23 fevereiro 2010

DEUS - Dr. Ivan Hervé

Discutir a existência de Deus ou deuses é perder tempo.Por que?

Sabemos hoje que o universo é infinito e que todas suas criações materiais podem ser destruídas,mas o espaço continuará existindo. Portanto o Infinito não foi criado e permanecerá para sempre. Caso tem sido criado por Deus,o vazio o precedeu. E caso Ele exista será que há 200 bilhões de anos já pensava em nossa Terra? E daqui 200 bilhões de anos ainda estaremos no Céu ou no Inferno?

Em o “Uno e o verso do Universo”, Lao Tsé, há 2500 anos,ensina:

O Insondável (Tao) que se pode sondar

Não é o verdadeiro Insondável

O Inconcebível que se pode conceber

Não indica o Inconcebível.

No Inominável está a origem do Universo

O que é Nominável constitui a mãe de todos os seres.

Conceber a existência deste Deus é praticamente impossível para nós,seres finitos.

Por outro lado,a idéia da existência d mundo espiritual, provavelmente nasceu com o homo sapiens. Talvez o homo de Neanderthal tenha tido idéia de vida pós morte. Mas os xamãs,a mais de 40.000 mil anos, portadores do estado alterado de consciência, desenvolveram técnicas para curar enfermidades e condutas para ajudar seus companheiros. Visitavam o mundo astral, tanto o superior quanto o inferior. Também recebiam espíritos. Portanto a saúde e o pós morte passaram a ser cuidados por eles. Inicialmente, segundo estudos antropológicos, não havia uma religião organizada. Com o tempo foram surgindo as religiões buscando explicar e orientar as pessoas principalmente com relação ao pós morte. Os deuses nasceram tribais, crescendo com o aumento populacional e absorção de conquistas territoriais. Não vamos descrever, pois são conhecidos, os caminhos percorridos por elas, apenas diremos que, atualmente, são inúmeras, destacando-se algumas (Cristianismo,Hinduísmo,Islamismo e Budismo,pelo número de crentes). Todas foram criadas antes da era cientifica iniciada com Galileu, possuindo revelações, ritos, dogmas e condutas combatidas pelos cientistas.

Todas as grandes religiões, exceto o Budismo, são monoteístas, isto é, aceitam o Deus único. Mas cada uma se diz a única verdadeira. Nenhuma prova a existência Dele. Mas alegam que os cientistas não provam que Deus não existe.

Portanto ser ateu ou crente é uma questão de fé.

27 janeiro 2010

Visão energética e espiritual da gestação - Dr. Ricardo di Bernardi

A física moderna, com seus conceitos de energia e dimensões de tempo, hoje nos abre horizontes amplos para a revisão de conceitos adormecidos e estratificados nas empoeiradas estantes de nossas científicas verdades.

As teses, de caráter dual, que apontam para a existência de um ser humano animal ou espiritual, parece que deverão se fundir para dar origem a um novo conceito de ser humano: O homem paranormal. As concepções religiosas alicerçadas em dogmas rígidos e não racionais, bem como as concepções científicas nos apresentando o embrião humano como apenas um conjunto de células e moléculas, haverá necessariamente de desaparecer, para que seja possível a compreensão integral, holística do homem.

Segundo o professor J. Banks Rhine e sua esposa Louise Rhine, que por décadas pesquisaram a respeito da mente no laboratório de Parapsicologia da Universidade de Duke, Carolina do Norte, o homem é composto de psique e soma. Poderíamos considerar isto como um retorno histórico à concepção religiosa de alma e corpo? Sim, mas aprimorada pela dialética do conhecimento científico. Alma ou Espírito não se considera como algo de concepção teológica, é a mente, elemento extrafísico como considera também o Prof. Whately Carington da Universidade de Cambridge.

Procurando insistir na tecla de que a ciência já vem admitindo a dualidade espírito (mente) e matéria, lembramos o parecer do catedrático Price, da conceituada Universidade de Oxford, sustentando a tese que a mente humana sobrevive à morte e tem a mesma capacidade da mente do homem vivo, de influir sobre as outras mentes do mundo material.

