14 dezembro 2015

SENTIR QUE ESTAMOS SENDO SENTIDOS. Dr. Milton Moura

SENTIR QUE ESTAMOS SENDO SENTIDOS
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Há algo interessante no mundo dos relacionamentos. Compartilhamos emoções! Aquilo que sai do partícular de cada um, o sentimento, pode ser percebido e até mesmo sentido por outros. Perceber o que o outro sente. Perceber também que o outro está nos sentindo. Essa é a base da empatia. Uma capacidade de visão mental que promove um verdadeiro escaneamento interno e externo. Cada pensamento promove um sentimento. O ciclo entre pensar e sentir – sentir e pensar – infinitas vezes, cria o Estado de Ser de cada um. Transmitimos aquilo que somos. É a nossa assinatura energética.
De alguma maneira precisamos sentir que estamos sendo sentidos. Criamos uma modificação no espaço que conecta a tudo e a todos. Lembram? A matéria corresponde a 0,0000001% de tudo e o espaço corresponde a 99,9999999% de tudo. Somos muito mais nada do que algo. Irônico isso? Dar mais importância a 0,0000001%. Não estamos esquecendo algo? O espaço que é onde nascem todas as possibilidades. Percebam que o espaço que permeia as minhas células é o mesmo espaço que permeia as suas células. Somos conectados pelo espaço.
A todo instante estamos realizando um verdadeiro “mapeamento” do outro e também de nós próprios. Em qualquer relacionamento – para que exista o compartilhamento de emoções – necessitamos da capacidade de auto “mapeamento” e também de “mapear” o outro, ou seja, criar uma “imagem” que represente ambos. Essa é a base da visão mental. Durante qualquer experiência que envolva relações interpessoais a visão mental está presente fazendo um levantamento das informações e energia do próprio corpo e simultaneamente realizando um levantamento das informações e energia do outro.
Há uma espécie de “ressonância” mediada pelas emoções que podem ser compartilhadas de forma não verbal e que são fundamentais para a “percepção” do outro. É como se cada um de nós, como observadores, fossemos cocriadores uns dos outros. Somos sujeito e objeto simultaneamente em qualquer relacionamento. A emoção/sentimento “permeia” essa observação simultânea e consegue-se criar um mapa de “nós” em cada relacionamento. Essa ressonância ocorre em um relacionamento entre mãe e filho(a), entre namorados, entre amantes, entre amigos, entre grupos, entre comunidades, entre sociedades, entre cidades, entre países, entre… todos.
Agora, imagine por um instante se perdessemos a capacidade de sentir que somos sentidos. O que aconteceria? Indiferença? Frieza? Mecanicidade dos movimentos? Incapacidade de criar um mapa do outro? Exatamente isso. Estamos todos interconectados por uma realidade fundamental. Estamos todos permeados por um espaço inteligente e rico energeticamente. Diante desse conhecimento, podemos aprimorar a capacidade de autopercepção e também de perceber o outro. Somos todos conectados. A importância de sentir a si mesmo e sentir o outro é a base de qualquer relacionamento.
Cultivemos, então, excelentes relacionamentos entre todos nós. Que possamos transformar nossas reações emocionais negativas em emoções positivas de amor, gratidão, admiração pela vida para que cada vez mais isso torne-se a “substância” principal de nossos mapeamentos mútuos, aumentando a vibração e permitindo que haja uma expansão da compreensão da vida.
Milton Moura é autor do site Criatividade quântica. Médico cardiologista e ativista quântico, é também um estudioso da neurociência. - http://drmiltonmoura.com/about/

09 dezembro 2015

Depressão uma visão Espiritual não ortodoxa - Adilson Lorente

A quantos afeta
Segundo pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde, (OMS), em 2013, estima-se que 400 milhões de pessoas, cerca de 7% da população mundial, sofriam de depressão a cada ano.  Verificavam-se à época mais de 850 mil suicídios por ano em decorrência de depressão. Esses dados foram revelados pelo ex-secretário geral das Nações Unidas, na abertura do seminário “A crise Global de Depressão” promovido pela revista britânica “The Economist”.
 No Brasil, a estimativa muito otimista era que cerca de 10% da população sofria de depressão. Otimista por basear-se em dados de pessoas já diagnosticadas. Deve-se observar que a maioria dos deprimidos não foi diagnostica ou sequer sabe que sofre ou sofreu por depressão. A consequência para elas é, geralmente, a falta de tratamento ou terapia pouco adaptada.
Esse índice, no entanto, sobe para 18% da população brasileira, segundo um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo que avaliou a prevalência de distúrbios psiquiátricos na região metropolitana da cidade, baseado em 5.037 entrevistas, com perguntas capazes de revelar se o entrevistado passa ou já passou por essa condição. 
 O fato é que “a depressão grave revela-se um problema de saúde pública em todas as regiões do mundo”, conforme concluiu o último relatório sobre esse transtorno feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 18 países, de alta e de baixa renda, incluindo o Brasil, ao final de 2011.
Segundo o relatório, aproximadamente 14,6% da população dos países com alta renda já teve depressão em algum momento da vida. Já entre o grupo de renda baixa e média, 11,1% das pessoas apresentou o distúrbio em algum momento.
Se projetarmos para o Brasil os dados da pesquisa Megacity, portanto, temos mais de 36 milhões de pessoas afetadas em diferentes graus, em algum momento da vida. Muitas delas ficaram incapacitadas para a vida produtiva e com sérias dificuldades nas relações familiares.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) projetava que em 2030 a depressão a primeira maior causa de incapacitação no mundo. Mas reviu suas conclusões, e em 2030 poderá ser a primeira.
            Além disso, os pesquisadores observaram que, nos países mais ricos, a idade média de início dos episódios de depressão é 25,7 anos, contra os 24 anos dos menos desenvolvidos, onde o Brasil se inclui. Nos países com alta renda os jovens são o grupo mais vulnerável. Já nos outros lugares os idosos mostraram maior probabilidade de ficar deprimidos.
Nos dois grupos – jovens e idosos -  a separação de um parceiro foi o fator mais importante. A ocorrência foi duas vezes maior em mulheres e a incapacitação funcional mostrou-se associada a manifestações recentes de depressão.  

