28 abril 2020

Relacionamentos e Emoções - Dr. Milton Moura

https://drmiltonmoura.com/2020/04/27/relacionamentos-e-emocoes/

RELACIONAMENTOS E EMOÇÕES
Somos seres em evolução!
Em constante aprendizado!
Vamos transcendendo estágios evolutivos e incluindo estágios anteriores em nossa constituição.
Moléculas transcenderam os átomos que o inlcuiram em sua constituição.
Evoluimos do simples para o complexo. E conquistamos um cérebro complexo com mais de 100 bilhões de neurônios.
Avaliando nossas experiências pelo mundo percebemos que vivemos loops (ciclos repetitivos) que insistem em nos acompanhar durante nossa atual existência.
Até quando vamos repetir esses ciclos? E mais, por que esses ciclos se repetem? Por que não há o aprendizado para que seja incorporado em nossa sabedoria?
Analisemos!
Você se sente capaz de interromper esses loops? Você se sente capaz de mudar algum hábito em sua vida? Como adquirimos esses hábitos? Hábitos de pensamentos, hábitos de comportamentos e hábitos emocionais?
Ao passar por uma experiência, sempre há uma emoção vinculada a essa experiência. Seja ela boa ou ruim. De certa forma criamos memórias emocionais dessas experiências.
Quais emoções estão mais presentes em sua vida e que se repetem com facilidade?
Raiva? Medo? Culpa? Angústia? Desrespeito? Baixa autoestima? Tristeza? Não Merecimento? Frustração? Agressividade? Aspereza? Vingança? Stress? Ansiedade? Desespero? Pânico?
Ou…
Alegria? Amor? Contentamento? Calma? Determinação? Carinho? Autoestima? Admiração? Contemplação? Merecimento? Afeto? Serenidade?
Temos 3 cérebros em apenas um único cérebro que nos permite Pensar, Fazer e Ser.
A linguagem do cérebro é o pensamento.
A linguagem do corpo é o sentimento. Vivemos as emoções em nosso corpo.
Cérebro/Mente e corpo estão em constante troca de informações.
Como se processa essa informação?
Neurotransmissores, Neuropeptídeos e Hormônios.
Eis a “química” que representa nossos pensamentos e sentimentos.
Quando vivemos uma experiência, produzimos uma química específica para representar a emoção daquela experiência. Essa emoção sinaliza o cérebro que produz pensamentos do mesmo teor da emoção que mais uma vez sinaliza centros hormonais específicos para produzir mais da mesma emoção. Eis o ciclo que forma um hábito!
O ciclo entre pensamento/sentimento. O ciclo de comunicação entre mente e corpo. Repetidas vezes durante uma mesma existência é responsável pela formação de Hábitos.
Somos seres habituais. Temos automatismos instalados e conquistados através do funcionamento dinâmico desse ciclo entre pensar e sentir.
Durante vários anos vamos formando a nossa personalidade baseado nesse mecanismo. Personalidade e Estado de Ser. SER porque incorporamos essas informações habituais no cérebro mais antigo chamado de reptiliano (Cerebelo e Tronco Cerebral) onde são armazenadas as memórias daquilo que somos.
Temos 3 cérebros em um único cérebro que nos permite Pensar (Córtex Cerebral), Fazer – Comportamento/Experiência(Cérebro Límbico) e Ser (Cerebelo e Tronco Cerebral).
Dessa forma formamos nossa Personalidade. Nossa “Assinatura Energética”. Nosso Estado de Ser.
Pesquisadores admitem que depois dos 30 anos já estamos com nossa personalidade definida.
Somos “viciados” em nossas emoções! Como assim? Exato. Isso mesmo. É como se de uma forma automática quiséssemos aquela experiência e aquela emoção. A química da emoção.
Lembra? Somos seres habituais. Temos o hábito de sentir raiva, hábito de sentir medo, hábito de sentir culpa.
Vamos sempre criando o mesmo do mesmo. Temos a tendência de criar sempre as mesmas experiências para obtermos as mesmas emoções e pensamentos.
A mente inconsciente é poderosa e ela prepondera quando estamos falando de hábito. E não será um único pensamento positivo que será capaz de modifica-lo.
Nosso corpo, nessa situação, é maior que a nossa mente. E quando isso acontece não há possibilidade de mudanças. Apenas repetimos os loops. Criando o mesmo do mesmo.
E para mudar então? Como é possível mudar um hábito?
Numa resposta simples e complexa ao mesmo tempo diria: Tornando-se consciente dos processos inconscientes. Tornando consciente do programa que foi instalado e reprogramando-o.
Na formação do nosso estado de ser os hábitos foram fundamentais. Precisamos perceber esses hábitos. Precisamos trazer a luz da consciência novamente para termos a oportunidade de ressignificá-los.