Observemos que não são religiosos tais conceitos, mas brotaram dos galhos rígidos da árvore da ciência. Apesar de inúmeros investigadores, de todos os continentes e ligados aos mais rigorosos métodos científicos, estarem caminhando para a constatação e demonstração da existência do extrafísico, há uma reação natural contra esta tendência. No entanto, assim como o universo físico vem sendo substituído pelo universo energético, em breve o homem psicológico será ampliado na concepção de homem paranormal de percepção extrassensorial.

As experiências e pesquisas científicas atuais indicam que todo ser vivo possui um corpo energético que sobrevive após a morte.

O Dr. Raymond Modd Jr., entrevistando dezenas de pacientes que comprovadamente pelos prontuários hospitalares estiveram clinicamente mortos, sendo ressuscitados por manobras médicas, constatou que as informações eram semelhantes. Embora os pacientes não tivessem nenhuma semelhança de formação religiosa, profissional ou, mesmo gênero de “quase morte”, todos disseram basicamente o mesmo. Entre inúmeros detalhes, salientamos o fato de eles se sentirem fora do corpo físico, em um corpo espiritual, assistindo às massagens cardíacas.

No livro Vida Depois da Vida[1], o citado autor detalha cada caso, exclui hipóteses diversas como uso de mesmo anestésico etc. Conclui, chamando a atenção para que se considere a possibilidade de realmente existir algo além da matéria tridimensional.

Extremamente interessantes também são as experiências do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, Dr. Charles Richet, que, mesmo correndo o risco de ser olhado com desdém pela maior parte da comunidade científica, publicou suas experiências que comprovam a existência de corpos espirituais. Naturalmente há os que o consideravam um gênio pelo fato de ter sido laureado pelo Prêmio Nobel, mas um ingênuo ao acreditar no extrafísico.

No livro O Tao da Física[2], Fritjof Capra estabelece um paralelo entre a física quântica e o misticismo oriental. Capra, doutorado em física pela Universidade de Viena, vem efetuando pesquisas a respeito de energia nas Universidades de Paris, Stanford, Califórnia e no Imperial College em Londres. O citado autor vem estudando e correlacionando os conceitos de física moderna com os da tradição do pensamento dos filósofos budistas, hinduístas e taoístas. No livro acima mencionado como também em The Turning Point (o ponto de mutação), Capra completa sua pesquisa, em que observamos a convergência entre os preceitos científicos e o mundo extrafísico, ou dimensão espiritual.

Admitamos que exista o espírito, que este sobreviva à morte. Não é só, há algo mais impressionante. As experiências efetuadas por centenas de médicos e psicólogos, ao regredirem seus pacientes por hipnose ou outros processos similares, levando-os a fases anteriores da sua juventude, infância, vida intrauterina e mais profundamente ainda no tempo, chegam à inevitável constatação da existência de vidas anteriores.

Morris Netherton, psicólogo clínico norte-americano, desenvolveu uma técnica denominada “Terapia Das Vidas Passadas”. Há por parte de muitos psicólogos, inclusive do Brasil, a preferência pelo nome “Terapia de Vivências Passadas”, para desvincular filosoficamente ou mesmo religiosamente do conceito de Reencarnação. Isto por que, para os terapeutas é absolutamente desnecessário ou indiferente crer ou não nas vidas pretéritas para que o tratamento beneficie o paciente.

A “Terapia de Vivências Passadas” é um método que pela regressão de memória permite ao paciente superficializar, para o seu consciente atual, ocorrências traumáticas do passado, recentes ou remotas, o que equivale a dizer, desta ou de outras encarnações. A evidência de vidas sucessivas é facilmente detectável por essa técnica terapêutica.