Como saber se alguém ou nós mesmo estamos deprimidos?
Podemos saber se alguém está efetivamente deprimido e necessitando de tratamento para superar essa patologia, quando observamos, por mais de duas semanas, que a pessoa:
·      Sente-se triste a maior parte do dia, quase todos os dias;
·      Culpa-se em demasia pela própria doença e até mesmo pelos problemas dos outros e por problemas do passado;
·      Sente-se sem vontade (ânimo) para fazer as tarefas habituais, seja trabalhar fora ou cuidar dos filhos e realizar tarefas essenciais - coisas que normalmente faria sem dificuldades e até com prazer;
·      Apresenta o desejo de fuga da vida, querendo ficar sozinha o máximo possível. Evita o convívio social;
·      Quando acorda não têm vontade de sair da cama;
·      Tem insônia ou hipersonia (vontade excessiva de dormir);
·      Sente-se fracassada, sem valor, inútil, e despreza seu valor como pessoa;
·      perda do desejo sexual;
·      Não tem esperança de que a situação melhore.
A pessoa com depressão também pode ter crises de choro injustificadas, desejo de morte, irritabilidade, dificuldade de tomar decisões, de começar e/ou de terminar tarefas iniciadas.
Aqueles que estão deprimidos sentem-se muito tristes e envoltos por pensamentos negativos sobre si mesmo e a vida de forma geral. Podem ainda sentir palpitação (desconforto cardíaco), constipação, dores de cabeça e dificuldades digestivas. Sentem-se sem energia para fazer o que precisam, têm dificuldade de concentração, alterações no apetite, sentem-se lentas para a realização de atividades físicas e mentais.  Pode ser que a pessoa não tenha todos esses sintomas e, se tiver a maioria deles, eles podem não ocorrer simultaneamente.
Normalmente, as pessoas deprimidas acham que trata-se de uma dificuldade passageira e custam a admitir que estão doentes e procurar ajuda especializada de um psiquiatra ou de um psicólogo.
Períodos de melhora e de piora são frequentes e, muitas vezes, servem para adiar a procura por tratamento. A decisão só vem quando os sintomas ficam graves e as questões de convívio se tornam quase insuportáveis.

Causas da Depressão
            Para facilitar o entendimento das causas da depressão, podemos classifica-la em três grupos, de acordo com as suas causas:
No primeiro grupo (depressão de causa exógena), estariam aquelas desencadeadas por fatores externos: separação de casais, perda de entes queridos, perda do emprego e dificuldade de reempregar-se, viver situações de extremo estresse por um período relativamente longo (cuidar de pessoas enfermas e dependentes, relações conjugais violentas), frustrações em objetivos que elegeu como fundamentais para a própria realização. Podemos incluir aqui um tipo de depressão que se associa à menopausa na mulher e outro que afeta principalmente os homens quando se aposentam. Ocorre especialmente quando ambos olham à frente e não vêm uma perspectiva existencial satisfatória, seja por razões materiais, efetivas ou por se sentirem inúteis, e sentem insegurança/medo em relação ao futuro

No segundo grupo, visualizamos as depressões desencadeadas por doenças que incapacitam o indivíduo parcial ou totalmente, como AVC, câncer, doenças autoimunes, perda de membros, de visão ou audição, dependência química, hipotireoidismo.

