20 julho 2020

Fenômeno psicológico da dependência - Ricardo Gandra Di Bernardi


Somos Espíritos encarnados, trazemos em nosso inconsciente grande manancial de energias construídas ao longo dos milênios, isto é, de inúmeras reencarnações. Nossas mentes produzem ondas, geram campos de força e tem facilidade de sintonizar com outras mentes que vibram na mesma faixa que a nossa, mas, quanto maior a fragilidade ou imaturidade espiritual mais buscamos, instintivamente, apoio em outras mentes.
São sobejamente conhecidos os sintomas e comportamentos das pessoas que se acham dependentes de substâncias químicas e podemos fazer uma analogia com a dependência psíquica. Indivíduos, encarnados ou desencarnados, quando apresentam desequilíbrios vibratórios decorrentes de mente enferma ou debilitada, podem se tornar dependentes de outras pessoas ou até mesmo de ambientes, esses Espíritos encontram-se em dependência psíquica.
 O dependente químico tem sintomas iniciais de euforia e aparente bem-estar, mas, com o tempo, os malefícios começam a aparecer e cresce a dependência ao produto ou droga. Na fase de viciação, há diversos prejuízos, também para as pessoas de convivência diária, pois a ausência da substância química desenvolve comportamentos de agressividade, agitação e outros, ocasionando sérios problemas no meio familiar e social que convivem.
A dependência mental, como fragilidade espiritual, segue o mesmo raciocínio da dependência química. Conversas picantes, anedotas chulas e atitudes depreciativas tidas como divertidas, quando relacionadas a determinados grupos, etnias, lugares ou tipos de pessoas, são exemplos que poderão trazer sensações de prazer mórbido, e a repetição dessa conduta, determina uma dependência mental e viciação à padrões de pensamento de baixo teor vibratório.
Há uma sintonia do indivíduo com Espíritos desencarnados que se comprazem com futilidades, além do indivíduo sintonizar com ondas mentais de pessoas encarnadas que irradiam pensamentos do mesmo padrão.  À medida que o Espírito (encarnado ou desencarnado) sintoniza com mentes desse jaez, passa a se alimentar de energia vital ou outras formas de energia provindas de mentes enfermas e, tal qual um dependente químico, passa a sentir falta da “alimentação” que o “nutre”. Sente-se carente da presença ou convívio de outras mentes enfermas com características semelhantes; já está, agora, na fase de dependência psíquica e se for afastado ou impedido do convívio com seus semelhantes - por orientação terapêutica ou espiritual -, pode apresentar agitação e agressividade exigindo cuidados especiais. Assim, observa-se que os sinais e sintomas do dependente psíquico, ao se ver privado de sua fonte de energias enfermas, se assemelham muito aos do dependente químico.
Existe, também, a dependência mental a uma pessoa, um líder por exemplo. O indivíduo sente um desejo incontido de estar próximo daquela pessoa, ser tocado, ouvir sem analisar, enfim, torna-se emocional e irracionalmente preso. Há inúmeras modalidades de dependência psíquica, por exemplo, necessidade exacerbada de fazer compras, prender-se a seriados na TV, internet, telefone celular, estádios de futebol, bares e outras, desde que essas atividades impeçam a pessoa de tornar-se mais produtiva, ampliando seus conhecimentos e valores da alma.
Quando esse tipo de distúrbio não é diagnosticado e tratado corretamente, o Espírito ao desencarnar leva consigo essa dependência e permanece atraído aos locais, atividades e pessoas às quais se encontra preso psiquicamente.
A leitura de bons livros, música elevada, filmes e documentários que tragam conhecimentos e estímulos aos bons princípios da ética são atividades que nos afastam das dependências psíquicas prejudiciais ao nosso Espírito. Buscarmos ambientes de harmonia e conversas saudáveis criam uma psicosfera favorável ao equilíbrio e refletem em nós a vontade do crescimento espiritual.
São preferências, desejos e vontades que determinam o tipo de energia que geramos e, principalmente, absorveremos e sentiremos falta quando estivermos privados dela. Vibremos no amor, alegria, tranquilidade, paz, estudo e trabalho que a atmosfera mental de nossos Espírito se enriquecerá com convivências construtivas, sem dependências psíquicas.    
Todo costume, mesmo sendo elevado e construtivo deve libertar com responsabilidade e nunca prender.   

