19 maio 2009

DOENÇAS CRÔNICAS E O CONHECIMENTO DA CAUSA A LUZ DO ESPIRITISMO - DR. VITOR RONALDO

Expressivo contingente populacional alimenta a idéia de que a existência terrena não passa de um simples fruto do acaso. Tal postura habitualmente sustentada pelos materialistas, chega a ser compartilhada pelos adeptos das religiões dogmáticas nada receptivos às leis cósmicas responsáveis pelo processo de evolução integral dos humanos. De acordo com esse ponto de vista, a questão da saúde e da doença parece não ter nenhuma relação de causa e efeito com os impulsos ordenadores do espírito. No entanto, a energética comandada pela alma repercute, sim, no campo físico, ora estimulando a saúde ora predispondo o organismo ao desenvolvimento de enfermidades expiatórias de acordo com os impositivos traçados pela lei de causa e efeito.
Certa feita, o espírito André Luiz visitou um departamento especializado no planejamento de reencarnações da cidade astral de Nosso Lar e após, acuradas observações no campo das chamadas enfermidades cármicas assim se expressou:

“... E, durante alguns dias, ali permaneci na instituição benemérita, compreendendo que a existência humana não é um ato acidental e que, no plano da ordem divina, a justiça exerce o seu ministério, todos os dias, obedecendo ao alto desígnio que manda ministrar os dons da vida ‘a cada um por suas obras’.” (André Luiz e Fco. C. Xavier. Missionários da Luz 9ª ed, Rio de Janeiro, FEB, 1973, pág. 178).

De fato, o desconhecimento das leis de reencarnação e de causa e efeito impede qualquer tipo de raciocínio mais elaborado sobre os “por quês” da vida, o que se constitui motivo suficiente para que, diante da dor, uns alimentem revolta e outros agridam a divindade, alegando abandono e descriminação.
A reencarnação, além de ser uma luz a disseminar claridade sobre as milenares inquirições filosóficas (quem sou, de onde vim e para onde vou), também serve para ampliar a compreensão e o raciocínio daqueles que integram os quadros de uma nova geração de servidores da saúde, convictos das existências sucessivas e, por conseguinte, capazes de conciliar extensa gama de enfermidades crônicas com os imperativos da lei de ação e reação.
O espírito dotado de certo grau de esclarecimento, quando ainda em labor regenerativo no mundo astral, antes de reencarnar, costuma ser convidado a participar do estudo e confecção de seu futuro mapa de provações. André Luiz, em certa ocasião, foi testemunha de semelhante operação transcendental e nos transmite interessante informação passada pelo seu orientador no decorrer daquelas observações específicas:

“Aqui temos o projeto de futura reencarnação dum amigo meu. Não observa certos pontos escuros, desde o cólon descendente à alça sigmóide? Isso indica que ele sofrerá uma úlcera de importância, nessa região, logo que chegue à maioridade física. Trata-se porém de escolha dele.” (André Luiz e Fco. C. Xavier. Missionários da Luz 9ª ed, Rio de Janeiro, FEB, 1973, pág. 177).

A notícia causou ao ex-médico terreno, verdadeira surpresa, seguida de indisfarçável curiosidade. Nesse ponto o mentor apressou-se em esclarecer o motivo da ocorrência:

“Esse amigo, faz mais de cem anos, cometeu revoltante crime, assassinando um pobre homem a facadas ...” (André Luiz e Fco. C. Xavier. Missionários da Luz 9ª ed, Rio de Janeiro, FEB, 1973, pág. 177).