Não resta dúvida que os informes das vidas passadas podem ser interpretados como fantasias do inconsciente, mas a evidência da Reencarnação fica mais clara em função dos dados minuciosos fornecidos pelo paciente. À medida que ele descreve a situação, não o faz maquinalmente, mas vivenciando intensamente de forma emocional, em prantos, gemidos e até gritos em certos casos. Descreve a época, o lugar, as condições e linguagem envolvendo os fatos ocorridos na vida anterior. Como os detalhes podem às vezes ser importantes no processo terapêutico, há riqueza de dados que podem ser recolhidos nessa técnica e posteriormente comprovados.

Ian Stevenson, catedrático de Neurologia e Psiquiatria na Universidade de Virgínia, U.S.A., escreveu a obra Twenty Cases Sugestive of Reincarnation.[3] Na citada obra, o autor investiga inúmeros casos, mas seleciona os mais elucidativos como evidente constatação de Reencarnação. Observemos o título cauteloso de “casos sugestivos....”

O bebê que hoje recebemos no lar pelas portas da gestação não é um ser sem passado. Já traz um patrimônio vivencial gravado no seu inconsciente, que é o seu espírito. Aliás, a mais evidente demonstração disso é a surpreendente diferença psicológica que os gêmeos univitelíneos às vezes apresentam. Se geneticamente são idênticos, e o ambiente uterino e familiar é o mesmo, só o passado pode explicar de onde vêm suas características tão diversas.

O intercâmbio energético entre mãe e filho é efetuado em nível de suas estruturas perispirituais, por isso é importante que, antes de comentarmos como elas ocorrem, estudemos resumidamente o corpo espiritual.



[1] MODD, Raymond Jr. Vida depois da Vida, 1979, p.172.

[2] CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. Cultrix, 1985, p.262.

[3] STEVENSON, Ian. Twenty Cases Sugestive of Reincarnation. P. A. S. Psychical Research, 1966, p.362

21 dezembro 2009

CONSTRUINDO UM 2010 SAUDÁVEL

"Cada um de nós chegará ao local para onde esteja dirigindo os próprios passos."
Lísias - Nosso Lar



Fim de ano. Momento de refazer rumos e realinhar expectativas.
Bem propício é para todos nós essa época que traz a sensação de recomeço. Bendita oportunidade que temos todos os dias, mas que no fim de cada ano se materializa de forma mais concreta em nossa mente, com o firme propósito de mudança verdadeira.

No livro Nosso Lar psicografado por Chico Xavier, o assistente Lísias, conversando com André Luiz sobre a decisão individual que nos leva ao superior ou ao inferior do que existe em nós, o nobre amigo resume em uma frase, aquele que poderia ser para todos nós, o lema desse ano que começa : - Cada um de nós chegará ao local para onde esteja dirigindo os próprios passos.

Todos sem exceção buscamos a paz interior, uma vida mais confortável e tranquila com nossos familiares e cada um a seu modo, fazemos o máximo e o melhor pela nossa própria evolução. Porém, infelizmente repetimos antigos padrões de comportamentos inadequados que nos prendem ao nosso passado e nos levam a repetir atitudes de forma quase inconsciente, dirigindo nossos passos para os mesmos erros de outras vidas. Não que sejamos escravos do passado, ou seja certo justificar nossas atitudes, como se fossemos joguetes manietados pelos nosso subconsciente, mas a verdade é que na maioria das vezes queremos seguir um caminho e acabamos trilhando outro.

Como conciliar a saúde física com alimentação inadequada? Excesso de frituras, doces e álcool são coisas corriqueiras. Do outro lado, excesso de cuidados com fanatismo alimentar também se faz presente. Uma alimentação harmoniosa sem culpa, passou a virar raridade. Nossos passos alimentares nos levam a uma saúde debilitada.