  Bibliografia PALMEIRA, José A. M./ BORTOLETTO, Ivaneide./ PESCHEBÉA, Marisa. A Dança das Energias, Cap. 3, 3ª Edição, Curitiba, Ed. Centro Espírita Luz e Caridade, 2016.  
KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns. Tradução de Herculano Pires São Paulo, Ed. LAKE, 1973. 
XAVIER, Francisco Cândido/Espírito André Luiz.  Mecanismos da mediunidade. 8. Ed. Rio de Janeiro, FEB, 1959.  Evolução em dois mundos. 9. Ed. Rio de Janeiro, FEB, 1959. 

Dr. Ricardo di Bernardi é fundador de ex-presidente da AME Santa Catarina, médico e conferencista espírita internacional.
  

18 julho 2020

Rituais de luto em tempo de COVID-19 - Cristiane C Neves



Nesse momento de pandemia, nós estamos vivendo vários tipos de luto, pois o processo de luto acontece em decorrência da experiência de perda, ou seja, a partir do rompimento de uma relação afetiva significativa. E, é isso que estamos passando nesse período, por diversas perdas importantes: emprego, produtividade, financeiras, perdemos aquele caminho planejado que estávamos percorrendo com sensação de segurança, perdemos temporariamente a convivência e o abraço das pessoas que amamos, e o pior de todas essas perdas: perdemos entes queridos. Nesse contexto, os rituais de passagem entre a vida e a morte têm o objetivo de reduzir a dor da perda, contribuindo para um processo de aceitação e continuidade da vida. Os rituais do luto são reconhecidos como fator de proteção muito efetivo e que favorece o processo de luto.
Na ausência desse ritual por conta do isolamento e proteção contra o vírus, é importante a comunicação com pessoas familiares ou no meio social ou religioso que passaram pela perda: ter contato afetivo (que seja virtual), a troca de experiências, uma rede de apoio ativa em que podemos confiar. Como exemplo, a Comunidade Espírita Ramatis oferece esse suporte emocional por meio do grupo de apoio aos enlutados. O acolhimento ao enlutado deve ser isento de “correções” dos sentimentos do enlutado e não deve haver medidor da dor ou comparações. Cada qual sabe a dor da sua perda e essa deve ser ouvida e respeitada. O luto já dá uma sensação de que estamos sozinhos no mundo, e ficar isolado com o nosso sofrimento pode potencializar isso, gerar mais sofrimento levando ao adoecimento emocional e físico.
A morte repentina e inesperada, que pode acontecer por tragédias ou morte súbita e, atualmente, vem acontecendo por conta da potencialidade desse Coronavírus, é considerada complicadora para a elaboração do luto reconhecido como luto normal e pode gerar transtornos psicológicos importantes nos enlutados por esse tipo de perda. O processo de luto se dá de forma mais intensa e duradoura do que o esperado, por não ter conseguido processar a situação nem se despedir de forma que lhe permita ter um senso de realidade e concretude.
A impossibilidade para que seja feito o trabalho do luto antecipatório – aquele que antecede à morte e auxilia no processo de finitude tanto para o doente em estado terminal, quanto para a família que prevê a perda – e, a consequência do impedimento de vivenciar os rituais fúnebres, pode trazer intensos sentimentos de raiva, culpa, choque, pânico, angústia, que somados a uma experiência de luto coletivo, no caso da pandemia, aumenta o risco para a complicação das características de um luto normal, no qual dá-se o nome de luto complicado. O enlutado vivenciando um luto complicado vai necessitar de um cuidado maior tanto das pessoas próximas, quanto de profissionais qualificados para auxiliá-lo na retomada de investimento nas situações necessárias para o enfrentamento da vida. Portanto, a fim de minimizar os efeitos nocivos para o luto, vamos sugerir algumas adaptações para a realização dos rituais fúnebres: 
·        Podemos promover encontros virtuais com familiares e amigos que conheceram e conviveram com o falecido. Podemos pedir para as pessoas trazerem para o encontro on-line algo simbólico para compartilhar, como uma vela acesa; uma memória ou história sobre o falecido; uma imagem ou um poema como homenagem ao falecido. Fazer com que as pessoas contribuam dessa maneira pode ajudar a criar uma sensação de unidade e conforto. Essa pode ser uma forma de o enlutado receber o carinho e acolhimento, podendo compartilhar os seus sentimentos com aquelas pessoas conhecidas. E todos podem chorar ou sorrir juntos.