Pois bem. Ao analisar a questão da doença crônica pelo prisma espirítico, o estudioso da doutrina sente-se autorizado a admitir a hipótese da sujeição do ser aos mecanismos impositivos de uma condicionante educativa ou cármica, única maneira de entender a verdadeira causa da patologia complexa.
Certas enfermidades duradouras, apesar de tratadas com remédios caros e modernos, não regridem totalmente por uma razão simples de ser entendida: a terapêutica de eleição visa o alívio do sentimento de culpa que atormenta a consciência espiritual e não a cura do arcabouço físico. São casos passíveis de resgate apenas pelo pagamento da “moeda” corrente nos planos infinitos tutelados pela divindade: o amor incondicional. Sem dúvida, um detalhe estranho à ciência comum, mas que se tornará conhecido como expressão coerente de indenização dos males infligidos a si ou ao próximo.
Outra discordância religiosa em torno do sofrimento crônico também precisa ser dirimida: a que afirma ser Deus o responsável pela manifestação da miséria humana. Ora, Deus jamais castiga a quem quer que seja, pois Ele simboliza o amor absoluto na mais pura acepção do termo. O Pai Maior exprime sempre a bondade, a compaixão e a misericórdia perenes. O conhecimento de causa espírita repele a interpretação errônea das mazelas humanas e confere ao próprio transgressor das leis criadas por Deus, a responsabilidade pelas tragédias enfermiças que enfrenta.
A enfermidade crônica, portanto, de acordo com o ponto de vista doutrinário decorre de um estado íntimo de desarmonia temporária entre as instâncias profundas do psiquismo e a lei de harmonia universal. Nos planos espirituais, a alma que se admite em débito, após atingir certo estágio de compreensão, quase sempre solicita uma ou outra restrição orgânica com o intuito de valorizar a própria programação “auto-educativa” a ser efetivada no decorrer da próxima existência terrena. Digamos que a doença pertinaz passe a se comportar como um instrumento saneador de resgate, providencial artifício capaz de manter viva na memória a necessidade inadiável de enfrentar o sofrimento, valendo-se da prática indistinta das exortações evangélicas de Jesus.
Toda condição de sofrimento físico demorado aponta para o esforço de recuperação moral a ser levado em conta pelo espírito faltoso; por isso, se ele, o sofrimento, por um motivo qualquer desaparecesse antes do tempo adequado, a criatura se esqueceria de seus bons propósitos e, por insuficiência evolutiva, voltaria a incidir nos erros de outrora. Convenhamos que na ordem divina existe um tempo estipulado para tudo. Além disso, o tipo e a quantidade de sofrimento crônico mantêm uma relação justa com a falta cometida, sem extrapolar jamais os limites das forças humanas, muito pelo contrário. Graças à misericórdia de Deus, inúmeros atenuantes poderão ser levados em conta.

— Segundo observamos, a justiça se cumpre sempre, mas, logo que se disponha o Espírito à precisa transformação no Senhor, atenua-se o rigorismo do processo redentor. O próprio Pedro nos lembrou, há muitos séculos, que o amor cobre a multidão de pecados”. (André Luiz e Fco. C. Xavier. Missionários da Luz 9ª ed, Rio de Janeiro, FEB, 1973, pág. 178).

Eis a sentença de alívio proclamada pelos maiores da espiritualidade.
Conquanto a dívida moral permaneça registrada na memória integral do ser, isto não significa que o indivíduo esteja submetido infalivelmente a um destino fixado, a um carma inamovível, a um predeterminismo inflexível diante da contingência expiatória.
O enfrentamento da dor no plano terreno constitui significativo desafio ao espírito endividado, condição, porém, passível de ser atenuada, quando se persevera no bem. A insistência na maldade é que nos complica a redenção almejada, pois cronifica a dívida moral e dificulta ainda mais o resgate no decorrer das futuras encarnações.
O conhecimento de causa fundamentado no evangelho do Mestre e, nos ensinamentos espíritas, estimula o trabalho reparador e, este, por sua vez, constitui-se precioso atenuante do sofrimento.

“(...)quando o interessado em experiências novas no plano da Crosta é merecedor de serviços “intercessórios”, as forças mais elevadas podem imprimir certas modificações à matéria, desde as atividades embriológicas, determinando alterações favoráveis ao trabalho de redenção.” (André Luiz e Fco. C. Xavier. Missionários da Luz 9ª ed, Rio de Janeiro, FEB, 1973, pág. 178).

O Mundo Maior não se mostra indiferente ao sofrimento dos que resgatam os débitos vergonhosos do passado. O envolvimento fraternal dos bons espíritos serve de valoroso auxílio aos esforços dispensados em prol da recuperação individual. Qualquer ato de dignidade é contabilizado em favor da criatura em luta retificadora. O que se visa é o bem, o progresso e não o sofrimento. As atitudes dignas e conciliadoras por parte do indivíduo em provação, repercutem de forma favorável no seu quadro provacional, minimizando os efeitos e reduzindo as dores impostas pela doença crônica.