Num terceiro grupo, que coloco aqui como uma visão pessoal, incluirei as depressões de natureza espiritual que podem estar relacionadas a esta vida ou a vidas passadas. São eles:
1)  Ex-suicidas de outras vidas que, quando chegam próximo da idade em que deram fim à existência anterior, emerge em suas consciências o quadro de sofrimento do passado, causando forte depressão que pode leva-las a repetir o ato.
2)      Espíritos que sentem no fundo da alma que traíram os objetivos para o qual vieram nesta existência, optando por caminhos mais ligados ao sucesso material, algumas vezes por meios pouco éticos ou ilícitos mesmo. A maioria deles vive angustiada, alimentam forte sentimento de culpa e remorsos por atitudes em relação às criaturas cuja confiança traíram ou abandonaram ao longo da existência.
3)         Espíritos que consideram a existência terrestre um palco de sofrimento apresentam muita dificuldade de adaptar-se à vida, de escolher uma carreira profissional e de lutar pelo sucesso profissional de manter relação afetiva por tempo razoável. São extremamente pessimistas sobre a vida e suas próprias possibilidades e isso o afasta de amigos e de afetos, levando-os a uma extrema solidão. Muitos dos jovens deprimidos se enquadram nesta condição.
4)         Espíritos que trazem, no inconsciente, sentimento de culpa e remorsos por ato cometidos em vidas pretéritas, que são explorados por suas vítimas do passado, hoje cruéis verdugos sedentos de vingança. Esses obsessores Impõe às suas vítimas “a sua vontade férrea, ressuscitando no campo do inconsciente profundo lembranças amortecidas pelo cérebro, descortinando tristes acontecimentos que os fazem delirar, debatendo-se ante o assalto de recordações antigas e as ocorrências atuais.  Esse quadro que pode resultar em esquizofrenias gravíssimas nos é relatado pelo espírito de Vitor Hugo através da mediunidade fidedigna de Divaldo Franco, no livro Árdua Ascenção.    
Em todos os grupos, a medicina detecta deficiência de alguns neurotransmissores cerebrais, como a serotonina, a dopamina e outros. Pessoalmente, não vejo essa deficiência de neurotransmissores como causa da depressão, mas como consequência.
Como obter ajuda para enfrentar a depressão
Os males da mente são os mais prejudiciais e limitantes entre todos os grupos de doenças. No grupo das doenças mentais a depressão é hoje a mais incapacitante das doenças, segundo os últimos dados a OMS apresentados pelo diretor do Instituo de Psicologia Clínica e Psicoterapia da Technische Universitaet de Dresden, na Alemanha, Dr. Hans Ulrich Wittchen.
Portanto, nos casos de depressão grave, conhecida como 'depressão maior', é indispensável o tratamento medicamentoso com o psiquiatra. Em todos os casos, é recomendável o atendimento psicológico. As técnicas complementares como a boa alimentação, higiene do sono, terapia ocupacional e atividade física aumentam a eficácia do tratamento.
Depressão pode: levar à incapacidade funcional, comprometer relações familiares de forma irremediável e até levar ao suicídio. Quanto mais rápido reconhecermos e tratarmos a doença, menos sofreremos e mais rapidamente poderemos sair dela.
Iniciado o tratamento, seja consciente e perseverante. À medida que você recuperar-se, o profissional que o trata – sendo ético e competente - certamente vai preparar uma estratégia para você ficar livre dos remédios, diminuindo gradativamente suas doses até a retirada completa, se possível. Não interrompa o tratamento com remédios psiquiátricos por conta própria. Há uma chance muito grande você passar por uma crise, que exigirá dosagens iguais ou maiores do que aquelas que estava tomando anteriormente.
Tomar remédios pelo tempo que for preciso para suprir as quantidades de neuro-hormônios que nos faltam pode não ser um caminho muito agradável, mas é extremamente necessário e pode nos levar a sofrer muito menos.

Uma visão espírita da questão
Se sabemos que pensamentos e sentimentos constroem nosso   ânimo e beneficiam ou prejudicam nossa saúde, certamente podemos nos ajudar. Manter pensamentos e sentimentos construtivos e saudáveis é uma luta cotidiana de todos que querem se manter bem. Se precisarmos da ajuda de uma leitura, de uma música, de uma atividade física, de um amigo, um passe espiritual, ou de uma desobsessão, sejamos práticos.
           


André Luiz nos ensina que os estados mentais – medo, culpa, remorso, frustração, raiva, só para citar os mais envolvidos na depressão – são projetados no organismo humano através dos bióforos, que são unidades de força psicossomáticas localizadas nas mitocôndrias – organelas que existem em alguns tipos de células que funcionam como “caixa de força”, pois produzem energia para todos as atividades celulares.  O termo bióforos foi criado por Augusto Weismann (1834-1914) para referir-se aos elementos constitutivos básicos das estruturas vivas
Emmanuel referenda este ensinamento acrescentando que a depressão interfere na mitose celular, podendo contribuir para o aparecimento de câncer e outras doenças imunológicas, sobretudo a deficiência imunitária. A medicina também confirma esta última assertiva integralmente. Pessoas deprimidas ficam com seu sistema imunológico fragilizado e muito mais sujeitas a infecções e outras doenças que dependem do seu bom funcionamento.
Acredito que esses condicionamentos energéticos emanados do espírito alcançam os sistemas endócrino, nervoso, imunológico e mesmo de multiplicação célula (mitose), comprometendo seu desempenho. Essa é a raiz não só das deficiências de neurotransmissores, mas de todo o conjunto de mal estar físico associado à depressão, como veremos a seguir.
            Na depressão há uma perda de energia vital, que deixa o organismo debilitado.
            Nosso corpo, como sabemos, é comandado pelo nosso espírito. Veja a visão carinhosa e esclarecedora de um espírito amigo:
            Depressão – diz ele – é o desamor da alma por si mesma, pela vida, e suas perspectivas de realização e de felicidade. Sem amor e sem esperança, a criatura deixa de assimilar energia vital do cosmos. A sua vontade e motivação de viver enfraquecem.
            Mas como reverter essa situação?

