O envelhecimento é um processo
biopsicossocial que começa desde que nascemos. Preciso crescer para dar espaço
ao irmão que está chegando na família. Para ir para a escola, também preciso
crescer para dar conta de vivenciar essa situação e lidar com tanta novidade.
Crescer nos faz envelhecer lentamente. A possibilidade de vivermos por muitos
anos nos permite contar com experiências de vida, que pode nos permitir lidar
melhor com situações adversas, além de poder contar interessantes histórias
para os nossos descendentes.
Entretanto, o envelhecimento após a fase adulta, é
uma das mais difíceis tarefas do desenvolvimento humano, pois nos faz ter que enfrentar
as limitações físicas e a morte. Além do mais, envelhecer na nossa sociedade
moderna em que se cultiva o ser jovem, se torna uma tarefa desafiadora.
Com qual idade você vai se sentir
velho? Pode ser quando sentir que não
tem mais a energia e disposição de quando era mais jovem; quando perceber mais
acentuadas as marcas de expressão no seu rosto; quando o assunto sobre doenças
começa a tomar conta das conversas com os amigos; quando os seus compromissos
com os horários estiverem sendo definidos pelas medicações que precisa tomar; quando
as perdas por mortes de parentes e amigos começam a ter uma frequência maior.
Essas são algumas das inúmeras perdas que com o passar dos anos vamos
adquirindo. São perdas significativas que a longa vida nos oferece, sem que
tenhamos o direito de recusa.
Todas as perdas concretas e
simbólicas dessa fase de desenvolvimento evolutivo requerem o enlutamento, ou
seja, um processo de luto. Para tal, a perda precisa ser reconhecida pela
própria pessoa e pelas pessoas do seu convívio familiar e social. O luto é um
processo psíquico na elaboração de qualquer tipo de perda significativa.
Elaborar o luto é imprescindível como prevenção ao adoecimento físico e,
especialmente psíquico, como a ansiedade, a depressão e o suicídio. O cuidado
com o processo de luto dos idosos é imprescindível, pois as estatísticas
apontam um alto índice de suicídio na velhice.
O idoso pode ter dificuldades para
vivenciar o processo de luto, devido a inabilidade em falar sobre a dor
relacionada à perda. Além do mais, ele precisa de tempo para se reorganizar
emocionalmente diante uma perda. O tratamento respeitoso diante as necessidades
do idoso favorecem a elaboração dessas perdas que ele estiver vivenciando e na
qualidade de vida que ele merece.
O idoso precisa ter oportunidade de
realizar novas atividades para renovar a capacidade de sonhar, realizar e
reconhecer que existe possibilidade de viver bem acreditando no futuro.
Cristiane C. Neves é psicóloga, especializada em luto e coordena o grupo terapêutico Vivenciando o luto na Comunidade Espírita Ramatís.
Cristiane C. Neves é psicóloga, especializada em luto e coordena o grupo terapêutico Vivenciando o luto na Comunidade Espírita Ramatís.
Nenhum comentário:
Postar um comentário