Precisamos transmitir novas informações para obter oportunidades de novas experiências e assim ir modificando nossa assinatura energética.
Antes de entrarmos nesse campo, vamos conversar um pouco mais sobre as emoções para dissipar algumas dúvidas.
As emoções, sob certo ponto de vista, são ecológicas. Ou seja, não trazem em si própria a característica de serem positivas ou negativas.
Em algumas situações e dentro de um curto período de tempo, a raiva pode ajudar a superar um obstáculo! Nesse caso ela foi positiva.
Em outras situações, o medo pode ser responsável pela sobrevivência. Também um resultado positivo.
Percebam que quando a emoção tem uma curta duração podemos ter um aprendizado importante para incorporar em nossa sabedoria.
Compreenderam?
A química da emoção tem uma duração em nosso corpo antes de serem reabsorvidas. Esse tempo é chamado de período refratário. Quanto menor o período refratário, maior será nossa inteligência emocional.
Portanto, podemos utilizar nossas emoções de forma positiva e também de forma negativa.
O que se sabe pelas pesquisas é que experiências negativas produzem emoções de teor negativo. Por exemplo, sentir culpa durante anos e anos de forma repetitiva e sentir raiva por anos e anos também não trazem benefícios evolutivos. Pelo contrário, nos prendem em nossas mesmices. Em algum momento na nossa evolução elas já foram úteis. Porem, agora, precisamos enfatizar outras emoções, para transcender outros estágios.
O cérebro é como “teflon” para emoções de teor positivo e como “velcro” para emoções de teor negativo.
Os automatismos para a química das emoções negativas estão bem estabelecidos. Já os automatismo para a química das emoções positivas necessitam de empenho consciente ainda. Não somos habituais na alegria, no amor, no carinho, na autoestima, no merecimento, na calma etc.
Mas estamos no caminho.
Um grande benefício que o conhecimento da física quântica trouxe para a humanidade é a compreensão de um grande campo unificado chamado de campo quântico onde estão todas as potencialidades do vir-a-ser.
Uma mudança enorme de compreensão, pois o paradigma newtoniano até então nos forneceu a ideia de causa e efeito. Nesse paradigma estamos fadados ao determinismo da realidade sem nenhum poder de mudança. Somos vítimas de nossos genes e de nossa realidade externa. Somos seres separados. Somos vítimas. Nasci para sofrer e não posso mudar isso. Aff! Não mesmo!
Com o novo paradigma quântico demos um salto de compreensão. O paradigma quântico transcendeu o paradigma newtoniano e o incorporou em sua constituição.
Agora, somos capazes de escolhas! Escolhemos nossa realidade pois somos nós, como consciências em evolução, que produzimos a nossa realidade.
Nossa personalidade/assinatura energética/Estado de Ser produz nossa realidade pessoal.
A matéria fornece as possibilidades. As infinitas possibilidades de escolha. Nesse campo quântico estão todas as realidades em potencialidades como que esperando a nossa consciência acessá-las para escolher e manifestá-las em nossa experiência.
Diante dessa compreensão precisamos assumir a responsabilidade pela nossas existência. Somos responsáveis por nossas escolhas conscientes e inconscientes.
Há uma necessidade de mudar nossa assinatura energética, mudar nosso estado de ser para interrompermos os loops.
Transmitir uma nova informação para esse campo quântico de infinitas possibilidades.
Como?
Tornando-se consciente dos processo inconscientes.
Utilizando os 3 cérebros para pensar, fazer e ser. Um ser diferente. Um novo pensamento, um novo comportamento e um novo sentimento.
O Lobo pré-frontal nos dá uma capacidade impar. Apenas os seres humanos a possui. Capacidade de autoconsciência. Capacidade de pensar sobre aquilo que pensamos. Essa capacidade se chama metacognição.
Como?
Comece a perceber seus hábitos! Como a perceber seus comportamentos! Comece a perceber seus sentimentos!
Não deixe os automatismo das suas memórias emocionais e neurológicas comandarem e determinarem o seu destino.
Crie um novo futuro!
Como?
Aproveite as oportunidades dos relacionamentos. Eles são fundamentais para sinalizar aquilo que precisamos de mais urgente para evoluirmos como seres conscientes.
De cada relacionamento emerge uma experiência e permite nos tornamos conscientes de nossos processos inconscientes.
Relacionamentos e emoções!
Medite!
Dr Milton Moura

