Enfim se avizinha o milênio no qual não mais erigiremos tótens aos deuses ou espíritos mas sentiremos o “Deus em Nós” como disse o grande mestre Jesus. A grande procura da Verdade Exter- na deverá ser substituída pela percepção da Luz que pulsa no inconsciente puro de todos nós.
A visão estreita do criacionismo cederá à compreensão do evolucionismo espiritualista ou neo-evolucionismo.
O destino e a responsabilidade dos seres deixará de ser atribuída a Deus para ser assumida pelos próprios indivíduos. A concepção medieval do religiosismo institucionalizado, que grassa qual erva daninha nos canteiros da nossa morada planetária, cederá lugar a religiosidade sem cultos externos mas expressa no amor universal.
Na história do nosso planeta, muitos emissários do alto renasceram em períodos críticos, ou momentos especialmente favoráveis, com o fito de impulsionar a evolução do nosso orbe. Comunidades inteiras também foram deslocadas para o nosso globo vindas de outro astros e até de outras constelações, procurando acelerar o processo evolutivo terráqueo. Vieram conviver conosco, contribuindo, para que pudéssemos galgar novos degraus na escada do progresso. Anjos espirituais, ou simplesmente amigos mais sábios e bondosos, tais como Emmanuel, assim se referem a civilização egípcia primitiva e a judaica bem como aos arianos e hindus de épocas remotas.
Os povos citados apesar de estarem aqui renascendo como degredados planetários, ou “expulsos de um paraíso”, cumpriram em nosso meio aspecto missionário qual seja o de sacudir os terráqueos da sonolenta caminhada na estrada do progresso.
Sob a orientação sábia e amorosa do Cristo, entidade responsável pelo nosso planeta, continuaram a aportar na Terra, periodicamente ao longo da história, grupos de espíritos que se localizaram em determinadas regiões ( ou países), formando bases sólidas em terrenos propícios para edificar a construção de sociedades mais justas e sábias no contexto de nossa humanidade terrestre.
O projeto “celestial” do crescimento rumo a sabedoria e a felicidade é amplo, visa atingir todas as criaturas. Não há “povo eleito” (ou nação privilegiada), todos que assim se consideraram ruíram fragorosa e vergonhosamente. O grande mestre, quando aqui esteve vestindo a roupa física do filho de José e Maria já nos dizia: “Nenhuma das ovelhas se perderá”.
Cidades populosas do globo receberam, então, pelas vias da reencarnação, inúmeros homens cultos e generosos. Filósofos, artistas e outros iluminados procuraram despertar a sensibilidade humana em todos os recantos de nossa morada terrestre.
Brilhantes mestres do cérebro e do coração criaram assim, diversas escolas na Grécia antiga assumindo o leme intelectual do barco terreno. A Verdade Universal, que não tem conotação religiosa sectária, foi pregada às multidões. A partir das terras helênicas foi novamente despertada a cultura, a democracia e os diversos valores da vida harmoniosa e fraterna foram cantados em prosa e verso. A Grécia antiga era, na época, a esperança de renovação da consciência planetária. Inúmeras verdades foram semeadas por Sócrates e outros plantadores do verbo divino do amor e da sabedoria.
No entanto, faltaram braços para as colheita sucessivas e os frutos luminosos acabaram por se perder.
Séculos mais tarde...
A família romana ergue-se cheia de tradições belas, como o respeito a figura da mulher e a compreensão dos deveres do homem. Aprimoram-se os vínculos familiares e os conceitos de virtude em relação a própria Grécia.
Institui-se a liberdade religiosa sendo o Panteão o exemplo clássico da tolerância; no seu templo chegam a existir estátuas de trinta mil deuses diferentes.
Patrícios e plebeus após agitadas desavenças conseguem equilibrar-se no respeito mútuo em leis que expressavam avanço na área dos direitos humanos. A Lei Canuléia passa a permitir casamentos entre patrícios e plebeus. A harmonia se desenvolve chegando até a Lei Ogúlnia que possibilitaria aos plebeus, também, exercerem funções sacerdotais.
As falanges de luz, em todas as épocas da história, exerceram intenso trabalho junto a comunidades e povos visando implantar, em inúmeros projetos, núcleos de paz, harmonia, justiça e sabedoria.
Voltemos os olhos para o Egito atual. Há neste respeitável país muito pouco do brilho proveniente da luz intelectual e moral do seu passado que assombrou a humanidade.
A saudosa Grécia de Péricles, que teve em Sócrates seu expoente maior, hoje se nivela a inúmeros países do nosso globo terrestre.
Nossa querida Roma de tempos remotos, também, desviou-se do planejamento elevado que os espíritos de luz lhe oportunizaram. Da administração enérgica, plena de sabedoria e justiça, a antiga água cristalina esvaiu-se na sede do poder e poluiu-se na corrupção mais vil. O Panteão democrático cedeu lugar a Inquisição de triste memória.
“Brasil, coração do mundo e pátria do evangelho”, mais uma das tentativas em se estabelecer um núcleo de fraternidade, tolerância, amor e sabedoria. Diz o adágio popular: “O destino só a Deus pertence”. Pobre ilusão! Se o destino só a Deus pertencesse, com certeza não haveria estupros, torturas, crimes hediondos ou suicídios.
É preciso que acordemos do sono medieval no qual ainda vemos Deus como um ser emocional passível de ser agradado ou desagradado por atos humanos. Deus é imutável!. A Força Universal ou o Amor Onipresente não se entristece nem se alegra, não pune nem premia. Seus atributos de onipresença e imutabilidade não interferem nos atos humanos.
O destino só a nós pertence. Faremos do Brasil, aquilo que nosso livre arbítrio quiser. Já se faz hora de não transferirmos para Deus nem para os espíritos o destino nem do país nem de nós mesmos individualmente.
Naturalmente, as emanações de luz sobre todos nós são contínuas. São inúmeros os mensageiros do amor e da sabedoria que renascem em nossas terras propagando a paz e estimulando o exercício saudável da razão.
Tomemos cuidado para não infantilizarmos conceitos maiores nos acreditando melhores do que nossos vizinhos de fronteira ou de outros continentes. Qualquer olhadela mais lúcida e atenta aos jornais demonstra que por aqui não são raros desvios graves em todos os sentidos do bom senso e da ética universal.
Projetos são projetos não são ainda fatos.
Abandonemos qualquer idéia que nos recorde, mesmo que de longe, a concepção absurda de povo eleito ou terra santa.
Na matemática do destino é preciso somar trabalho e bom senso sem subtrair as percepções da realidade, evitando divisões desnecessárias para multiplicar os resultados na tabuada do amor.
Dr. Ricardo Di Bernardi
Presidente da AME SC
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