Convivendo coma depressão
            A depressão chega sem aviso e atinge homens e mulheres em qualquer idade, de crianças a pessoas com mais de 70 anos, passando por jovens muito saudáveis. Quando chega, exige que o espírito se resolva e se depure, a partir do confronto com os fatores que lhe enfraquecem emocional e fisicamente. Além do tratamento médico e espiritual, muitas atitudes, contudo, podem mudar favoravelmente a forma como a depressão será vivida e superada.
Comece repensando a questão do amor próprio. Gostar de si mesmo e valorizar a própria vida – é condição necessária para que um indivíduo tenha vontade de viver e de realizar-se, empregando suas potencialidades com esse objetivo. Deus não criou ninguém incapaz para a vida.
A felicidade, por sua vez, não é uma porta aberta esperando entrarmos, mas uma perspectiva a ser construída e sustentada ao longo da vida por atitudes que tenham valor para nós e para nosso próximo e que irão compor a nossa história.
Precisamos sonhar e construir as condições para realizar nossos sonhos. Para isso, temos de acreditar em nós mesmos, em nossa capacidade e na vida, como um caminho de realização que somos capazes de trilhar. 
Um pouco de fé também é ajuda valiosíssima: precisamos acreditar no Criador da Vida como um ser sábio, misericordioso e justo, para que possamos aceitar a vida, como uma perspectiva positiva, amorosa e justa para nossa evolução. Senão, qual o sentido da vida: trabalhar para pagar as contas, ir ao Shopping Center e fazer umas farras de vez em quando?
Precisamos conviver com os outros para sermos felizes, mas não devemos transformar a convivência em dependência doentia, pois isso nos torna um peso para o outro, estimulando-o a nos abandonar. Viver ao lado de alguém deprimido é algo que muitos não suportam.
O centro de gravidade que ancora a nossa felicidade deve estar em nosso interior. Podemos deixar o outro compartilhar desse centro e nós compartilharemos do centro dele. É assim que nos enriquecemos afetivamente.
Cada um, no entanto, precisa manter-se íntegro e independente, para garantir sua saúde emocional e poder construir uma nova relação, se eventualmente a afinidade e a cumplicidade que sustentam a convivência desaparecerem em algum momento, levando à separação. Em suma, para estar feliz na relação com o outro, preciso ser feliz comigo mesmo, para ter algo bom para compartilhar.

Xô depressão com atitudes simples
Não se deixe abater por problemas pequenos e passageiros. De a eles a importância que devem ter: pouca ou nenhuma. Só isso vai diminuir substancialmente seu desgaste na vida, tornando-o uma pessoa mais leve e agradável até para si mesmo.
Não precisa ser palhaço nem simular risadas, mas mantenha o bom humor. Ele é prancha salvadora no mar das pessoas amargas, das que reclamam demais, dos pessimistas e dos coitadinhos. Sem bom humor, você afunda no mar deles.
As conquistas que almejou e não conseguiu poderiam tê-lo feito feliz ou infeliz. Não alimente frustração pelo que não conseguiu, senão o fracasso por uma meta não atingida comprometerá as demais. Valorize as conquistas.
Se alguém o traiu, magoou, infelicitou ou inferiorizou, sinta-se feliz por não ter sido você quem fez isso com seu próximo. O erro foi dela, mas é você quem decide quanto isso vai influenciar sua vida. Só você pode pôr fim ao seu sofrimento. Perdoá-la, compreendendo suas limitações, dissolve por completo o seu sofrimento.
Se errou e prejudicou muito a vida de alguém, não fique curtindo culpa ou remorso. Veja o que pode fazer para tornar o outro feliz. Se não puder fazer nada por aquela pessoa que prejudicou ou infelicitou, faça por outra, mas faça. Prove para você mesmo que se transformou num ser melhor e que já não repete velhos erros, seja com aqueles que ama ou mesmo com aqueles que odeia. Especialmente porque você já sabe dos prejuízos que esse sentimento lhe traz.
Menos conexão nas redes sociais, menos mensagens e mails e games, menos viciação nos celulares, Ipads e computadores, e mais conexão consigo mesmo, com seus sentimentos, com sua energia vital, com seu corpo físico, com quem ama, buscando entender e harmonizar-se consigo mesmo e com o seu próximo, pode ser uma ajuda valiosa para o autoconhecimento e o equilíbrio emocional. 