“Todo plano traçado na Esfera Superior tem por objetivos fundamentais o bem e a ascensão, e toda alma que reencarna no círculo da Crosta, ainda aquela que se encontre em condições aparentemente desesperadoras, tem recursos para melhorar sempre.” (André Luiz e Fco. C. Xavier. Missionários da Luz 9ª ed, Rio de Janeiro, FEB, 1973, pág. 228).

Em face dos comentários somos levados a crer que ninguém adoece por uma causa injusta, mas porque merece. De nossa parte aceitamos a enfermidade crônica na condição de “fator educativo” indispensável aos anseios renovadores da alma em ascensão. Não olvidar que, em muitas ocasiões, a enfermidade que macera a carne transitória foi escolhida pelo próprio espírito endividado em comum acordo com os “espíritos construtores”, prestimosos tarefeiros do bem integrados aos departamentos preparatórios das reencarnações. Invariavelmente, tais espíritos intercedem pelos seus tutelados, prescrevendo com sabedoria a carga expiatória a ser expurgada pela carne, tudo com vistas ao ressarcimento do passado culposo e o conseqüente avanço na senda do progresso espiritual.
É impositivo acabar de uma vez por toda com a mania de referenciar as experiências pungentes como um karma insuportável, uma cruz difícil de ser transportada, quando em verdade, a misericórdia do Alto, presente no auxílio dispensado pelos bons espíritos, sempre se manifesta em prol dos mais sofridos. Só os recalcitrantes não percebem a conjuração amorável das potências invisíveis em proveito da humanidade imperfeita.


Vitor Ronaldo Costa é médico e autor dos livros - Desobsessão e apometria, enfermidades da alma e a proposta terapeutica espírita, o visitador da saúde entre outros.

24 abril 2009

Epilepsia - Dr. Ricardo Di Bernardi



Perguntas feitas por pacientes :
1 ) Tenho 29 anos sempre levei uma vida normal, porem, hà 4 anos tenho tido crises convulsivas e a epilepsia não foi constatada em nenhum exame (eletroencefalogramas repetidos, mapeamentos cerebrais, tomografias, ressonâncias magnéticas, etc) Já tomei gardenal, trileptal, depakote e agora estou com topiramato 150 mg, as crises continuam acontecendo, não sei mais o que fazer. Pode-me ajudar ? O que fazer ?

2) Dr. Ricardo, quais as causas da epilepsia? Está a epilepsia intimamente ligada com a mediunidade? Diz-se popularmente que um epiléptico é um “grande médium” quase sempre psicofonico (dito popularmente de incorporação) e que necessita desenvolver a mediunidade para ficar melhor? Isto é verdade?