·        Pode-se reservar um tempo para criar um memorial em casa. Uma sugestão seria reservar um tempo olhando as fotografias do falecido, acender uma vela, escrever uma mensagem para ele, seguir um ritual familiar ou espiritual.

·        As pessoas também podem escrever homenagens e memórias afetivas em um documento compartilhado que pode ser transformado depois em um lindo livro de memorias.

·        Possibilitar contato virtual, enquanto não é possível presencial, com líderes religiosos importantes para a família e que sejam significativos para esse momento: cultos/missas virtuais.

·        Como os rituais religiosos públicos estão restritos, podemos sugerir orações em vídeo conferência ou simplesmente marcar um horário para que a família e amigos, cada um de sua casa, dirijam sua atenção e preces ou pensamentos ao falecido e aos enlutados em torno. Pedir para que acendam uma vela em um mesmo momento e compartilhem por WhatsApp também é simbólico.

E na situação de um ente querido internado podemos:
Escrever uma carta (embalada em um saco plástico) ou fazer uma gravação em vídeo que possam ser entregues por profissionais de saúde, são duas ideias interessantes. Pedir que uma música especial seja tocada ou uma poesia seja lida, são outras. Ou seja, lembrar histórias, cantar canções, ler textos, agradecer pela vida daquele que está hospitalizado.
Confiantes no nosso processo de evolução, desejo que possamos passar por essa tribulação, com esperança de um amanhã melhor e reforçados na nossa fé de que que há um Deus no comando de tudo e de todos. Que assim seja!