24 abril 2020

A mente humana em tempos de pandemia - Antônio Moreira

A incerteza do momento gerada por um bombardeio de informações e notícias desconexas, onde não sabemos em quem acreditar, nos deixa à mercê de um jogo político, e de interesses econômicos, próximo ao caos. Parece que enfrentamos um inimigo sempre desconhecido, que, às vezes, imaginamos ser um verdadeiro monstro. Com isso a nossa mente, na ansiedade pela impossibilidade de controle, cria caminhos indesejados com a famosa pergunta de inquietação: "E se acontecer isso ou aquilo?”

Após permitirmos esses devaneios da mente, chegamos facilmente a situações caóticas que nos levam a vivenciar emoções extremamente negativas. Chegamos ao absurdo de sentirmos perdas que jamais existiram ou dores que ainda não tiveram a própria causa. Se não interrompermos esses loops de pensamentos, poderemos chegar a situações de medo, angústia, pânico ou depressão.

O cérebro passa a vida inteira dentro do crânio, fechado, e sem nenhum contato direto com o mundo externo, ou mundo real. Para compreender o que está se passando do lado de fora, o cérebro precisa decifrar o significado de luzes, vibrações e químicas, para, através de pistas de suas experiências do passado, construir simulações usando, para isso, uma vasta rede de conexões neurais.

Visando economizar energia o cérebro busca caminhos mais curtos, ou seja, caminhos conhecidos, e tende assim a repetí-los diversas vezes numa inércia que pode ser muito prejudicial. Imaginemos os efeitos danosos de pensamentos negativos, angustiantes ou que possam levar uma pessoa a perder o controle, o equilíbrio. Esse processo, acrescido da rotina de autopreservação, papel também assumido pelo cérebro, reforça a inércia, numa tentativa de manter uma zona de conforto, mesmo que exista sensações negativas, como o medo, a tristeza, etc. Mas, para o cérebro, assim estaremos vivos e salvos, o que indicaria que deveríamos permanecer no mesmo patamar de pensamentos e sentimentos.

Segundo a ciência, temos mais de setenta mil pensamentos por dia. Nós não conseguimos lembrar de muitos deles porque um mesmo pensamento se repete por diversas vezes. Agora, vamos refletir sobre a possibilidade de estarmos repetindo centenas de vezes ao dia um pensamento desagradável ou de muita aflição, e tentar perceber quais seriam as emoções que estariam presentes em nossas mentes ao final desse dia. Com certeza não estaríamos bem, nem dispostos, e nem esperançosos da vida. Daí poderíamos começar a acreditar que estamos tristes, infelizes ou depressivos, e que tudo pode complicar mais e mais.

Precisamos agir para interromper esse processo que, com o tempo, vai se solidificando, e cristalizando dentro de nós. Necessitamos criar novos caminhos, novas alternativas para o futuro, diferentes das possibilidades geradas nos loops do “E se?”, para mostrar que existe uma luz no final do túnel, e que existem inúmeras possibilidades melhores e mais benéficas. Ao criarmos e alimentarmos novas idéias que nos trazem bem estar, estaremos levando uma série de informações ao cérebro para que ele sintetize e saia da repetição de padrão negativo. Após isso, a nossa mente assumirá um estado de vibração distinto do anterior, permitindo emoções mais agradáveis, ou, pelo menos, a ausência da angústia e da tristeza. A isso chamamos de quebra de padrão de pensamento, ou quebra de padrão vibratório, e, com certeza, é um processo de autocura, de equilíbrio, muito importante em em nossas vidas, como, por exemplo, nesse momento que atravessamos na atualidade e que tanto nos afeta emocionalmente.

