20 setembro 2009

A arte de não fazer nada.

Domenico de Masi, no seu livro "O ócio criativo" define o título do livro como sendo a junção entre trabalho, estudo e diversão. Segundo ele vivemos em uma sociedade paranóica por fazer. Trabalhar em excesso para conseguir coisas. O livro nos fala de pessoas que permanecem a vida inteira infelizes, em trabalhos que não trazem nenhum prazer, em relacionamentos mortos que só nos afastam cada vez mais dos nossos ideias espiritualistas.
Dalai Lama diz uma frase sensacional - Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.
A maioria de nós cria filhos competitivos, que desde cedo vivenciam vidas estressantes, cheias de regras, tarefas, fazer, estudar, competir, ser o melhor, num ciclo sem fim. Uma nota menor que a do colega pode gerar uma tempestade, mesmo que essa nota seja excelente. A neurose chega a ponto de alguns filhos absolutamente normais e tranquilos, serem taxados de bobos e estimulados a serem ansiosos, como se a ansiedade fosse a palavra mágica que conduz o mundo e gera vencedores.
A grande pergunta é, vencedor do que? Não podemos confundir a preocupação construtiva com a ansiedade destrutiva!
A medicina sabe de longa data que a reação física ao stress é permeada pelo aumento dos hormônios da glândula suprarrenal, o cortisol e a famosa adrenalina. Essa resposta fisiológica que nos coloca em posição de defesa, como se fossemos fugir causa algumas alterações clássicas como o aumento da frequência cardíaca, aumento da glicose (açucar) sanguínea e aumento o fluxo de sangue nos músculos entre outras. De forma simples e eventual, essa resposta é ótima e constitui um grande avanço na evolução da raça humana, porém se essa resposta se torna frequente e crônica as consequências são desastrosas para o organismo, aumentando as chances de Diabetes, Hipertensão, Infarto do miocárdio e Acidente vascular cerebral (Derrame).
Paulo nos fala na carta aos Hebreus 11:1, que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem, nos dando o maior de todos os antítodos ao stress e suas funestas consequências. Esperar na fé. Só isso. Na maioria das vezes, é só disso que precisamos. Se conseguimos esperar com tranquilidade as situações desesperadoras podem se transformar em bençãos nas nossas vidas. Mas se nos entregamos ao desequilíbrio, além de não colhermos a lição enviada para o nosso crescimento, adoecemos após a liberação contínua e desregrada de todos os hormônios do stress.
Infelizmente, nos dias atuais, a necessidade de estar fazendo muita coisa fala mais alto. Mulheres se desesperam quando não conseguem trabalhar e acham que cuidar de filhos é pouco, como se a maternidada já não fosse trabalho suficiente, além de a mais importante de todas as obrigações. Homens arrumam 3 turnos de trabalho para dar uma vida melhor aos seus, permanecendo dias sem trocar uma palavra com os filhos.
Em alguns momentos simplesmente não devemos fazer nada e isso pode ser ótimo. Não transforme sua vida em um carrosel maluco que anda em círculos a mil por hora. Pare um pouco, reflita melhor. Tente não fazer absolutamente nada sem se culpar pelo menos uma vez por semana. A vida física só tem sentido se espiritualmente estamos evoluindo.
Paz e luz!

Um comentário:

CEAG disse...

Muito bem colocado. Precisamos acordar para essas realidades, nos desligando do turbilhão da sociedade materialista e trabalhar não somente pelo dinheiro, mas pela felicidade e realização. "Toda ocupação útil é trabaho", segundo disseram os espíritos da codificação a Allan Kardec.