Por Cristiane C Neves

Psicóloga Clínica Especializada em Luto

12 julho 2020

Psiquismo e Halo energético - Dr. Ricardo Gandra di Bernardi


O verbete "aura" tem origem no latim e significa "sopro de ar". Aura e psicosfera são utilizados, comumente, como sinônimos se referindo ao halo energético existente em torno de todo ser vivo. Existem muitos sinônimos para designar aura ou psicosfera, no entanto, vamos nos ater aos utilizados em nosso meio, isto é, na literatura e nas entidades espíritas.   
O termo "psicosfera" encontramos nas obras espíritas de escol, termo inicialmente mencionado pelo Espírito André Luiz através da fantástica mediunidade de Chico Xavier. Segundo Ele, "Todos os seres vivos, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um halo energético que lhes corresponde à natureza.¹ " 
Nos seres vivos primitivos e simples, o halo energético por eles irradiado decorre das atividades físicas que executam, além das emoções rudimentares e manifestações dos seus instintos. Seres unicelulares como as bactérias já manifestam essa irradiação.
Em nós, seres humanos, essas irradiações são enriquecidas pela atividade mental, ou seja, pelas irradiações das emoções e pensamentos. Este halo energético reflete o grau evolutivo de cada Espírito. 
As irradiações que produzimos além de se exteriorizar, elas interpenetram o corpo físico, demonstrando assim, como somos um conjunto de várias dimensões que interagem sempre e ininterruptamente.  Poderíamos dizer que, como cada pessoa possui um vestuário, cada um de nós possui uma psicosfera, mas, além de estarmos vestidos pela nossa psicosfera, nós mesmos a fabricamos.
O halo energético, que nos envolve, possui cores que variam muito conforme o estado físico, emocional ou mental de cada pessoa. De um modo didático, poderíamos dizer que as cores mais claras correspondem a pensamentos positivos, construtivos e mais em harmonia com a Lei do Amor Universal, portanto, observadas em Espíritos mais evoluídos. As cores e tonalidades mais escuras são comuns aos espíritos mais densos, tanto encarnados como desencarnados.
A psicosfera humana pode ser percebida e analisada por médiuns videntes ou por espíritos desencarnados que tenham desenvolvido esta capacidade. A observação dessa estrutura energética pode ser muito útil para avaliações de saúde, condições morais e intelectuais de uma pessoa. Com relação especificamente aos médiuns videntes, é fundamental que estes, além da capacidade anímica de ver a aura, tenham o conhecimento e ética espíritas para só se pronunciar de maneira construtiva e respeitosa em locais e momentos muito adequados. Com relação à opiniões e descrições da nossa psicosfera, feita por Espíritos desencarnados, lembremo-nos que eles são pessoas como nós, portanto, os há em todos os níveis de sabedoria e ética. 
A nossa psicosfera não é estática, há um dinamismo constante. As energias ou fluidos extrafísicos, estão em contínuo movimento, pois o ser vivo está captando e emitindo a todo instante. Deste modo, quando as energias harmônicas provindas de um pensamento equilibrado de um indivíduo, seja encarnado ou desencarnado, interagem com a nossa psicosfera, pode haver uma absorção, por sintonia. Havendo sintonia, (mesmo momentânea), há uma força centrípeta, ou seja, que puxa para o centro, para a intimidade energética da pessoa.
Quando não ocorre sintonia, por não haver afinidade com determinados pensamentos externos, estes são rejeitados pelo nosso corpo mental ². Há uma força centrífuga que elimina o componente estranho. Este mecanismo, muitas vezes, é automático e inconsciente, pois são conquistas do nosso Espírito, arquivadas em núcleos vibratórios.
Um pensamento de ódio, por exemplo, pode fazer parte por um determinado tempo da nossa aura, enquanto mantemos este sentimento. À medida que efetuamos a reforma íntima, modificamos aquele sentimento negativo, por falta de nutrição energética e falta de sintonia, o arquivo relativo àquele ódio é gradativamente eliminado da nossa atmosfera fluídica.
Todas as energias que produzimos passam a fazer parte de nossos arquivos e, na sequência, se entrelaçam com outras energias semelhantes, tanto de encarnados como de desencarnados. Estes entrelaçamentos ocasionam sensações agradáveis ou desagradáveis em nós e, também, nas pessoas com as quais convivemos.
Sentimentos de empatia ou de repulsa a outrem são, frequentemente, decorrentes de percepções inconscientes de emanações energéticas da psicosfera da pessoa. Devem ser compreendidos e trabalhados com resiliência e amor, além de prudência. A falta de afinidade entre os campos energéticos das pessoas costuma gerar diversas dificuldades ou incômodos, enquanto a similitude de vibrações gera um fluxo agradável de energias.
Espíritos superiores tem psicosfera tão sutil que não permite aos Espíritos inferiores vê-los. Há uma diferença de frequência vibratório significativa que impede a sintonia. As sessões mediúnicas fazem a ponte de contato ou intermedia planos espirituais de densidade diferente.
André Luiz nos exemplifica, em várias obras, que espíritos superiores pelo comando do corpo mental alteram temporariamente sua psicosfera deixando-a mais densa para adentrar em locais trevosos para melhor executarem seus trabalhos nesses ambientes. Ao tornarem mais densa ou menos sutil sua psicosfera, evitam serem reconhecidos como seres superiores gerando sentimentos de animosidade ³.
Somos artífices que esculpem a própria escultura. Criamos nosso próprio destino. A espiritualidade de luz emite ondas de amor e sabedoria constantemente, cabe a nós voltarmos nossos radares mentais na direção correta para captarmos o Amor Universal.
Cedo ou tarde nos identificaremos com a centelha divina ou o “Deus em nós”.


Ricardo Gandra Di Bernardi é médico, escritor e conferencista espírita.

            Bibliografia:
1.     XAVIER, Francisco Cândido/Espírito André Luiz, Evolução em dois mundos, Ed. FEB, pág. 163.
2.     XAVIER, ________________________________, Evolução em dois mundos, Ed. FEB, cap. II, pág. 25.
3.     XAVIER, ________________________________, Libertação, Ed. FEB, pág. 67.
4.     CENTRO ESPÍRITA LUZ DA CARIDADE, Curitiba. A Dança das energias – Uma abordagem da energia mental, cap. 5, Psicosferas e Energia Mental.
5.     ICEF- Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis- Reuniões de Estudo www.icefaovivo.com.br