As nossas emoções são únicas, e estão relacionadas com as nossas experiências pessoais de vida. Ou seja, têm um significado próprio para cada pessoa. As sensações de alegria, de tristeza, de pânico, de nervosismo, de angústia, de medo, etc., de um ser humano podem ser muito diferentes das sensações de qualquer outra pessoa. O que nos alerta para termos o cuidado de não julgarmos o outro, para não criarmos rótulos, e nem mesmo anteciparmos diagnósticos preestabelecidos. Cada caso é um caso, e cada dor é uma dor única, e imensurável.

A interocepção é a capacidade de reconhecer os estímulos e sensações que o nosso corpo envia ao cérebro. E assim, através dos nossos cinco sentidos, mais batimentos cardíacos, respiração, digestão, circulação, taxas hormonais, etc., o cérebro, baseado em suas memórias de  experiências, faz uma predição do que está acontecendo em cada momento de nossas vidas. Criando, assim, as diversas sensações, que são processos pelos quais um estímulo externo ou interno provoca uma reação específica, produzindo uma percepção.

Existem várias maneiras de efetuarmos a quebra de padrão de pensamentos ou de sensações, para que possamos então, criar novas possibilidades menos drásticas para um futuro próximo. Na ausência de conhecimentos de técnicas para esse fim, podemos fazer aquilo que já conhecemos e que funciona muito bem, uma prece! E como citou Emmanuel, através de Chico Xavier: “Evita os assuntos infelizes. Fala, auxiliando em favor da tranquilidade e da elevação.”

Uma forma simples de sairmos do estresse da preocupação com o futuro, é imaginar que já estamos no futuro, que está tudo bem, e que toda a tempestade já passou. Pois tudo passa, e a vida retoma seu caminho novamente. Esse exercício de viajarmos para o futuro, sem o caos do presente, faz com que possamos retornar ao agora com melhores expectativas, o que nos traz calma e serenidade.

E para finalizar, vamos nos lembrar que a escolha da energia com a qual nos sintonizaremos na vida é nossa. Existe um universo inteiro de possibilidades conectado a cada um de nós. Então, escolhamos o melhor, pois nós merecemos. Afinal, somos feitos à imagem e semelhança do Criador.

Antonio Moreira Junior

22 abril 2020

Luto na infância - O sofrimento da criança diante a morte. Cristiane de Carvalho Neves


