sempre, somente quando nós nos permitimos mudar  aquela pergunta que nos colocava como vítima, alterando o questionamento com um  “para que"?

Antônio Moreira Júnior é terapeuta de Clean Language e PNL

25 março 2020

Pandemia - Dra Giselle Fachetti



Estive pensando, como estamos enfrentando essa crise causada por uma pandemia? Estamos inseguros e assustados?  O que está acontecendo? Nunca vivemos algo parecido!

Na realidade a história da humanidade mostra que já vivemos sim,  situações iguais e, até muito piores. Não como indivíduos, não na presente encarnação. Vivemos tais circunstâncias como seres espirituais eternos que já encarnaram diversas vezes na terra, por isso, devemos olhar para nosso passado esquecido e devemos procurar aprender com ele.

Não me refiro a complexos exercícios de regressão, refiro-me a explorarmos os relatos históricos, a visitarmos os arquivos sobre a história da humanidade. Voltemos aos tempos em que ainda éramos semisselvagens. A nossa segurança e sobrevivência dependeu da vida em bandos e mais tarde em aldeias. Depois, já civilizados, mas ainda na antiguidade, construímos grandes cidades, cujas grossas muralhas nos defendiam dos povos inimigos.

As pragas e epidemias são tão antigas quanto os primeiros agrupamentos humanos. A nossa necessidade de segurança nos expunha, paradoxalmente, a perigos que nossas muralhas não detinham. As causas das epidemias eram totalmente desconhecidas e seu manejo era apenas intuitivo e místico.

Os microrganismos não foram reconhecidos até meados do século XIX, antes supunha-se que as doenças epidêmicas eram transmitidas pelos odores e miasmas. Essa visão perdurou por toda a idade média e começou a cair com os trabalhos do pioneiro em epidemiologia, o médico londrino John Snow. Ele conseguiu não apenas demonstrar como a cólera era transmitida, mas também,  conseguiu debelar uma epidemia devastadora quando identificou a fonte da contaminaçāo.

Assim, a ciência começou a nortear alguns processos de enfrentamento de epidemias e endemias que associados à imunização, surgida a partir dos trabalhos de Jenner no final do século XVIII, foram gradativamente controlando inúmeras doenças infectocontagiosas.

Ainda assim, em 1918, a gripe espanhola matou 50 milhões de pessoas entre os 2 bilhões de habitantes do planeta na época.

O manejo dessa epidemia foi bastante heterogêneo ao redor do mundo e, na maioria absoluta das vezes, bastante equivocado. Os conhecimentos de epidemiologia eram ainda incipientes e pouco difundidos. Tratava-se de infecção por H1N1, influenza, infectando  populações desnutridas que foram tratadas em hospitais deficitários e superlotados.  

Hoje enfrentamos uma pandemia pelo COVID-19, já deciframos  o seu genoma, sabemos seu grau de letalidade e conhecemos bem sua forma de transmissão. As populações têm  melhor nutrição, a informação é bastante acessível e atitudes profiláticas estão sendo relativamente uniformes e generalizadas.

A mobilização de todos nós é possível e, está ocorrendo. Os números em termos de mortalidade são assustadores, é fato! Estamos trancados em casa, muitos perderão seus empregos, muitos ficarão inadimplentes, milhares ainda adoecerāo.

No entanto, o conhecimento científico hoje disponível, as ações profiláticas baseadas na epidemiologia da nova virose e o empenho de todos e, de cada um, farão uma imensa diferença.

Se vivêssemos ainda nas condições de 1918,  talvez a mortalidade da infecção pelo COVID-19 fosse ainda maior do que a que ocorreu então pelo H1N1. Um cálculo simples, se o mesmo índice de mortalidade daquela pandemia se aplicasse à atual pandemia que agora acomete um planeta habitado por  cerca de 7 bilhões de pessoas, a infecção pelo COVID-19 levaria a mais de 170 milhões de óbitos.  

Até agora, a altíssima mortalidade encontrada na China e Itália têm nos apavorado, entretanto, as mais pessimistas previsões parecem calcular perdas totais menores do que de 100.000 vidas.