Resposta do Dr. Ricardo Di Bernardi
Em primeiro lugar, deve continuar tentando, com um bom neurologista, outras alternativas medicamentosas. Há, também, casos de convulsões epileptiformes que não são de origem exclusivametne neurológicas, isto é, são provocadas por outras disfunções orgânicas como metabólicas, hormonais, neoplásicas e outras, que podem ser a causa de convulsão do tipo epiléptico, mas sem ser a disritmia cerebral a causa primária. Um excelente clínico , especialista em Medicina Interna, ( não é o mesmo que Clínico Geral ), pode proceder esta investigação. A Epilepsia existe em diversos graus e diversos tipos. Há epilepsias bastante leves como lapsos de consciência denominados crises de "ausência" até as de convulsões violentas. A mais frequentemente comentada é a que se caracteriza por crises ou ataques nos quais há espasmos musculares de contração e de movimentos incontroláveis, com concomitante perda da consciência. Devido sua manifestação espetacular, externa, desde épocas remotas impressionava a todos, sendo atribuída a agentes demoníacos, misteriosos ou a influência lunar, daí a expressão lunáticos.
Um dos pais da medicina, Hipócrates lutou para desvincular a relação desta enfermidade com o "sagrado". Até hoje ainda existe, em alguns locais esta tendência. Frequentemente a pessoa que está prestes a ter uma crise convulsiva epiléptica percebe a chegada da crise com os sintomas. Alguns sentem um calor leve e envolvente, ou uma sensação típica visual, olfativa, auditiva, gustativa, tátil ou dolorosa, comumente no abdome. Pode-se detectar no EEG – eletroencefalograma – uma disfunção ou disritmia cerebral ou seja, uma alteração do ritmo das ondas emitidas pelo cérebro. No entanto, em alguns casos não se detectam estas alterações disrítmicas.
Em todas as nossas patologias ou problemas humanos há uma participação espiritual, em graus variados. Na epilepsia ou nos chamados "ataques" pode ocorrer uma ligação do enfermo com o espírito obsessor, ocorrendo uma verdadeira "incorporação" ou transe mediúnico. Existe sempre uma fragilidade orgânica cerebral, motivada pela alteração do modelo organizador biológico (perispírito) que traz lesões adquiridas em vidas pretéritas. Lesões que tem origens diversas. Nos casos ditos de "pequeno mal" ou crises de ausência não é comum a presença de espíritos obsessores. Nos casos de crises convulsivas graves, há também lesões perispirituais decorrentes do histórico progresso do paciente mas a frequente (nem sempre) associação do obsessor desencarnado. A ação do obsessor dá-se no denominado "locus minoris resistentiae" isto é, no local de menor resistência do obsediado, no caso desta pessoa, o cérebro... Muitas vezes, a ligação do obsessor com a "vítima " efetua-se pelo chakra gástrico, esplênico ou genésico mas a repercussão atinge intensamente o ponto fraco do obsediado que é a região cerebral fragilizada. Em certos casos, O choque do contato com as energias do espírito desencarnado com o obsediado (médium?) pode ser um fator determinante para o processo convulsivo. A própria convulsão ocasiona uma repercussão forte no espírito fazendo-o muitas vezes se afastar.
Há casos em que o indivíduo dito epilético nada apresenta nos exames de EEG mas tem todos estes sintomas. A contínua interferência do obsessor sobre a pessoa sensível nesta área poderá ocasionar lesões como passar dos anos. O que ocorre é que o perispírito ou corpo astral tem seu paracérebro lesionado mas, ainda, não transferiu para o corpo biológico esta lesão. O tratamento médico e espiritual concomitante poderá fazer com que a lesão não se instale no corpo biológico. Em termos técnicos, médicos, chama-se "aura epilética" (há outras denominações) ao conjunto de fenômenos ou sensações que precedem a crise convulsiva. Estas sensações são: a percepção ou alucinação de cores, visões, sombras, sons, ruídos, vozes, odores, sensação de calor na face, gosto ácido na boca e outras. Curiosamente sensações semelhantes que os médiuns tem antes da ligação deles o espírito comunicante na sessão de desobsessão. Até a "dor na boca do estômago" que alguns médiuns sentem pela ligação com o chakra gástrico. Estas sensações da "AURA EPILÉTICA" no caso da crise convulsiva pode decorrer da impregnação das energias (fluidos) do obsessor sobre o doente.
Uma recomendação importante: além do tratamento neurológico a higiene mental ou a manutenção de pensamentos otimistas, fraternos e similares são auxiliares no tratamento. Pensamentos de raiva, ódio, inveja, ressentimentos e outros de baixa frequência, favorecem as crises pela sintonia com o obsessor. Antes de desenvolver a mediunidade o paciente deve espiritualizar-se, depois estudar a doutrina espírita e por último pensar em atuar como médium. O tratamento ( médico + espiritual ) controla as crises e impede a fixação da entidade enferma sobre o cérebro do paciente.

Dr Ricardo - INSTITUTO DE CULTURA ESPÍRITA DE FLORIANÓPOLIS  www.icefaovivo.com.br   visite www.redevisao.net opção Dr.Ricardo

10 abril 2009

Perdas: luto, elaboração e sublimação - Luiz Paiva

Ao contrário do que muita gente pensa, o luto não acontece apenas pela morte de um ente querido. Há outros lutos, talvez maiores, que ocorrem após a perda psicológica de um objeto ou pessoa a que se tinha apego.

