17 fevereiro 2008

Auto-obsessão. Porque insistimos em nos sabotar?

Cada pessoa é aquilo que crê; fala do que gosta; retém o que procura; ensina o que aprende; tem o que dá e vale o que faz.
Sempre fácil, portanto, para cada um de nós reconhecer os esquemas de vivência em que nos colocamos.
Espírito: EMMANUEL
Médium: Francisco Cândido Xavier



A tentativa de associar a medicina tradicional com técnicas complementares tem nos mostrado uma faceta muito interessante das doenças, que é justamente a auto-obsessão, ou seja, essa nossa capacidade inata e nem sempre consciente de nos prejudicar, mantendo em nós mesmos aquilo que nos aflige. Muitas pessoas quando ouvem falar em obsessão pensam logo em espiritismo e influência espiritual. Mas aqui falamos de auto-obsessão, que acreditem, é bem mais comum do que imaginamos.

A influência espiritual na vida das pessoas é bíblica, não foi inventada pelo espiritismo. Quem lê os textos sagrados com cuidado percebe facilmente que era uma crença arraigada no povo judeu e outros, a influência de espíritos desencarnados, de "espíritos imundos" causando doença, loucura, idiotia, etc.

Não queremos menosprezar essa influência, pelo contrário, mas somente abordamos aqui o complemento dessa história, que diz respeito a esse auto-boicote, que nos faz manter padrões de comportamento, pensamentos e atitudes que nos prejudicam.

Dias atrás assistindo ao programa da Oprah Winfrey, a mais conhecida apresentadora americana, um psicólogo dava uma entrevista dizendo que "o crescente aumento de usuários de drogas, de álcool e de cigarro, assim como o aumento da obesidade, podem ter como causa comum a necessidade que temos de manter em nós o sofrimento". Ele citava um exemplo bem prático. "Fulano é obeso e diz que essa é a causa do fracasso no seu casamento. Se ele emagrecer e o problema não acabar pra onde vai a culpa?"

Em nossos núcleo de atendimento espírita, temos frequentemente nos deparado com situações como essas. A nossa ligação com o passado é tão forte, que simplesmente não conseguimos nos desligar de padrões de comportamento adotados em vivências diversas que já tivemos. Daí surgem os conflitos, dissociando o que aprendemos do que fazemos. É o famoso "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Todos temos esse comportamento em maior ou menor grau, e isso não se constitui em desvio de caratér ou falsidade, se dá somente pelo fato que vivenciamos no mundo inteiro uma abertura, uma mudança de paradigma que nos coloca frente a ensinamentos maravilhosos e nos provocam uma inequívoca vontade de mudança profunda.

Conhecereis a verdade e ela vos libertará, dizia o Cristo. Todas as religiões vivem esse momento especial, cada uma a seu modo. A ciência começa a se aprofundar no estudo da relação emoção X físico, a física quântica começa a nos indicar que existe mais do que a matéria que nos serve de roupa terrena. Quando entramos em contato com essa boa nova do terceiro milênio, onde o espírito sobrepuja o físico ficamos maravilhados, mas sentimos também o imenso caminho que ainda teremos de percorrer para alcançar a nossa libertação individual, para nos desprender do nosso passado de culpas e mágoas.

Essa caminhada deve ser feita com segurança, com muita compaixão por nossas dificuldades, nos tratando como tratamos um filho, ou nossos pais quando lhe sentimos uma falta. A auto-obsessão tem dois lados opostos, ambos maléficos. Podemos nos cobrar demais e transformar nossa vida num eterno "pecado". Tudo é errado. Ou podemos boicotar nossa evolução, nos agarrando em nossas convicções que nos mantém imantados a erros primários.