Como conciliar pensamentos agitados de stress e preocupação desmedida com a saúde psíquica?Ansiamos pela tranquilidade dos monges meditadores, mas não conseguimos asserenar nossas mentes nem por cinco minutos. O stress crônico ativa o sistema hipófise-adrenal, liberando a famosa adrenalina, o cortisol, entre outros, que aos pouco vão aumentando a pressão arterial, a glicose, o peso, concentrando na barriga, a gordura visceral, que aumenta a chance de infarto do miocárdio e de derrame. Nossos passos no dia a dia do pensamento nos levam a uma saúde psíquica desequilibrada.

Podemos e devemos fazer o caminho inverso. Porque não eleger isso como prioridade para esse ano que começa? Que nossos passos nos levem a uma estrada mais suave e mais leve, buscando ativamente nossa saúde física e mental.

Paz e luz. Feliz 2010!

16 dezembro 2009

BEZERRA DE MENEZES: O APÓSTOLO DA CIÊNCIA ESPÍRITA

O respeitado médico espírita brasileiro pode ser considerado o pioneiro das pesquisas sobre obsessão espiritual. No século retrasado, ele sustentava conceitos inovadores e se utilizava de técnicas avançadas no desafiador campo da desobsessão espírita
O Dr. Adolfo Bezerra de Menezes é tido na conta de um dos precursores da medicina espírita brasileira. Entre os inúmeros aspectos da doutrina, tão bem vivenciados por ele, destaca-se a sua participação no campo experimental da mediunidade. Ele era um estudioso sistemático da obsessão espiritual e, por ter sido médico, preocupava-se com a terrível repercussão dessa enfermidade pandêmica capaz de levar à loucura. Doença desconhecida dos psiquiatras, a obsessão, em todas as épocas, sempre acometeu incontável número de pacientes que se amontoavam nos hospícios, sujeitos às impregnações psicotrópicas, porém, desprovidos daquela assistência e orientação condizentes, puramente morais, assinaladas na codificação espírita.
No modo de ver do conceituado médico, dois fatores poderiam contribuir para deturpar o pensamento do alienado mental: lesão encefálica ou influência obsessiva dos desencarnados.
Bezerra de Menezes nasceu em 1831, mas, em 1886, diante de uma distinta platéia de aproximadamente duas mil pessoas da sociedade carioca, declarou-se espírita e passou a defender a tese que o imortalizaria na condição de lídimo pesquisador do campo científico da doutrina: "A Loucura Sob Novo Prisma", à disposição dos leitores em consagrada edição da FEB.
Levando-se em conta, à época, a influência da religião dominante, a postura inflexível da ciência para com a espiritualidade, era preciso muita grandeza de alma para sustentar uma tese revolucionária, capaz de abalar não só os alicerces da Medicina, mas descortinar, sobretudo, novos horizontes para a ciência espírita. "A alma é quem possui, no homem, a faculdade de pensar, tendo, por suas relações com o corpo, enquanto lhe estiver presa, necessidade do cérebro, para transmiti-lo, donde a inevitável coação, toda a vez que o instrumento não estiver em boas condições" (1).
A codificação espírita acena com a realidade pluridimensional do ser encarnado ao admiti-lo constituído de alma, perispírito e organismo físico. Do espírito provém a energética propulsora da vida. O pensamento é atributo da alma, e não do cérebro, como entendem os neuro cientistas afeiçoados aos postulados materialistas. A alma, na qualidade de reflexo da divindade, mantém-se íntegra, jamais enlouquece, sendo assim, se o pensamento apresenta-se gravemente perturbado, deve-se a duas hipóteses: presença de lesão cerebral ou interferência externa no livre curso do pensamento, a exemplo do que acontece na loucura por obsessão espiritual. Uma disfunção do