Quando estiver triste e de cabeça quente, ao invés de ficar preso em seus sentimentos num quarto, caminhe, exercite-se, respire fundo e tome sol pela manhã ou no final da tarde, se possível num parque em meio à natureza. Fique apenas com você, com as árvores, com as flores e com os pássaros. Assim você estará mais perto de Deus e conectado coma parte harmoniosa da vida. Depois disso, o mal que lhe atormenta certamente começará a sair pelas vias urinárias.
Meia hora de sol por dia lhe garante a quantidade necessária de vitamina D – na verdade um poderoso hormônio esteroide responsável por 229 funções do sistema imunológico e capaz de ajudá-lo a superar a depressão. Querendo se aprofundar neste tema, pesquise sobre o excelente trabalho que vem sendo desenvolvido pelo médico e cientista Cícero Galli Coimbra.
A combinação de mais oxigênio (respiração), mais circulação e nutrição das células (movimento) e mais vitamina D (poder imunitário) vai leva-lo a ter energia para evitar ou enfrentar a depressão.
Não alimente a depressão com seus pensamentos e sentimentos. Se sentir presenças espirituais menos agradáveis, leve-as a um centro espírita para tratamento. O bem estar delas vai ajudar sua caminhada.
Ser feliz não é uma obrigação, mas um prazer ao seu alcance, quase todos os dias, nunca 24 horas, senão você perderia a motivação da conquista.
Persista. Você pode mandar a depressão às favas!


*Adilson Gimenez Lorente é formado em Jornalismo e Medicina Tradicional Chinesa.

30 novembro 2015

A Obesidade mental - Ricardo Di Bernardi

Ao contrário do que  a designação "obesidade mental" possa sugerir, não trataremos aqui do aspecto do ganho de peso excessivo  causado por questões  emocionais, mas adotaremos a expressão  "obesidade mental " para enfocar o excesso de volume  ou "gordura desnecessária" de dados armazenados pelo nosso psiquismo.
Uma questão se impõe nos dias de hoje: o excesso de informações poderia trazer prejuízos ao  nosso psiquismo e a  nossa  espiritualização?
Sim, quando se fala em excesso, não há dúvida que  o agressivo  volume de informações, quando nos impacta e nos impregna, torna-se  acúmulo de dados  que não conseguimos processar de forma organizada e psiquicamente saudável. São partículas ou ondas de informação que promovem em cada um de nós um fenômeno  totalmente específico, pois cada um reage de forma diferente.
O excesso de informações  cria  reservas de energia em nossa intimidade psíquica, nosso inconsciente, e essas reservas pulsam, gerando  campos vibratórios em nossa mente com consequências imprevisíveis para cada pessoa.  Este volume de campos energéticos armazenados  seria a  "obesidade mental".
Atualmente, estamos sujeitos ao bombardeio energético de informações  através da internet, TV, telefone celular e outros veículos de informações. Cumpre a nós o bom senso de não nos alienarmos da vida moderna, não nos isolarmos, mas convivermos de forma equilibrada  com a tecnologia.
Em qualquer forma de obesidade, mais importante  do que o tratamento seria a profilaxia, ou seja, adotarmos um conjunto de medidas preventivas.
A medida preventiva mais eficaz seria, sem dúvida,  uma  dieta adequada. A dieta que sugerimos  teria itens na prescrição. Analogamente à dieta preventiva da obesidade física, onde a redução de determinados alimentos, tais como carboidratos é recomendável, além da diminuição  do volume de todos os alimentos,  deve-se adotar na "obesidade mental " uma dieta psíquica. Esta dieta psíquica prescreve, inicialmente, a  redução quantitativa de estímulos mentais como primeiro item de orientação médica. 
Assim, já nos deparamos com  jovens que, simultaneamente,  veem  TV, digitam o teclado do computador,   conversam com a pessoa ao seu lado, observam pela janela o que ocorre lá  fora e pasmem: atendem o celular  ou mantem um fone de ouvido... Caberia  muito bem , neste caso,  uma boa  dieta. Uma redução na "ingestão" de alimentos psíquicos,  montar um prato com  uma montanha menor de  alimentos psíquicos.
O segundo item da nossa prescrição seria, além da dieta quantitativa, uma dieta qualitativa. Da mesma forma como,  na obesidade física, recomendamos reduzir a ingestão de carboidratos, e aumentar a ingestão de alimentos ricos em  vitaminas,  seria, de fundamental importância, selecionarmos os programas, adequar o gênero de informações que estamos captando, inúmeras vezes ao dia, de forma repetida, ( insisto: sistematicamente repetida), e preenchermos parte deste tempo com leitura, música suave e contato com a natureza. 
O último item da nossa prescrição constaria de uma transfusão, não uma transfusão sanguínea, mas uma transfusão de energia afetiva, social e familiar. O amor é fundamental em nossas vidas.


Dr. Ricardo Di Bernardi é médico pediatra, homeopata. Fundador e presidente do ICEF em Florianópolis. Autor de vários livros entre eles - Gestação Sublime intercâmbio. 