Pouco se sabe sobre o luto na infância. Comumente nos perguntamos: A criança fica enlutada? Como se manifesta o luto na criança? A criança sofre pela perda como o adulto? Alguns adultos têm dificuldades em perceber a criança enquanto um ser em desenvolvimento e em um outro formato de pensar e agir no mundo. Na situação de perda por morte ou por abandono/negligência, como a criança é dependente do adulto para sua sobrevivência física e psíquica, ela tende a se sentir ameaçada ou em perigo e se pergunta: “Quem vai cuidar de mim agora?” Essa é a dimensão do luto que a criança vive, um tanto diferente da complexidade do luto adulto.
É muito importante compreendermos que a criança também vivencia o luto, pois ela sente a dor das suas perdas, e atentarmos à suas necessidades, inclusive práticas, como por exemplo, providenciar que ela continue com a sua rotina de escola, cuidados com higiene, alimentação e hora de dormir. Muitas vezes, em função de a criança manifestar sua dor de forma diferente do adulto, este entende que ela não está sofrendo, o que não é verdade! Podemos identificar sofrimento na criança quando ela se isola e evita o brincar, quando fica mais chorosa, tem pesadelos, quando luta contra o sono, quando há expressão de raiva, irritação, medo e culpa mais intensos.
Quando há um luto por morte na família, sempre orientamos a família a tratar o assunto com transparência e verdade. Contar o fato à criança de forma breve, sem detalhes dramáticos da causa da morte.  Não utilizar metáforas, como por exemplo, dizer que a pessoa está descansando. Contando a verdade, você diz para a criança que é possível lidar com a morte de um ente querido, sobreviver a esta perda e que ela não está só na sua dor. Após contar para a criança sobre a perda, é muito importante deixá-la falar o que pensa e sente a respeito, assim como também, responder a qualquer outra pergunta que ela fizer. A criança acima de 4 anos, deve ser perguntada se quer ir ou não ao velório para se despedir daquela pessoa da família que morreu, e com a qual, a criança tinha apego. E não deve ser forçada a nada, por exemplo, a chegar perto do caixão.
Seja em situações de separações por morte ou temporárias, a raiva e a agressividade são reações comuns no período de luto da criança. Entretanto, ao contrário do que acreditamos, a raiva funciona no sentido de promover a ligação com a pessoa perdida. Se esta raiva for intensificada, torna-se disfuncional e isto, geralmente, acontece em crianças e adolescentes que sofreram repetidas separações e são expostos a constantes ameaças de abandono. A ameaça de perda de um vínculo afetivo gera sentimentos de ansiedade; e a perda real gera medo, tristeza e angústia. Podemos constatar que as pessoas angustiadas e medrosas, em geral, tiveram experiência familiar marcada por perdas, conflitos e a incerteza do apoio dos pais ou cuidadores.
Das situações mais amedrontadoras que podemos sentir em toda a nossa vida, a experiência de não acesso a nossa figura de apego, ou seja, não poder contar com o nosso cuidador quando criança, é a experiência que mais gera medo intenso e que fica registrada na nossa mente. Quando esta figura de apego – pai, mãe, cuidador – se encontra indisponível afetivamente, mesmo que esteja presente, a criança estará mais sujeita ao medo intenso e crônico. Portanto, essa figura de apego precisa estar disponível para proteger e confortar a criança para que ela se desenvolva saudavelmente e consiga lidar com as suas experiências de perdas.

Cristiane de Carvalho Neves – Psicóloga Especialista em Luto

02 abril 2020

Fim do homem velho


Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma
Salmos 94:19

Vivemos hoje algo muito parecido com o ocorrido antes do nascimento de Jesus. Taylor Caldwell, autora do excelente livro, Médicos de homens e de almas, ao retratar a vida do médico-apóstolo Lucas, nos conta que naquele tempo, todas as religiões esperavam pelo Messias, ansiavam pela chegada do filho do Deus único.
De forma similar, observamos que a maioria das religiões entendem que os tempos são chegados. Algo está no ar.
É indiscutível que, no campo da ciência e tecnologia o ritmo tem sido acelerado. Espera-se que em 2020, o conhecimento dobre a cada 73 dias!
Máquinas fantásticas, trazendo mágica para nossa vida. A informação que percorre o mundo em segundos, a comunicação interpessoal massificada, evolução evidente em tantos aspectos. A grande dificuldade parece estar em sincronizar a velocidade do intelectual com o emocional. Se o reino de Deus está no coração do homem, não deveria esse campo também experimentar grandes mudanças? Não seria, inclusive, o primordial?
Todos desejamos essa mudança de paradigma, onde os tempos esperados, de paz e harmonia, de uma Terra regenerada onde o amor ao próximo será uma realidade, mas poucos nos dispomos a construir esse espaço dentro de nós.
O ano iniciou no compasso de sempre. Vida que seguia sem grandes preocupações com o campo das emoções. Cada um de nós amando os nossos, e com as habituais dificuldades de amar aos “outros próximos”. Um desejo de fazer a solidariedade crescer, a afetividade se expandir, a consciência de si mesmo aumentar, mas na correria do dia a dia, como implementar tudo isso? Ainda mais com toda tecnologia nos convidando a acelerar o ritmo, a correr atrás de tudo. Tenho que fazer, tenho que saber, tenho que correr. Não dá pra parar.
E eis que, inesperadamente e sem nos pedir opinião, chega um novo ser para tomar parte em todo esse frenesi. E a novidade oriunda de um mundo microscópico, como uma avalanche, abala o mundo conhecido por nós de forma ainda mais acelerada que as que estávamos habituados a viver e assistir. E, atrevidamente, começa a ditar regras.
Se é pra acelerar, ele segue acelerado em uma disseminação veloz, maciça, em verdade, assustadora. Se é para reduzir o ritmo, nos obriga a parar tudo. Parar o trabalho, parar a escola, o passeio, a igreja, parar tudo.
A família, antes apartada na correria, agora é convidada a assistir todos juntos, a cenas inacreditáveis nos noticiários da TV. Locais que lembravam formigueiros humanos, agora estão vazios. Os grandes centros do mundo ficaram desertos. Ninguém se aproxima fisicamente de ninguém. A realidade que se impõe à grande família humana é a loucura contemporânea.
Frente ao adoecimento geral, foi indicado a internação familiar compulsória para tratamento de todos nós.  E o hospital, no momento, se chama Lar. Somos chamados a reaprender a arte de relacionar em família, de conversar. Relacionamento comigo mesmo. Relacionamento com o outro. Os desafios de sempre, mas agora, sem muito espaço de manobra.
As reações primitivas de defesa inundam os nossos pensamentos. Medo, aflição, pavor e angústia. Para onde olhamos, os identificamos. São mesmo esses os sentimentos que melhor se coadunam com o momento? Acaso andamos esquecidos de que tudo é harmonia na Criação, andando em perfeito acordo com a vontade Divina?
Poderia esse tratamento coletivo ser iniciado através de um vírus, com potencial letal, que interrompe as atividades do mundo de hora para outra, amedronta pessoas, nações? Parece que a resposta é sim, pode!

Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos.
 O Evangelho segundo o Espiritismo » Prefácio

Deus é amor. Em um dos menores versos da Bíblia, João Evangelista nos conceitua o Pai da forma mais simples e bonita possível. E a expressão do amor de Deus é a misericórdia. Muitos podem enxergar o fim dos tempos, a destruição do planeta, o expurgo dos maus. Mas a misericórdia divina nos convida a esquecer as multidões e olhar para dentro. É tempo de mudança pessoal, interna e eterna.
É assim que o COVID-19, para muito além da doença, nos traz possibilidades de cura. De cura humana, de transformações profundas, se assim permitirmos. E como avistar a possibilidade de cura, sem gratidão?
Pode parecer estranho agradecer a quem traz tanta dificuldade, mas talvez nos caiba agradecer ao vírus por nos sacodir profundamente, e nos mostrar que somos regidos e dependemos de algo muito maior. Gratidão por nos fazer reconhecer o que temos, e valorizar isso.
Hoje, na maioria, estamos parados em casa e podemos observar o quanto estamos envolvidos e perdidos em nossas preocupações, sem valorizar o simples, o cotidiano comum. É o aprendizado de reconhecer o que realmente importa, o que incorporamos à nossa essência. Agradeçamos por isso. Pelo momento em que, sentindo medo, olhamos para o medo, ouvimos o medo, podemos aprender com ele. Encara-lo. Aprendemos que toda dor importa.
Olhar para a vida, e para morte! E no quanto são complementares e cíclicas. Uma das inúmeras lições que precisamos tirar disso tudo é entender que nos cabe sair dessa situação melhor do que entramos. Tudo isso vai passar. Nós podemos escolher sermos pessoas melhores que cresceram com o processo. Ou não. Tudo está certo.
A convivência com o vírus abre espaço para um tempo de convivência com o outro através do apoio mútuo. Ensina-nos a olhar para nossos valores de alma, e dar a eles espaço no mundo real e a compreender o significado da palavra conexão de um ponto de vista sob o qual jamais fizemos, sugerindo ao mundo estar em uma mesma frequência de pensamentos e emoções, após ver a velocidade vertiginosa com que as coisas acontecem entre seres humanos que estão fisicamente e literalmente conectados. 
O microorganismo capaz de minar tudo o que é  pré-existência vem em auxilio do mundo globalizado, para mostrar caminhos que ajudem a deixar o individualismo, rumo ao coletivo. O que antes era comum hoje é luxo. Visitar familiares, tocar, abraçar, sentar em um restaurante e ficar horas conversando. Mas tudo passa. O ensinamento fica. Devemos amar sempre, e amar profundamente, aproveitando cada oportunidade.
Não pensemos em fim dos tempos, mas no fim do homem velho, que não cabe mais no contexto energético do Planeta.
Paz e luz!