metabolismo neurotransmissor ou a presença de lesão congênita do encéfalo podem justificar o surgimento de transtornos psicóticos e de retardo mental. Todavia, o Dr. Bezerra de Menezes salientava em sua tese a existência de casos bem caracterizados de alienação mental na ausência de lesão encefálica, elucidando que os obsessores costumam lançar mãos de artifícios sofisticados contra as suas vítimas, a exemplo do emprego da sugestão hipnótica, cujo objetivo não é outro senão interferir no livre curso do pensamento, distorcendo-o a ponto de torná-lo incoerente, em tudo semelhante aos transtornos psicopatológicos descritos nos manuais de psiquiatria.
Aprofundando a exaustiva análise sobre o assunto, pondera o ilustre médico espírita que a obsessão de longa data não tratada adequadamente pode deixar como seqüela, apreciável embotamento da atividade intelectual do sujeito. E com a humildade típica de um grande cientista, ele comenta o grave transtorno obsessivo que acometeu o seu próprio filho e as conseqüências decorrentes da ação nociva engendrada pelo vingador: "O moço era vítima de seus abusos noutra existência, continuou a sofrer a perseguição, e por tanto tempo a sofreu, que seu cérebro se ressentiu, de forma que, quando o obsessor, afinal arrependido, o deixou, ele ficou calmo, sem mais ter acessos, porém não recuperou a vivacidade de sua inteligência. O instrumento ainda não se restabeleceu." (2) Tem-se aqui uma idéia da importância do diagnóstico espiritual precoce, pois, uma vez comprovada a existência de obsessão, o paciente vítima de alienação mental não ficará exposto à ingestão desnecessária e prolongada de psicotrópicos potentes, assim como envidar-se-ão esforços no sentido de reduzir a atuação fluídica nefasta, persistente e demorada a repercutir no campo orgânico, minando a capacidade intelectiva do sujeito. Mesmo que a obsessão espiritual seja um diagnóstico confirmado, qualquer sintoma ou sinal de enfermidade orgânica deverá ser imediatamente corrigido pelo clínico. Muita vez, um local de menor resistência no campo físico serve de porta de entrada para um obsessor. "Sendo assim, é sabido que os Espíritos malignos entram pela porta que lhes abrem as moléstias do corpo, desde que as do espírito concorram, é óbvio que, embora a cura daquelas nada influa sobre o que já entrou, embaraçará os que estão fora. E eis porque é de rigor curar-se a lesão de qualquer órgão doente dos obsidiados." (3)
Felizmente existe uma alternativa capaz de evitar o desarranjo do instrumento cerebral em virtude da ação obsessiva: buscar o auxílio do Espiritismo com a finalidade de se promover o diagnóstico espiritual precoce, pois a medicina se encarregará de diagnosticar aquilo que se manifestar no corpo físico. "Vê-se, portanto, quanto importa, diante de um caso de loucura, fazer de pronto o diagnóstico diferencial, para que, se for obsessão, não chegue esta a desorganizar o cérebro, que é o órgão atacado pelo obsessor. Ora, não tendo a Ciência meio seguro de fazer aquele diagnóstico, mesmo porque só existe para ela a loucura, é óbvio que devemos procurar recursos, para verificarmos se existe a obsessão, no Espiritismo científico." (4)
Na visão de Bezerra, a terapêutica medicamentosa é impositiva nos casos de lesão cerebral (foco epileptiforme, por exemplo), pois, se houver o devido controle do dano encefálico ou do metabolismo neurotransmissor, ficará minimizada a atuação obsessiva sobre a área encefálica. Poderá até permanecer a influência espiritual, porém sem os sintomas do transtorno neurológico ou psíquico. "Na maior parte dos casos, enquanto o Espírito obsessor não tem ainda dominado o Espírito ou a vontade de sua vítima, a cura do órgão doente fecha a porta à maléfica influência." (5) Esse raciocínio é válido para qualquer outro órgão ou sistema do organismo; além do mais, serve de lembrete para aqueles que imaginam que os espíritos têm a obrigação de curar qualquer manifestação enfermiça ao alcance da medicina prática.