http://www.estantevirtual.com.br/autor/ricardo-di-bernardi

03 novembro 2015

Osho - A arte de Viver

A ARTE DE VIVER
            
     "O homem nasce para atingir a vida, mas tudo depende dele. Ele pode perdê-la. Ele pode seguir respirando, ele pode seguir comendo, ele pode seguir envelhecendo, ele pode seguir se movendo em direção ao túmulo - mas isso não é vida. Isso é morte gradual, do berço ao túmulo, uma morte gradual com a duração de setenta anos. E porque milhões de pessoas ao redor de você estão morrendo essa morte lenta e gradual, você também começa a imitá-los.  As crianças aprendem tudo daqueles que estão em volta delas e nós estamos rodeados pelos mortos. Então temos que entender primeiro o que eu entendo por 'vida'. Ela não deve ser simplesmente envelhecer. Ela deve ser desenvolver-se. E isso são duas coisas diferentes. Envelhecer, qualquer animal é capaz. Desenvolver-se é prerrogativa dos seres humanos. Somente uns poucos reivindicam esse direito.
      Desenvolver-se significa mover-se a cada momento mais profundamente no princípio da vida; significa afastar-se da morte - não ir na direção da morte. Quanto mais profundo você vai para dentro da vida, mais entende a imortalidade dentro de você. Você está se afastando da morte: chega a um momento em que você pode ver que a morte não é nada, apenas um trocar de roupas ou trocar de casas, trocar de formas - nada morre, nada pode morrer. A morte é a maior ilusão que existe.
      Como desenvolver-se? Simplesmente observe uma árvore. Enquanto a árvore cresce, suas raízes crescem para baixo, tornam-se mais profundas. Existe um equilíbrio; quanto mais alto a árvore vai, mais fundo as raízes vão. Na vida, desenvolver-se significa crescer profundamente para dentro de si mesmo - que é onde suas raízes estão.
      Para mim o primeiro princípio da vida é meditação. Tudo o mais vem em segundo lugar. E a infância é o melhor momento. À medida que você envelhece, significa que você está chegando mais perto da morte, e se torna mais e mais difícil entrar em meditação. Meditação significa entrar na sua imortalidade, entrar na sua eternidade, entrar na sua divindade. E a criança é a pessoa mais qualificada porque ela ainda está sem a carga da educação, sem a carga de todo o tipo de lixo. Ela é inocente.  Mas infelizmente a sua inocência está sendo considerada como ignorância. Ignorância e inocência tem uma similaridade, mas elas não são a mesma coisa. Ignorância também é um estado de não conhecimento, tanto quanto a inocência é. Mas também existe uma grande diferença que passou despercebida por toda a humanidade até agora. A inocência não é instruída - mas também não é desejosa de ser instruída. Ela é totalmente contente, preenchida...
      O primeiro passo na arte de viver será criar uma linha de demarcação entre ignorância e inocência. Inocência tem que ser apoiada, protegida - porque a criança trouxe com ela o maior tesouro, o tesouro que os sábios encontram depois de esforços árduos. Os sábios têm dito que se tornaram crianças novamente, que eles renasceram...
      Sempre que você perceber que perdeu a oportunidade da vida, o primeiro princípio a ser trazido de volta é a inocência. Abandone o seu conhecimento, esqueça as suas escrituras, esqueça as suas religiões, suas teologias, suas filosofias. Nasça novamente, torne-se inocente - e a possibilidade está em suas mãos. Limpe a sua mente de todo conhecimento que não foi descoberto por você mesmo, de todo conhecimento que foi tomado emprestado dos outros, tudo o que veio pela tradição, convenção, tudo o que lhe foi dado pelos outros - pais, professores, universidades. Simplesmente desfaça-se disso. Novamente seja simples, mais uma vez seja uma criança. E esse milagre é possível pela meditação.
      Meditação é apenas um método cirúrgico não convencional que corta tudo aquilo que não é seu e só preserva aquilo que é o seu autêntico ser. Ela queima tudo o mais e o deixa nu, sozinho embaixo do sol, no vento. É como se você fosse o primeiro homem que tivesse descido na Terra - que nada sabe e que tem que descobrir tudo, que tem que ser um buscador, que tem que ir em peregrinação.
      O segundo princípio é a peregrinação. A vida deve ser uma busca - não um desejo, mas uma pesquisa: não uma ambição para tornar-se isso, para tornar-se aquilo, um presidente de um país, ou um primeiro-ministro, mas uma pesquisa para encontrar 'Quem sou eu?'. É muito estranho que as pessoas que não sabem quem elas são, estão tentando se tornar alguém. Elas nem mesmo sabem quem elas são neste momento! Elas não conhecem os seus seres - mas elas têm um objetivo de vir a ser. Vir a ser é a doença da alma. O ser é você e descobrir o seu ser é o começo da vida. Então cada momento é uma nova descoberta, cada momento traz uma alegria. Um novo mistério abre as suas portas, um novo amor começa a crescer em você, uma nova compaixão que você nunca sentiu antes, uma nova sensibilidade a respeito da beleza, a respeito da bondade.
      Você se torna tão sensível que até a menor folha de grama passa a ter uma importância imensa para você. Sua sensibilidade torna claro para você que essa pequena folha de grama é tão importante para a existência quanto a maior estrela; sem esse folha de grama, a existência seria menos do que é. E essa pequena folha de grama é única, ela é insubstituível, ela tem a sua própria individualidade.
      E essa sensibilidade criará novas amizades para você - amizades com árvores, com pássaros, com animais, com montanhas, com rios, com oceanos, com as estrelas. A vida se torna mais rica enquanto o amor cresce, enquanto a amizade cresce...
      Quando você se torna mais sensível, a vida se torna maior. Ela não é um pequeno poço, ela se torna oceânica. Ela não está confinada a você, sua esposa e seus filhos - ela não é confinada de jeito algum. Toda essa existência se torna a sua família e a não ser que toda essa existência seja a sua família, você não conheceu o que é a vida. - porque homem algum é uma ilha, nós estamos todos conectados. Nós somos um vasto continente, unidos de mil maneiras. E se o nosso coração não está cheio de amor pelo todo, na mesma proporção a nossa vida é diminuída.
