04 agosto 2006

Plenitude e Equilíbrio: Sabedoria para a mulher viver bem cada ciclo de sua vida! PARTE 1 - PRIMAVERA



Cíclica como a lua, a mulher vivencia intensamente cada fase de sua vida, transformando-se corpo, mente e espírito em novas e profundas metamorfoses.
Como um círculo sem começo nem fim, as fases do desenvolvimento feminino se assemelham às estações do ano.
A primavera é a puberdade, a primeira menstruação, passagem importantíssima de criança para mulher, data muito especial que deve ser honrada e celebrada: ela está se tornando como sua Mãe Terra, capaz de renovar e nutrir vida. Profundas mudanças hormonais em sintonia com o fluir da vida, preparam o corpo da menina-moça para esta grande transformação. O primeiro sangue menstrual assinala que é chegada a hora de se levantar sozinha e dar início ao desafiante processo de descoberta de quem ela é e o que ainda se tornará. É um período tumultuado, agravado pela nossa cultura que desvaloriza e preenche de valores negativos o sangue menstrual que em outras culturas é símbolo de poder, força e vitalidade. A menina/moça/mulher vive períodos geralmente tumultuados, muitas experimentam a dor da não aceitação desta novidade, a vergonha, o “incômodo”, o desconhecimento de si própria, o afastamento do pai, o medo da perda da infância. Muito importante neste momento é a presença da mãe, das avós, a postura amorosa e afirmativa do pai, as conversas com as amigas,a troca de conhecimentos na escola, a consulta com o médico, o terapeuta, atentos e preparados. É preciso proporcionar a esta menina/moça/mulher, um “campo de presença” em que ela possa se permitir vivenciar a dor e a alegria deste momento definitivo e marcante de sua vida.

Os sintomas são geralmente proporcionais ao grau de plenitude e equilíbrio que ela possa experimentar neste momento. Ao sangrar, o útero nos chama pra dentro, para o nosso interior e as cólicas quando presentes, podem ser aliviadas ao aquecermos o nosso ventre, ao nos permitirmos o repouso que o corpo necessita e pede, ao acolhermos nossa natureza feminina e ao honrá-la com reverência.

É antigo e sabidamente eficaz o uso das ervas medicinais - a Fitoterapia, da Homeopatia e da Acupuntura. Auxiliares poderosos são também a Meditação e a Yoga, os círculos de mulheres, as ginásticas terapêuticas, os exercícios físicos orientados, o contato com a natureza, a alimentação leve e saudável. Muitas vezes basta nos tornarmos mais “presentes” no nosso corpo, tomando consciência da respiração, de cada parte e do todo, permitindo um mergulho da mente para o útero, de fora pra dentro. E tudo isto não requer muito tempo ou condições especiais. Este “pit-stop” de consciência corporal pode ser realizado a qualquer momento, em casa ou na sala de aula, no ponto do ônibus, no carro, na rua ou até num shopping movimentado.

A menstruação não é uma sangria inútil, ela é um procedimento natural de purificação do corpo, de morte e renascimento das células, de fortalecimento e preparação do corpo feminino que um dia, mais tarde, vai gerar e nutrir outras vidas.

Antigamente, quando os seres humanos estavam mais próximos e integrados a natureza, as mulheres de uma mesma comunidade, menstruavam ao mesmo tempo e todo o ciclo acompanhava o movimento e os ciclos da lua. Hoje, inúmeros são os movimentos no sentido de resgatar esta proximidade, de restabelecer este fluxo vital e buscando uma re-aproximação com a natureza.

A puberdade traz em si o germe da iniciação sexual, o desejo que agora toma novos rumos, dirigindo-se para o outro, no preparo para a futura vida sexual plena. Toda esta metamorfose biológica é também acompanhada de profundas transformações emocionais e psíquicas. O que temos presenciado, em grande medida, são os transtornos ocasionados pela precocidade, o despreparo, a banalização, a superficialidade do encontro amoroso. Quanto mais referenciadas na família, quanto mais presentes e felizes são os pais, maiores são as possibilidades que as meninas/moças tem de iniciarem sua vida sexual de forma acertiva e plena.

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