Apego, eis aí a razão de nossas infelicidades e a chave para nossa libertação. Talvez o grande ensinamento da vida, que vamos aprendendo a duras penas, é desapegarmos de coisas, circunstâncias e pessoas. Desapegar não é amar menos ou diminuir a importância do objeto, mas é compreender e aceitar o fenômeno essencial do Universo, que é a transitoriedade.

O Universo, a vida, a sociedade, as pessoas (incluindo nós mesmos) estamos em contínua transformação. Como dizem os filósofos, em eterno devir ou em contínuo vir a ser. Portanto, o segredo de se manter no perene fluxo da vida é ir desapegando-se do que passou e sintonizando nossas emoções no presente ao que é essencial dentre todas as coisas. Há valores que são permanentes, leis que são indefectíveis e universais, objetivos de vida que transcendem o tempo e o espaço.

Os valores que permeiam as aparências e as exterioridades, como posse, estatus, beleza e fama são mais fugazes e impermanentes do que a própria vida em si, tão efêmera “que passa como um sonho”, como nos ensina a Bíblia. As leis do amor universal e da perfectibilidade dos seres criados por Deus são tão relevantes que jazem insculpidas na nossa consciência e na essência dos fenômenos universais estudados por nossas ciências, desde a física das partículas à biologia molecular e à biologia evolucionária.

Não há objetivos e verdadeiro sentido para a vida tão permanentes e eternos do que aqueles ensinados pelos grandes avatares da humanidade e, mais do que por qualquer outro, por Jesus Cristo. Trata-se do cumprimento da grande lei de solidariedade universal que une a todos, pessoas e demais criaturas. Através da consecução desta lei que nos coloca no seio da plenitude e da felicidade imarcescível, surgem os objetivos sempre atuais de prática da fraternidade, de amor incondicional, de inclusão dos excluídos, de perdão ilimitado e de tolerância constante.

A doutrina espírita pedagogicamente nos esclarece tudo isso e, como Jesus, há dois mil anos, reafirma-nos a realidade da sobrevivência do espírito após a morte e a continuidade da vida em outras dimensões do Universo. Por isso, consola-nos os corações sofridos no luto pelas grandes perdas, seja pela visita da morte, seja pelo abandono de almas queridas, seja pela perda de ilusórios haveres ou de posição social.

O espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, consola-nos e exorta-nos à transcendência face às grandes perdas, tomando por paradigma as causadas pela morte:

Ante as lembranças queridas dos entes amados que te precederam na Grande Transformação, é natural que as tuas orações, em auxílio a eles, surjam orvalhadas de lágrimas. Entretanto não permitas que a saudade se te faça desespero.

Recorda-os, efetuando, por eles, o bem que desejariam fazer. Imagina-lhes as mãos dentro das tuas e oferece algum apoio aos necessitados.

Lembra-lhes a presença amiga e visita um doente, qual se lhe estivesses atendendo à determinada solicitação. Distribui sorrisos e palavras de amor com os irmãos algemados a rudes provas, como se os visses falando por teus lábios, e atravessarás os dias de tristeza ou de angústia com a luz da esperança no coração, caminhando, em rumo certo, para o reencontro feliz com todos eles, nas bênçãos de Jesus, em plena imortalidade.”


Luiz Antônio de Paiva é médico-psiquiatra e presidente da Associação Médico-Espírita de Goiás

12 fevereiro 2009

APOMETRIA É ESPIRITISMO? Vitor Ronaldo

ESCLARECIMENTOS À LUZ DOS ENSINAMENTOS KARDECIANOS
Vitor Ronaldo Costa




“Que faz a moderna ciência espírita? Reúne em corpo de doutrina o que estava esparso; explica, com os termos próprios, o que só era dito em linguagem alegórica; poda o que a superstição e a ignorância engendram, para só deixar o que é real e positivo. Esse o seu papel”. (1)