      A meditação lhe traz sensibilidade, uma grande sensação de pertencer ao mundo. Este é o nosso mundo - as estrelas são nossas e nós não somos estrangeiros aqui. Nós pertencemos intrinsecamente à existência. Nós somos parte dela, nós somos o coração dela.
      Em segundo lugar, a meditação irá lhe trazer um grande silêncio - porque todo o lixo do conhecimento foi embora, pensamentos que são partes do conhecimento foram embora também... Um imenso silêncio e você é surpreendido - esse silêncio é a única música que existe. Toda música é um esforço para manifestar esse silêncio de algum modo.
      Os videntes do antigo oriente foram muito enfáticos a respeito da questão de que todas as grandes artes - música, poesia, dança, pintura, escultura - são todas nascidas da meditação. Elas são um esforço para, de algum modo, trazer o incompreensível para o mundo do conhecimento, para aqueles que não estão prontos para a peregrinação - presentes para aqueles que ainda não estão prontos para partirem na peregrinação. Talvez uma canção possa despertar um desejo de ir em busca da fonte, talvez uma estátua.
      Na próxima vez que em você entrar em um templo de Gautama Buda ou de Mahavira, sente-se silenciosamente e olhe a estátua... porque a estátua foi feita de tal forma, em tal proporção que se você olhá-la, você cairá em silêncio. É uma estátua de meditação; não é a respeito de Gautama Buda ou de Mahavira...
      Naquele estado oceânico, o corpo toma uma certa postura. Você próprio já observou isso, mas não estava alerta. Quando você está com raiva, você observou? seu corpo tomou uma certa postura. Na raiva você não pode manter as suas mãos abertas: na raiva, a mão se fecha. Na raiva você não pode sorrir - ou você pode? Com uma certa emoção, o corpo tem que seguir uma certa postura. Pequenas coisas estão profundamente relacionadas no interior...
      Uma certa ciência secreta foi usada por séculos, de modo que as gerações futuras pudessem entrar em contato com as experiências das gerações mais velhas - não através de livros, não através de palavras, mas através de algo que vai mais profundo - através do silêncio, através da meditação, através da paz. À medida que seu silêncio cresce, sua amizade cresce, seu amor cresce; sua vida se torna uma dança, momento a momento, uma alegria, uma celebração.
      Você já pensou sobre o porquê, em todo o mundo, em toda cultura, em toda sociedade, existem uns poucos dias no ano para a celebração? Esses poucos dias para a celebração são apenas uma compensação - porque essas sociedades tiraram toda a celebração de sua vida e se nada é dado para você em compensação, sua vida pode tornar-se um perigo para a cultura. Toda cultura criou alguma compensação e assim você não se sentirá completamente perdido na miséria, na tristeza... Mas essas compensações são falsas. Mas no seu mundo interior pode existir uma continuidade de luz, canções, alegria.
      Sempre lembre-se que a sociedade o compensa quando ela sente que a repressão pode explodir em uma situação perigosa se não for compensada. A sociedade encontra algum jeito de lhe permitir soltar a repressão. Mas isso não é a verdadeira celebração, e não pode ser verdadeira. A verdadeira celebração deveria vir de sua vida, na sua vida.
      E a celebração não pode estar de acordo com o calendário, que no primeiro dia de novembro você irá celebrar. Estranho, o ano todo você é miserável e no primeiro dia de novembro, de repente, você sai da miséria, dançando. Ou a miséria era falsa ou o primeiro de novembro é falso.; ambos não podem ser verdadeiros. E uma vez que o primeiro de novembro se vai, você está de volta em seu buraco negro, todo mundo em sua miséria, todo mundo em sua ansiedade.
      A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura. Então a vida se torna uma celebração contínua.
      Inclusive se você adoece e você está deitado na cama, você fará daqueles momentos de repouso, momentos de beleza e alegria, momentos de relaxamento e descanso, momentos de meditação, momentos para ouvir música ou poesia. Não há necessidade de ficar triste porque você está doente. Você deveria estar feliz porque todo mundo está no escritório e você está na cama como um rei, relaxando - alguém está preparando chá para você, o samovar está cantando uma canção, um amigo se oferece para vir e tocar flauta para você. Essas coisas são mais importantes do que qualquer remédio. Quando você está doente, chame um médico. Mas, mais importante, chame aqueles que o amam porque não existe remédio mais importante que o amor. Chame aqueles que podem criar beleza, música, poesia à sua volta, porque não existe nada que cure como uma atmosfera de celebração.
      O medicamento é o mais baixo tipo de tratamento. Mas parece que nós esquecemos tudo, assim nós temos que depender dos medicamentos e ficar rabugentos e tristes - como se você estivesse perdendo uma grande alegria que havia quando você estava no escritório! No escritório você era miserável - simplesmente um dia de folga, mas você também se agarra à miséria, você não a deixa ir.
      Faça todas as coisas criativas, faça o melhor a partir do pior - isso é o que eu chamo de arte. E se um homem viveu toda a vida fazendo a todo momento uma beleza, um amor, um desfrute, naturalmente a sua morte será o supremo pico no empenho de toda a sua vida.
      Os últimos toques... sua morte não será feia como ordinariamente acontece todo dia com todo mundo. Se a morte é feia, isso significa que toda a sua vida foi um desperdício. A morte deveria ser uma aceitação pacífica, uma entrada amorosa no desconhecido, um alegre despedir-se dos velhos amigos, do velho mundo...
      Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida. Compartilhe isso, porque tudo o que é compartilhado cresce mais rápido. E quando você atingir o momento da morte, você saberá que não existe morte. Você pode dizer adeus, não existe nenhuma necessidade de lágrima de tristeza - talvez lágrimas de felicidade, mas não de tristeza."
                                                                                        