Realmente vivemos uma  tragédia! Só que esta tragédia jamais tomará as dimensões das vividas por nossos antepassados, porque hoje aplicamos o conhecimento científico já conquistado, porque hoje  nos mobilizamos, nos informamos e nos conscientizamos.  

Sejamos, portanto, gratos à evolução que Deus, nosso pai misericordioso, nos permitiu alcançar, para que pudéssemos enfrentar os desafios atuais com confiança no futuro e com enorme esperança! Roguemos a nosso Pai que, ao emergimos dessa crise, tenhamos aprendido as lições mais prementes, especialmente aquelas relativas  à solidariedade,  já que estaremos, neste momento, imperativamente irmanados na dor pelos que sofrem e pelos que porventura ainda venham a sofrer.

24 março 2020

Coronavírus e a visão espírita - Dr. Ricardo Di Bernardi

Bom dia a todos
Que a paz do Cristo nos envolva
Nosso excelente amigo, médico pediatra e homeopata, Dr. Ricardo Di Bernardi nos brina com esse vídeo abaixo sobre a pandemia de coronavírus e a visão espírita
Infelizmente o vídeo ficou pesado para ser postado aqui, mas pode ser acessado pelo link abaixo



Di Bernardi é escritor espírita e palestrante renomado. 
Seus livros podem ser acessados nesse link - https://www.estantevirtual.com.br/livros/ricardo-di-bernardi

Paz e luz a todos

22 março 2020

O Luto no Envelhecimento - Cristiane C Neves


O envelhecimento é um processo biopsicossocial que começa desde que nascemos. Preciso crescer para dar espaço ao irmão que está chegando na família. Para ir para a escola, também preciso crescer para dar conta de vivenciar essa situação e lidar com tanta novidade. Crescer nos faz envelhecer lentamente. A possibilidade de vivermos por muitos anos nos permite contar com experiências de vida, que pode nos permitir lidar melhor com situações adversas, além de poder contar interessantes histórias para os nossos descendentes. 
Entretanto, o envelhecimento após a fase adulta, é uma das mais difíceis tarefas do desenvolvimento humano, pois nos faz ter que enfrentar as limitações físicas e a morte. Além do mais, envelhecer na nossa sociedade moderna em que se cultiva o ser jovem, se torna uma tarefa desafiadora.
Com qual idade você vai se sentir velho?  Pode ser quando sentir que não tem mais a energia e disposição de quando era mais jovem; quando perceber mais acentuadas as marcas de expressão no seu rosto; quando o assunto sobre doenças começa a tomar conta das conversas com os amigos; quando os seus compromissos com os horários estiverem sendo definidos pelas medicações que precisa tomar; quando as perdas por mortes de parentes e amigos começam a ter uma frequência maior.
Essas são algumas das inúmeras perdas que com o passar dos anos vamos adquirindo. São perdas significativas que a longa vida nos oferece, sem que tenhamos o direito de recusa.
Todas as perdas concretas e simbólicas dessa fase de desenvolvimento evolutivo requerem o enlutamento, ou seja, um processo de luto. Para tal, a perda precisa ser reconhecida pela própria pessoa e pelas pessoas do seu convívio familiar e social. O luto é um processo psíquico na elaboração de qualquer tipo de perda significativa. Elaborar o luto é imprescindível como prevenção ao adoecimento físico e, especialmente psíquico, como a ansiedade, a depressão e o suicídio. O cuidado com o processo de luto dos idosos é imprescindível, pois as estatísticas apontam um alto índice de suicídio na velhice.
O idoso pode ter dificuldades para vivenciar o processo de luto, devido a inabilidade em falar sobre a dor relacionada à perda. Além do mais, ele precisa de tempo para se reorganizar emocionalmente diante uma perda. O tratamento respeitoso diante as necessidades do idoso favorecem a elaboração dessas perdas que ele estiver vivenciando e na qualidade de vida que ele merece.
O idoso precisa ter oportunidade de realizar novas atividades para renovar a capacidade de sonhar, realizar e reconhecer que existe possibilidade de viver bem acreditando no futuro. 

Cristiane C. Neves é psicóloga, especializada em luto e coordena o grupo terapêutico Vivenciando o luto na Comunidade Espírita Ramatís.