Levando-se em conta que a desobsessão espírita resulta de um esforço afinado entre as forças da Terra e do Céu, é desejável a nossa ligação com um mentor, uma inteligência que, do Plano Maior, se responsabilize pela supervisão adequada dos trabalhos desobsessivos. "O método que seguimos, sempre com resultado, é consultarmos, mediunicamente, a um Espírito, que do espaço faz a caridade de receitar para os homens doentes, sobre a natureza da alienação mental, no caso que se nos apresenta, e procedermos à contraprova do que recebemos em resposta." (6)
Além da terapêutica médica, quando esta se impõe, e da desobsessão espiritual, objetivando a evangelização do Espírito vingativo, a outra iniciativa volta-se para o próprio obsidiado. É preciso moralizá-lo, orientá-lo, para que ele próprio, mediante circunstanciada revisão de suas atitudes, viciações e maus pendores, demonstre interesse em modificar-se. "...devem-se empregar todos os meios de moralizar o Espírito do obsidiado, fazendo-lhe ver que seus defeitos, seus vícios, seus maus sentimentos, tudo o que não é conforme com os preceitos do Evangelho, atrai para junto de si nuvens de Espíritos, que se aprazem com aqueles elementos do mal, assim como afasta de si os bons Espíritos, seus protetores, donde ficar ele a mercê dos que só não fazem mal quando não podem." (7)
No entanto, alguém pode objetar a impossibilidade de um alienado mental comunicar-se verbalmente, o que nos impediria o diálogo moralizador. Diante de tal conjuntura, o que fazer para orientar o paciente? Bem, o bom senso nos diz que, primeiramente, deveremos cuidar do caso em caráter de emergência na tentativa de livrar o obsidiado da opressão imposta pelo obsessor. Caso consigamos afastá-lo, é bem provável que o paciente recobre, aos poucos, a sua integridade mental, tornando-se permeável às nossas sugestões moralizadoras. Porém, de acordo com Bezerra, a prática espírita nos permite alternativa, qual seja a de se evocar o Espírito do enfermo e tentar a sua moralização via mediúnica. "Já dissemos que o Espírito não enlouquece e que a loucura consiste, não na perturbação do pensamento, mas, sim, na sua manifestação. Sendo assim, e visto que os Espíritos, quer desencarnados, quer encarnados, acodem à evocação, sempre que é feita no intuito do bem, eis como se consegue moralizar um louco ou obsidiado. Em nossos trabalhos experimentais, temos tido inúmeras ocasiões de evocar o Espírito de pessoas obsidiadas, para moralizá-las, e sempre que as encontramos dóceis aos nossos conselhos, temos conseguido romper as trevas da inconsciência que as envolvia." (8)
Como ficou visto, Bezerra de Menezes, em pretérito não muito distante, além de se distinguir na qualidade de estudioso da ciência espírita, buscava, no campo experimental, recursos significativos, tudo com o objetivo maior de bem atender os casos complexos de obsessões espirituais. Todavia, na contemporaneidade, é impositivo que os dirigentes de trabalho mediúnico se esmerem na pesquisa da obra kardeciana, para bem conhecer os meandros do assunto e as inúmeras possibilidades ao seu dispor. Estudos continuados, vontade de servir à causa do bem e honestidade de propósitos formam o trio de excelência na estrada infinita do conhecimento superior disponibilizado em favor da harmonia humana.


