21 abril 2010

ENDOMETRIOSE - DRa GISELLE FACHETTI

Uma leitora do site Medicina e Espiritualidade nos questionou sobre como a espiritualidade analisaria a endometriose.
Refleti sobre o assunto da seguinte forma:
Não podemos esperar que os espíritos tenham uma visão uniforme sobre o sentido das doenças físicas já que, como nós, eles são diversos em conhecimento e aptidões.
O que sabemos através da instrução de alguns espíritos ao Codificador, Allan Kardec, é que as doenças físicas são, necessariamente, uma oportunidade para nosso crescimento individual como espíritos eternos rumo à angelitude.As doenças nos colocam em contato com nossas pendências e fraquezas, nos possibilitam uma auto-análise, que por sua vez é o primeiro passo de uma longa caminhada nas veredas da transformação íntima.

Essas oportunidades são relativas às nossas necessidades mais prementes. Assim, poderíamos divagar que algumas condições físicas poderiam estar ligadas a determinadas situações de nosso passado, tanto na atual quanto em outras encarnações.

A endometriose não é conseqüência de nenhum mau hábito, nem de alguma negligência. Sua causa física é ignorada, existem apenas especulações.

Podem existir fatores genéticos predisponentes à transformação metaplásica de um epitélio de revestimento maduro em um epitélio glandular endometrial distópico. Outra hipótese é a ocorrência de implantes de epitélio endometrial no peritônio pélvico em função de refluxo do sangue menstrual através das tubas uterinas. Tais possibilidades envolvem, certamente, a concomitância de distúrbios imunológicos.

Portanto, diferentemente de um enfisema pulmonar que se relaciona ao hábito do tabagismo, não encontramos explicações claras, em relação à endometriose, em termos de maus hábitos ou atitudes inapropriadas perante a vida atual.

As possibilidades etiológicas dessa doença permitem a identificação de algum grau de acaso, na distribuição dos indivíduos suscetíveis em meio à população geral.

Para o aparecimento das lesões endometrióticas seria, portanto, necessária a combinação de algumas variáveis. E ainda, mesmo entre as portadoras dos focos de endometriose existe a peculiaridade da desproporção entre os sintomas e os graus de severidade de cada caso. Também o padrão de resposta terapêutica é irregular. Seria tudo acaso?

Do ponto de vista filosófico não cremos no acaso. Assim, se raciocinarmos conforme os princípios da Doutrina Espírita: É possível que uma doença insidiosa, dolorosa, que prejudica a fertilidade, ofereça à paciente um estímulo para verificar, em seu íntimo, o valor que atribui à maternidade e à vida embrionária. Um estímulo para verificar a sua capacidade de tolerância à dor e à frustração. Ela diante desse desafio provavelmente reavaliará, também, suas atitudes como filha e esposa...

A visão generalizada, porém, simplista de que qualquer mal na presente encarnação é uma punição por erros em vidas passadas, pode ter sido útil em algum período do desenvolvimento intelectual e moral da sociedade humana.

Entretanto, se hoje já vislumbramos, ainda que parcialmente, a superioridade e a perfeição das Leis divinas, sabemos que todas as experiências encarnatórias visam o nosso progresso, muito mais do que a nossa repreensão. A idéia do sofrimento como purificador é comum, mas inexata, pois o que purifica é o amor, que pode nascer tanto de momentos de alegria quanto de dor.

Porque o amor cobrirá a multidão de pecados.

1 Pedro 4:8

Certamente, o tratamento médico permitirá a melhora da endometriose e evitará seqüelas. O período envolvido com este processo será, também, muito bem aproveitado para a necessária evolução espiritual caso haja uma atitude positiva diante da doença. Esperança sem ilusão. Resignação sem desistência. Luta sem revolta.

Posso assegurar que a maior lição que tenho aprendido durante o acompanhamento de minhas pacientes que enfrentam problemas de fertilidade, inclusive envolvendo endometriose, é que, uma vez que aprendem a amar além das fronteiras restritas dos seus laços de sangue, ocorrem surpreendentes melhoras nos quadros, mesmos naqueles que antes eram considerados como irreversíveis.

Observem vocês mesmos, não é muito comum que uma mulher que labutou com a infertilidade, por longos anos, imediatamente após a adoção de uma criança seja surpreendida por uma gravidez espontânea e inesperada?

Parece que o amor que passa a preencher sua alma, tingindo-a de cor de rosa, atua terapeuticamente por mecanismos desconhecidos, talvez e provavelmente, transcendentes...

Giselle

5 comentários:

Unknown disse...

Nossa como é bom ler um artigo baseado cientificamente,mas que transborda sentimentos e principalmente o sentimento maior que é o amor. Parabéns Giselle!!!!

Anônimo disse...

Gisele ... Muito obrigada!Parabéns pelas palavras

Andréa disse...

Essa é uma visão bastante altruísta.Hoje estava muito triste. Perdi dois bebês e fiz 4 cirurgias por causa da endometriose e ler sua página alentou meu coração.Obrigada!

Pri_mr disse...

Obrigada pelo texto. Estou enfrentando a endometriose e o texto foi essencial. Independente de engravidar ou não já estava nos meus planos adotar uma criança e na semana passada comecei a dar seguimento nesse projeto.

Yegane Dilshad disse...

Muito interessante seu texto, principalmente quando fala sobre o valor da maternidade e a tolerância a dor e frustração. Até então eu não havia parado pra pensar muito sobre maternidade (embora sempre tenha dito querer ter filho) porque, no meu caso, a busca por tratamento foi praticamente baseada apenas para solução de muita dor. Minha endometriose é intestinal, já comprometendo o reto e o sigmoide mas, seguramente, já me sinto curada....além da cirurgia espiritual a que me submeti, passei a falar mais sobre maternidade e possível frustração por talvez não gerar filhos....seu texto trouxe mais alívio. Parabéns.