Certa feita, alguém nos interpelou: “— Apometria é Espiritismo?” E eu retruquei: “— Depende do ângulo pelo qual se analise o assunto. Em nosso modo de ver, a Apometria enquadra-se perfeitamente no elenco de atividades espíritas.” Semelhante resposta tem a sua razão de ser, e aqui nos propomos a dirimir qualquer controvérsia a respeito.
O Espiritismo, por definição, é uma doutrina abrangente e evolutiva; portanto, situação bem diversa das demais religiões, quase sempre eivadas de dogmas, práticas exteriores e obediência cega aos pontífices infalíveis.
O termo doutrina pode ser definido como o conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, entre outros.
A seu turno a proposta kardeciana assevera: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. (2)
Muito sabiamente ao conceituar o Espiritismo, Allan Kardec logo de início o rotulou de ciência de observação, qualificação que nos autoriza a lançar mãos de artifícios experimentais, mesmo que “sui generis”, com o objetivo de devassar a realidade espiritual que nos cerca e nos interpenetra. Essa é a razão pela qual o codificador nos alerta: A Ciência propriamente dita é, pois, como ciência, incompetente para se pronunciar na questão do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e qualquer que seja o seu julgamento, favorável ou não, nenhum peso poderá ter. (3)
A ciência acadêmica tem por escopo a investigação dos fenômenos materiais, aqueles que se manifestam nos limites do nosso universo matemático. Todavia, a ciência espírita, ao se utilizar do instrumental mediúnico e das propriedades do magnetismo humano, revela-nos a realidade da dimensão extra-física e descortina, portanto, novos horizontes para a medicina integral. Por isso, admitimos que a explanação aqui feita se reveste de uma certa relevância, caso queiramos entender o significado de espiritismo-ciência, com vistas à inserção em seu contexto experimental do capítulo referente à Apometria.
Por sua vez, a Apometria nada mais é do que um conjunto de técnicas magnéticas aplicadas sobre o médium afeito às tarefas desobsessivas, com a finalidade de induzir o sonambulismo artificial, de tal modo, que ele possa interagir mais facilmente com os desencarnados, reconhecer os mentores, localizar os obsessores, vislumbrar as patologias complexas na própria tessitura perispirítica dos enfermos e identificar os pormenores das paisagens astrais.
Diríamos, então, que a Apometria, a exemplo da mediunidade, do passe magnético e de tantas outras expressões de reconhecida utilidade em nosso movimento, inclui-se no rol das atividades espíritas e dessa maneira deve ser reconhecida. Aliás, a bem da verdade, as inúmeras tarefas exercidas nas casas espíritas se multiplicam de acordo com os objetivos pretendidos pelas instituições, mas só devem merecer o título de atividade espírita se subordinadas aos critérios éticos que alicerçam a doutrina, inferência óbvia, impossível de ser refutada
Ora, ao elaborar a sua conceituação, Kardec não especifica o que deve ou não ser considerado Espiritismo, pois a complexidade científica da doutrina e a multiplicidade de tarefas enobrecidas agregadas ao seu contexto, de acordo com a Lei do Progresso, ampliam-se constantemente. Contudo, um pormenor permanece soberano: o aspecto ético das citadas atividades. O Espiritismo será aquilo que fizermos dele. E a sua excelência como doutrina libertadora dependerá única e exclusivamente do bom senso e da honestidade de propósitos de seus profitentes.
Desse modo, mais uma vez, gostaríamos de bem frisar as particularidades que se devem destacar no conceito kardeciano de Espiritismo. O primeiro deles envolve a prática experimental implícita na própria atividade mediúnica. Por se tratar de ciência de observação, o Espiritismo se vale de métodos e de técnicas experimentais próprias, que variam de acordo com as pretensões e objetivos a serem alcançados pelos pesquisadores. O segundo aspecto diz respeito ao componente filosófico-moral derivado dessas mesmas práticas, e, aí, incluem-se as soberanas diretrizes evangélicas.
Pois bem. O exercício disciplinado da mediunidade, a transmissão de bioenergia através das mãos, as preces e irradiações à distância, a água magnetizada e a aplicação das técnicas apométricas devem ser entendidos na conta de atividades espíritas, caso se efetivem em plena consonância com os postulados doutrinários: gratuidade, vontade de ajudar os semelhantes e interação afetiva com os bons Espíritos. Eis aí a chave da questão. Assim, admite-se que tais práticas, por si sós, não se caracterizam como espíritas, pois algumas são de uso corriqueiro em outras religiões, a exemplo do exercício mediúnico e da imposição das mãos. Contudo, se dispensadas evangelicamente em instituições espíritas, tornam-se consagradas e devidamente incluídas no rol das atividades espíritas. Por extensão de raciocínio, aceitamos a existência da música, do teatro, do cinema e da literatura espíritas, caso essas expressões culturais enalteçam os aspectos positivos da vida e contribuam para a elevação da dignidade humana. Isso, para que se tenha uma idéia de quantas atividades podem ser exercitadas em nosso âmbito doutrinário, com o objetivo de levar o estímulo renovador e o conhecimento maior às criaturas abatidas que nos batem as portas.
Cremos que, agora, após essas breves digressões, nos sintamos aptos a responder na íntegra a pergunta inicialmente formulada. Apometria é Espiritismo? “A nossa experiência no assunto aliada aos ideais de fidelidade à causa nos mostram tratar-se de excelente atividade espírita, desde que praticada por dirigentes capacitados, médiuns devidamente esclarecidos e dispensada gratuitamente em ambiente espírita, em prol dos sofredores de ambos os lados da vida.” Concluindo diríamos: Atividades Espíritas são todas aquelas que envolvem o espírito com o amor fraterno e Universal para a transformação do homem e da humanidade.

