Fonte : Núcleo Espírita Nosso Lar
Quando realizou seu trabalho na Codificação, Allan Kardec colocou a existência do corpo espiritual como sendo um dos alicerces no qual se assentava a fenomenologia mediunica.
Chamou esse corpo de ''perispírito'', designando-o como o elo invisível, fluídico, a unir o princípio espiritual ao princípio material.
Disse tratar-se do veículo transmissor do desejo do Espírito ao corpo físico, como também das impressões desse último à apreciação do próprio Espírito.
Concluiu também, que o corpo espiritual é feito de uma variação do fluido universal, retirada do orbe onde o Espírito está encarnado.
Sem o perispírito, disse o Codificador, o Espírito, fundamentalmente abstrato, não poderia agir sobre a matéria, ficando impossibilitado de encarnar-se para vivênciar suas experiências evolutivas.
Explicou ainda, que o corpo espiritual exerce um papel muito importante na saúde física, pois alterações na sua estrutura fluídica são capazes de perturbar a ordem molecular no corpo carnal, podendo levar ao enfraquecimento orgânico e originar doenças.
Em um de seus estudos, publicado na Revista Espírita, ano de 1866, Allan Kardec demonstrou que o corpo material e o espiritual são provenientes da mesma fonte, isto é, do fluido básico universal.
''A natureza íntima da alma, isto é, do princípio inteligente, fonte do pensamento, escapa completamente às nossas investigações. Mas sabe-se agora que a alma é revestida de um envoltório ou corpo fluídico, que dela faz, após a morte do corpo material, como antes, um ser distinto, circunscrito e individual.
A alma é o princípio inteligente considerado isoladamente; é a força atuante e pensante, que não podemos conceber isolada da matéria senão como uma abstração.
Revestida de seu envoltório fluídico, ou perispírito, a alma constitui o ser chamado Espírito, como quando está revestida do envoltório corporal, constitui o homem.
Ora, posto que no estado de Espírito goze de propriedades e faculdades especiais, não cessou de pertencer à humanidade.
Os Espíritos são, pois, seres semelhantes a nós, pois cada um de nós torna-se Espírito após a morte do corpo, e cada Espírito torna-se homem pelo nascimento.
"Esse envoltório (o perispírito) não é a alma, pois não pensa: - é apenas uma vestimenta; sem alma, o perispírito, assim como o corpo, é uma matéria inerte privada de vida e de sensações.
Dizemos matéria porque, com efeito, o perispírito, posto que de uma natureza etérea e sutil, não é menos matéria como os fluidos imponderáveis e, demais, matéria da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria tangível, como logo veremos'' - (Revista Espírita, número de março de 1866, artigo "Introdução ao estudo dos fluidos espirituais", item 4).
A Codificação espírita revelou os princípios básicos a respeito de todas as questões importantes para quem pratica, estuda e pesquisa o Espiritismo.
Consultando "O Livro dos Espíritos" pode-se encontrar instruções capazes de apontar rumos a serem seguidos no estudo das operações espirituais.
São perguntas e respostas que dão a entender que o perispírito é algo mais que uma massa fluídica homogênea e que o fluido perispiritual se divide entre os órgãos do corpo físico.
Na questão 137, por exemplo, Kardec pergunta aos Espíritos superiores se poderia haver uma divisão do Espírito durante a reencarnação:
Pergunta: - O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos diferentes?
Resposta: "Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes".
Na questão 140, logo à frente, indaga:
Pergunta: - Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma das diferentes funções do corpo?
Resposta: "Isso depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se o Espírito quando encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível: ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir".
Na questão acima, o Codificador aprofunda a questão 137 e pergunta ao Espírito de Verdade sobre a possibilidade da alma se dividir em tantas partes quantas fossem os órgãos do corpo carnal, durante a encarnação. A entidade responde que tudo dependia do sentido que se atribuía à palavra "alma". Se por ela se entendia o fluido vital, estava certo. Quer dizer, haveria uma divisão fluídica dos fluidos perispirituais (fluido vital) em torno dos órgãos materiais. Se por ela se entendia o "Espírito", estava errado, pois tinha afirmado anteriormente que o Espírito era indivisível.
Na questão 140-A, o Codificador complementa:
"A alma age por meio dos órgãos e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles e, com mais abundância, nos que são os centros ou focos do movimento".
As obras subsidiárias do Espiritismo também nos trazem importantes revelações sobre a estrutura do perispírito. Nesse estudo, a opção de pesquisa foram os livros psicografados por Francisco Cândido Xavier, devido à reconhecida idoneidade do médium. Em várias mensagens publicadas nas suas obras, os seus guias espirituais revelaram que o perispírito trata-se de uma organização fluídica complexa e que o corpo carnal seria um grosseiro reflexo dele.
Vejamos o que diz, por exemplo, André Luiz, no livro "Evolução em Dois Mundos": - "Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação" - (Capítulo 2, Corpo Espiritual, item Retrato do Corpo Mental).
"Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre" - (Capítulo 4, Automatismo e Corpo Espiritual, item Gênese dos Órgãos Psicossomáticos).
Pergunta: Qual a importância existente entre o baço e o centro esplênico, se o baço pode ser extirpado sem maiores prejuízos à continuação da existência do encarnado?
Resposta: Compreendamos que a extirpação do baço em sua expressão física no corpo carnal não significa a anulação desse órgão no corpo espiritual e que, interligado a outras fontes de formação sangüínea no sistema hematopoiético, prossegue funcionando, embora imperfeitamente, no campo somático atento às articulações do binário mente-corpo - (Capítulo Corpo Espiritual e volitação, 7ª questão).
Resposta: Compreendamos que a extirpação do baço em sua expressão física no corpo carnal não significa a anulação desse órgão no corpo espiritual e que, interligado a outras fontes de formação sangüínea no sistema hematopoiético, prossegue funcionando, embora imperfeitamente, no campo somático atento às articulações do binário mente-corpo - (Capítulo Corpo Espiritual e volitação, 7ª questão).
Embora tais revelações mediúnicas não tenham a chancela do Controle Universal dos Espíritos, essas mensagens fornecem indícios lógicos e racionais mostrando que o perispírito é de fato um organismo complexo, dotado de células e de tecidos.
E, o que é mais interessante, de órgãos funcionais, como aqueles que se têm no corpo físico. Mas, será que são reais? Sim, tudo indica que são tão verdadeiros como os do corpo carnal, só que constituídos por uma estrutura material menos densa.
Tanto um como o outro são obras milenares construídas pelo pensamento do Espírito na sua ascensão para Deus.
Chega-se assim à definição que: o perispírito é o elo fluídico que une o corpo físico ao Espírito, permitindo sua atuação no meio material; que é o veículo das sensações, dando condições ao Espírito de se comunicar com o meio exterior onde existe; que reflete o corpo mental do Espírito; que o corpo carnal é um reflexo do perispírito; que esse corpo possui órgãos fluídicos criados pela projeção do próprio Espírito, tão reais quanto os órgãos do corpo carnal.
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