Vitor Ronaldo Costa(vitorrc@brturbo.com.br)

Bibliografia:
(1) MENEZES, Adolfo Bezerra de. A Loucura Sob Novo Prisma, cap. III, pág. 149, 4ª edição, FEB.
(2) Idem, pág. 175.
(3) Ibidem, pág. 179.
(4) Ibidem, pág. 175.
(5) Ibidem, pág. 178.
(6) Ibidem, pág. 177.
(7) Ibidem, pág.179.
(8) Ibidem, pág. 180.

27 novembro 2009

A psicografia é válida? - Dr. Ivan Hervé

A humanidade nasceu e cresceu sob o signo da magia.É lógico e natural que isso tenha ocorrido,pois nascemos simples e ignorantes.Imaginem o homo sapiens logo após nascer.Encontrou um mundo físico em plena e constante remodelação.Por outro lado,nascer,viver e morrer eram fatos cuja explicação escapava a sua compreensão.Pior ainda,enquanto vivo,passou a defender a prole,enfrentar e lutar para sua manutenção.Aprender a conviver em sociedade,estabelecendo normas de conduta,garantindo a sobrevivência da espécie.Eis o quadro,aqui resumido,que nossos antepassados enfrentaram.E tudo ocorreu sem nenhum preparo prévio, a não ser a genética trazida ,provavelmente do homo erectus.
O fogo,reflexos condicionados,alguns instrumentos de trabalho e certa organização social,antecederam o homem.Não vamos aqui discutir o papel dos grandes símios.Desde lá,o crescimento continuo do cérebro,possibilitou a evolução mental permanente,permitindo novas e continuas “descobertas,.
Ao que parece um dos grandes desafios enfrentados foi o da morte.Tudo indica que,muito cedo,o homem aprendeu a enterrar e cultuar seus mortos.Acreditava na sobrevida deles e tinha que cuidá-los e alimentá-los,senão eles vinham incomodar.Naturalmente nenhuma explicação lógica poderia existir.Dai surgiram os rituais mágicos.Os neandertais também enterravam seus mortos. Outro desafio decorreu do tratamento da saúde e bem estar das sociedades caçadoras coletoras.Desde sua identificação,surgiram os xamãs.Nas cavernas européias estão registrados seus transes,suas danças,seus animais de força,suas visitas ao mundo astral e etc.Isso a 20 ou 30 mil anos atrás.Até hoje presidem as sociedades primitivas atuais,empregando as mesmas técnicas e rituais milenares.São cuidadosamente estudados por grupos universitários.Alguns cientistas afirmam que o estado alterado de consciência que apresentam é inato e hereditário.Provavelmente dali surgiram as religiões.

As grandes religiões atuais mostram o ponto maximo desta evolução e,até o surgimento da revolução cientifica,nunca seus rituais e dogmas sofreram contestação,a não ser das religiões rivais.
Até o século XVI o magismo impediu a livre discussão .No entanto,o amadurecimento cultural,principalmente europeu,permitiu,a partir da Renascença.uma verdadeira revolução,consolidada pelas descobertas de Copérnico,Kepler e Galileu.Desde então a censura foi desaparecendo,permitindo que nos Séculos XV e XVI a pesquisa,livre de preconceitos e dogmas,iniciasse a revolução cultural que prossegue até hoje.Darwin e a física quântica, constituem a base do novo mundo,dito cientifico,o qual não admite dogmas,daí o confronto entre religião e ciência.
Em nosso século,as conquistas são de tal ordem que muitos cientistas afirmem que tudo é matéria e que Deus e o mundo espiritual não existem.As religiões não querem abandonar seus dogmas,rituais e bases doutrinarias.Mas não provam nada.
Mas a realidade não é esta porque ambos disputam o aborto,células tronco,clonagem,etc.Os cientistas,acreditando que tudo é matéria,querem ter o direito de abortar,clonar,usar livremente as células tronco,e etc.Os religiosos,crentes na existência do espírito,estabelecem restrições,embora as grandes religiões neguem o contato normal entre vivos e mortos.Portanto,baseados em revelações garantem que essas praticas ofendem a Deus.Para complicar existem grupos espiritualistas que aceitam,cada um a seu modo,a comunicação entre vivos e mortos e na reencarnação.Portanto,impossível estabelecer a paz entre cientistas e religiosos e,pior ainda,também entre as religiões.
Pesquisando há 20 anos as relações entre vivos e mortos,cremos ser possível comprovar a existência do mundo espiritual e,conseqüentemente,de um foco de Inteligência Universal.isto é,Deus.Mas não o Deus ou Deuses dos homens.
O presente texto demonstra claramente porque não haverá concordância quanto à validade da psicografia,na atual conjuntura.



Dr. Ivan Hervé reside em Porto Alegre, é médico e escreveu os livros "A reencarnação", "reencarnação, a única explicação", "Espiritualismo", "A origem da vida e outras origens".