Maisa Intelisano também nos fala da auto-obsessão "reversa", aquela em que acreditamos ser ou fazer mais do que realmente somos e fazemos, aquela que conduz à fascinação auto-referente, aquela que, inconscientemente, nos faz pensar que somos especiais, superiores... Essa é ainda mais perigosa do que a primeira, pois nos ilude com uma falsa sensação de bem-estar, realização, bondade, etc., fazendo-nos crer que estamos felizes e saudáveis. A outra, por nos trazer desconforto, nos ajuda a buscar os pontos que precisamos mudar. Mas a "reversa", ao contrário, nos confunde com a falta impressão de que não precisamos mudar tanto assim.

Temos a eternidade para realizar nosso papel, mas podemos começar agora, nos libertando de preconceitos, de mágoas, de culpa, de raiva, e sendo gratos a Deus poe estarmos aqui, vivendo em um mundo tão repleto de oportunidades para ser cristão.

Paz e luz!

08 fevereiro 2008

Rituais e rotinas.- Dra Giselle Fachetti

A Doutrina Espírita prescinde de rituais de qualquer espécie por entender que a transformação íntima para o bem é que nos conduz a Deus e não qualquer fórmula exterior.
Entretanto, observamos que com o objetivo de preservar esse despojamento próprio da filosofia Espírita, alguns grupos consideram as rotinas de culto, ou sistematizações, como rituais.
A ordem com que se conduz um culto não é pré-determinada para as Casas Espíritas de uma forma geral. Cada unidade, em particular, tende a estabelecer rotinas que facilitem o trabalho comunitário e que permitam um melhor preparo vibratório para cada uma das diversas atividades desenvolvidas em sua estrutura.
Um ritual, segundo a wikipédia, é um conjunto de gestos, palavras e formalidades, várias vezes atribuídas de um valor simbólico, cuja performance das quais é usualmente
prescrita por uma
religião ou pelas tradições da comunidade.
Essa organização, sem dúvida, influi na qualidade dos trabalhos. Entretanto, qualquer sistematização redund
a em repetições de padrões, o que ao longo do tempo pode se transformar, inadvertidamente, em rituais ao incorporarem equivocadamente significados irreais.
Se o grupo não mantiver uma rotina de estudo e, principalmente, de reavaliações críticas periódicas, essas posturas confusas podem tomar proporções exageradas.
Isso aconteceu em todos os grupos religiosos que hoje são reconhecidos e
influentes. Eles ao crescerem e se hierarquizarem, passaram a absorver interesses outros que não apenas os puros ideais de fraternidade presentes nas origens desses movimentos.
Por isso, entendemos as preocupações de diversos lideres Espíritas, mas consideramos, por exemplo, o banimento da oração dominical nas sessões espíritas públicas, ou atitudes semelhantes, como exageros, por sua vez também equivocados.
A prece deve sempre ser sentida e não apenas repetida. Uma prece conhecida por todos, pode sim, ser recitada de forma uníssona, como um meio para que um grupo tenha sua vibração harmonizada, o que provavelmente potencializará exponencialmente sua eficácia.
Os dirigentes terão que ter o cuidado de sempre conclamar a assembléia de ouvintes para que tenham consciência de que aquela repetição não pode ser automática. Para isso, o estudo minucioso do sentido da oração escolhida deve ser refeito incansavelmente.
Além disso, não podemos deixar de reconhecer que ao repetirmos uma antiga oração estamos, também, reverenciando os grandes avatares do progresso humano, como o Mestre Jesus.
Eles misericordiosamente nos legaram as mais profundas, belas e significativas poesias em forma de prece, colaborando, assim, para nos aproximarem do Criador, pelo menos nos breves momentos em que nos dedicamos àquela prece em particular. Ao repetirmos os sublimes ensinamentos dos mestres iluminados os introjetamos, lentamente, em nossa consciência carente de luz.
Esse exercício, ao longo do tempo, terá certamente uma repercussão positiva que nos tornará capazes de contactar as esferas espirituais superiores através de atitudes mentais individuais e únicas. Possivelmente transmitiremos aos nossos descendentes essas experiências na forma de preces inéditas, que serão proferidas em honra do Criador nas assembléias de jovens livres dos preconceitos e amarras que ainda nos prendem às formas e fórmulas.


Giselle Fachetti Machado