Dr. Vitor Ronaldo é autor de “Desobsessão e Apometria – Análise à Luz da Ciência Espírita”, recentemente lançada pela Editora O Clarim. Trata-se de uma proposta com enfoque absolutamente doutrinário, destinada aos espíritas estudiosos, especialmente, aqueles que se dedicam às lides desobsessivas. O assunto é tratado de uma forma simples, objetiva, sem misticismos, crendices nem fantasias inaceitáveis.

Bibliografia:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Conclusão, item VI. 13ª ed. de bolso. Brasília-DF, FEB, 2007. pág. 518
(2) ___________. O que é o Espiritismo. Preâmbulo. 15ª ed. , Rio, FEB, 1973.
(3) ___________. O Livro dos Espíritos. Introdução, item VII. 13ª ed. de bolso. Brasília-DF, FEB, 2007. pág. 35

03 fevereiro 2009

Um médico no Além – Dr. Luiz Paiva


  amado chicoEm 1943, aos 33 anos de idade, o matuto Chico Xavier, da obscura cidadezinha de Pedro Leopoldo-MG, e tido como intermediário dos espíritos, começa a escrever Nosso Lar, o primeiro de uma série de livros narrando as experiências post-mortem de um médico que usa o pseudônimo de André Luiz, segundo o próprio para não ferir as suscetibilidades dos familiares que deixara por aqui.
Nos 16 livros que se seguiriam, temas complexos de Anatomia, Fisiologia, Fisiopatologia e outros relativos a diversas especialidades médicas são abordados sob a ótica do médico desencarnado, que não se contenta em antecipar novos avanços nas mais diversas áreas da Medicina, mas também inaugura um novo paradigma dentro das ciências médicas, onde a mente, ou psique, ou espírito tem lugar diferenciado.  

O mais espantoso é que tudo que disse há mais de 60 anos, hoje se cumpre ou caminha para ser realidade. As novas descobertas na psiconeuroimunoendocrinologia, nos conhecimentos sobre a neuroplasticidade, nos intrincados mecanismos moduladores dos neurotransmissores, da própria neuropsicologia e até da psicoterapia cognitiva não vêm confirmar a primazia desta entidade virtual chamada psique ou alma sobre as estruturas cerebrais normais?  

O Dr. André Luiz, no prefácio desta sua primeira obra, Nosso Lar, teceu considerações sobre a sua postura de homem do mundo, segundo  consta, médico e cientista de renome, mas que como nós outros pouco se abalava diante das grandes questões da vida e da morte. Pelas suas palavras: “A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me. A existência terrestre que a morte transformara, não fora assinalada de lances diferentes da craveira comum.” 

Empedernidos materialistas ou indefinidos agnósticos têm rejeitado tais revelações, tidas à conta de alucinações ou delírios do médium. Ora, o simples fato deste abordar proficientemente temas médicos intrincados, inobstante a sua educação de curso primário, já é por si um fenômeno que mereceria, no mínimo, ser estudado. Se tivesse nascido na Índia, o Chico seria considerado um Mestre, e teria sido objeto de consideração e estudo por filósofos e cientistas do mundo inteiro. 