OSHO, O Livro da Cura

Médico ensina a praticar meditação pragmática sem precisar rezar - Iara Biderman / Dr. Roberto CArdoso

Médico ensina a praticar meditação pragmática sem precisar rezar

IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
Para meditar não é preciso seguir uma religião ou filosofia exótica. Nem relaxar e ficar "no vazio".
Luiza Sigulem/Folhapress
O médico Roberto Cardoso no seu consultório, em São Paulo
O médico Roberto Cardoso no seu consultório, em São Paulo
O ginecologista Roberto Cardoso, autor de "Medicina e Meditação" (Editora MG), acredita que essas concepções são os obstáculos para quem quer aproveitar os benefícios da prática.
Pesquisador e meditador praticante, Cardoso afirma que os seus efeitos não são milagre, mas frutos do treino. Segundo ele, a melhor forma de alcançar resultados é não se preocupar com eles.
O médico, que faz parte dos grupos de estudos em meditação da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), recebeu a Folha em seu consultório particular de ginecologia, em São Paulo.
Leia a seguir trechos da sua entrevista.
Editoria de Arte / Folhapress
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Folha - É possível definir a meditação fora de um contexto religioso ou filosófico?
Roberto Cardoso - Podemos definir critérios para a prática. Foi o que nosso grupo de estudos fez. Criamos uma definição operacional que é hoje adotada em todas as pesquisas médicas.
O que significa uma definição operacional?
É o "como fazer". Você pode dizer o que é um bolo de chocolate sem explicar como fazê-lo. A definição operacional é dizer: "bata tantos ovos, misture a farinha, coloque em uma forma, leve ao forno por 15 minutos".
Qual é a receita para meditar?
É preciso ter uma técnica específica ensinada por um instrutor. Essa técnica é autoaplicada, tem que ter uma "âncora" e produzir o relaxamento da lógica. Esses dois últimos itens são fundamentais para caracterizar uma técnica como meditativa.
E são os mais difíceis de entender. O que é a âncora?
É um foco para o qual você dirige sua atenção: a própria respiração, um som ou palavra que se repete, o movimento de vai e vem do abdome, uma imagem fixa.
Toda a atividade mental é levada para esse ponto mínimo. Mas não é feito um esforço para não sair dele. Ao contrário, a pratica é voltar a esse foco sempre que a mente produzir uma sequência de pensamentos. Esse ir e vir é a meditação.
E o relaxamento da lógica?
É não se envolver no fluxo incessante de pensamentos.
Como conseguir isso?
A atenção simplesmente volta para a âncora, e a pessoa não tenta analisar, julgar ou ter expectativas, nem mesmo sobre os efeitos que a meditação vai trazer.
Mas é difícil se envolver em uma prática sem esperar obter seus efeitos.
A expectativa é um exercício da lógica, que atrapalha. Mas tem gente que não consegue trabalhar sem objetivos. Então, você traça um objetivo "concreto": meditar todo dia por 15 minutos durante dois meses.
E os efeitos vão acontecer?
Com a prática, você ocupa o córtex pré-frontal [área do cérebro ligada ao raciocínio lógico] com a âncora. É preciso um esforço muito grande para fazer isso, o que desregula e "desliga" o córtex.
E é isso que leva a uma série de sensações diferentes, como a de transcender os limites do corpo, já que as áreas responsáveis por processar informações sensoriais e dar orientação espacial diminuem sua atividade.
Qual a maior dificuldade do meditador iniciante?
Confundir a técnica com o efeito. Se você fala para pessoa: "sente lá, relaxe e se sinta no vazio", você está falando dos efeitos. É como dizer: "sente-se no aparelho de musculação e hipertrofie seus músculos", quando o que ela tem que fazer é repetir alguns movimentos usando uma carga determinada.
Que outros obstáculos ela vai encontrar?
Achar que, para praticar, obrigatoriamente terá que adotar uma religião ou uma filosofia específica. Vencer a preguiça de treinar e enfrentar o preconceito.
Ainda há preconceito contra a meditação?
As pessoas hoje falam muito das descobertas científicas sobre os efeitos da meditação. Mas se você for falar das experiências vivenciadas, quem não conhece vai achar que é conversa de louco. E ainda há muita gente que acredita que, se você medita, é porque entrou para uma seita ou religião exótica.