
Os sobreviventes são pessoas que sempre parecem
carregar uma pendência íntima, algo não resolvido, uma dor
profunda.Isso pode gerar algumas dificuldades na vida física
e nos relacionamentos.
A visão do filósofo Bert Hellinger é muito
esclarecedora.A terapia por ele criada, a constelação familiar,
tem ajudado muito as pessoas que perderam entes queridos de formas
incomuns.O fato da perda ocorrer quando recém-nascidos
faz com que se pressuponha que não haverá dor para o irmão que sobrevive, mas, a
realidade é oposta.

Por dois motivos: O sobrevivente fica com a
impressão que se fosse ele aquele que faltasse ele também não faria diferença,
que também seria esquecido. E ainda por cima se sente menos merecedor da vida
em relação ao morto, como se devesse algo a ele. Não entende por que ele
sobreviveu e o outro não, qual o critério de escolha?
Esses sentimentos são inconscientes e frutos de uma
fantasia infantil, desconhecida pelos pais e pelo próprio gêmeo, mas que se for
adequadamente elaborada vai dar novo impulso ao personagem em
sofrimento.
A forma de elaborar isso é:
1- Primeiro: Reconhecer que sua irmã é sua irmã, é a segunda
(terceira...ou quarta??) filha de seus pais, sua irmã gêmea que nasceu doente,
viveu pouco tempo mas faz parte da família e deve ser reconhecida como membro
dessa família.
2 - Segundo: Admitir que se isso aconteceu é por que a harmonia
universal assim exigia, a experiência rápida na terra vivida por sua irmã foi
importante e necessária.
3- Terceiro:O fato de sua mãe não a ter visto impediu que ela
elaborasse essa dor e o luto adequadamente. Ela, portanto, deveria poder fazer
isso, ainda que de forma simbólica.
(Esse era um erro que nós médicos cometíamos muito,
achávamos que se não permitíssemos que a mãe visse seu filho morto, ou
mal-formado, sua dor seria menor. Ledo engano.)
4- Quarto:O gêmeo sobrevivente também deveria viver o luto,
após chorar a perda e reconhecer a dor dessa perda ele ficaria liberado
para viver sua própria vida plenamente, sem culpa.
5 - Quinto: Na realidade, depois desse exercício simbólico de
reconhecimento da perda você poderá sentir-se como representante de sua irmã na
vida física. Uma missão que o tornará alegre, necessário e
importante.E, tudo de bom que fizer e conquistar poderá
dedicar a ela, em honra dela.
Funcionaria como se você tivesse sua força
vital duplicada por desfrutar da experiência encarnatória, neste período, pelos
dois. Depois de viver assim por algum tempo, lembrando e
honrando sua irmã, ela se sentirá reconhecida e reverenciada, passará,
então, a ser uma memória doce.

E, com a força desse amor, que você mal
conhece mas te inunda o espírito, ela se libertará para novas
experiências de aprendizado, lá no mundo espiritual ou, até mesmo aqui na terra,
através da reencarnação.
E isso repercutirá em você como força, alegria,
determinação, coragem, e principalmente esperança e confiança no
futuro.Procure ler os livros do Bert Hellinger, serão
esclarecedores.O auto-conhecimento é um caminho de libertação mas
de difícil trânsito, pois exige coragem e persistência. Porém, tenha certeza,
vale a pena.
Giselle Fachetti Machado - Médica ginecologista
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