Ora, muito mais fantásticas e maravilhosas, além das provas de sobrevivência da alma, cujo estudo científico criterioso já se faz há mais de 150 anos, são as novas descobertas trazidas pela Física Quântica ou pela Astrofísica. Estas, então, beiram o delírio, e seriam anatematizadas pelos dogmas científicos dos séculos XIX e XX.  

Sim, permitindo-nos uma pequena digressão, vem a Física Quântica nos dizer que o que vemos e pegamos são apenas ilusões criadas pelos campos de força das micropartículas e que estas também podem se comportar como ondas; que os elétrons têm a probabilidade de estarem em dois lugares ao mesmo tempo e que o modelo planetário do átomo já estaria superado; que o que vemos como real e material é tudo na verdade espaço vazio, e caso o tirássemos dentre as moléculas do maior edifício do mundo, este ficaria do tamanho de um alfinete, mas com o mesmo peso; que a matéria não passa de uma forma de organização de energia, intercambiável com esta. Conquanto às vezes desconcertante para os nossos paradigmas, a Mecânica Quântica é considerada a teoria científica mais abrangente, precisa e útil de todos os tempos.  

Quem ousaria, hoje, definir o que seja a matéria? Os astrofísicos nos dizem agora que a matéria que vemos no Universo sob a forma de estrelas, galáxias, buracos negros etc., e que julgávamos ser tudo, corresponde a apenas uma parte ínfima da matéria existente (0,4% de estrelas e 3,6% de gás intergaláctico), contra 23% de matéria escura e 73% de energia escura, sobre as quais nada se sabe, exceto a imensa força gravitacional que exercem, estruturando as galáxias e as afastando entre si, expandindo o Universo. Isso não corresponde a afirmações ou teorias abstrusas, mas a deduções matemáticas de fenômenos observáveis.  

Depois disso tudo, é moleza acreditar em Deus, na sobrevivência da alma à morte do corpo e no mundo espiritual. A matéria mais sutil é a mais real e vivemos num Universo de insuspeitáveis forças e energias, que escapam à extrema pobreza dos nossos sentidos e por que não, também do nosso apoucado entendimento.  E ainda nos arrogamos doutos e sábios. Alguns até olham os “crédulos” com indisfarçável desprezo, tratando-os com condescendência e ironia. Faz parte da pose de douto e sábio ser incrédulo. Combina e faz charme.  

A propósito, para André Luiz o choque da passagem para outra realidade, tal como pode acontecer a qualquer momento, a qualquer um, abriu-lhe os olhos para realidades que não cogitara ou preferira ignorar. E não foi sem sofrimento que a consciência lhe cobrou uma reavaliação de valores e atitudes assumidas no mundo: “Em momento algum o problema religioso surgiu tão profundo aos meus olhos. Os princípios puramente filosóficos, políticos e científicos, figuravam-me agora extremamente secundários para a vida humana. (...) Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem.”  

Há que se concluir que por fé não queria exprimir a simples adesão a um segmento religioso, mas a consideração da transcendência de nossas vidas, com objetivos mais elevados que a simples luta pela sobrevivência. Nesta equação, a fé na existência de Deus e de um fio condutor em nossos destinos que nos aponta claramente para a evolução e o aperfeiçoamento constante do espírito, faz toda a diferença. Muda-se o referencial dos valores e a ordem das prioridades.
Em toda a sua obra, André Luiz mostra-nos, sobretudo, a realidade transcendental de que somos espíritos imortais envergando corpos físicos, com estes interagindo, influenciando-os e por eles sendo influenciados; para que com esta consciência não passemos para o outro lado assim como ele, que desabafa: “Enfim, como flor de estufa, não suportava agora o clima das realidades eternas”.  

Tal como o nosso escritor, vivemos o dia-a-dia na terra, cercados de facilidades ou de dores, preocupados com o amanhã de nossas mesquinhas necessidades, mas como se fôssemos assim viver pela eternidade. A brevidade da vida não nos toca.
Se nós somos apenas um subproduto da matéria que milagrosamente pensa ou se somos algo transcendente e consciente que, pelo contrário, anima a matéria, são conjecturas que não costumam tirar-nos o sono. No entanto, a cada minuto, a cada dia, mais nos aproximamos do confronto com a verdade final.