De onde viemos? Para onde vamos? Por que nascemos? Por que sofremos?
As dúvidas são enormes, mas uma certeza é
absoluta, todos vamos morrer. Bom, pelo menos no corpo físico. Essa veste
material que permite a nossa manifestação inteligente na Terra, um dia vai
acabar. Desencarnaremos.
Perderemos a carne e passaremos a habitar no mundo espiritual. Não falemos mais de morte, mas de passagem. Passagem para um outro plano de vida. Mas acima de tudo, continuidade da vida. Vida plena e em abundância.
Perderemos a carne e passaremos a habitar no mundo espiritual. Não falemos mais de morte, mas de passagem. Passagem para um outro plano de vida. Mas acima de tudo, continuidade da vida. Vida plena e em abundância.
Mas esse conhecimento não nos impede de viver completamente
voltados para o plano material e seguirmos nossa vida como se nunca fosse
chegar esse momento tão importante.
Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro
para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem
do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no
futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca
tivessem vivido.
Um trecho de "Sonhei que tive uma entrevista com Deus", de Jim Brown.
Nascimento e morte. Celebração e dor. Mas
precisava mesmo ser assim?
Passamos a vida sem conversar com leveza sobre
a nossa passagem para o mundo espiritual e isso vai criando barreiras mentais
que tornam o desligamento de entes queridos muito mais sofrido. Levando em
conta que vivemos em um País majoritariamente cristão, esse paradoxo é de difícil
solução.
Para o nascimento nos programamos, convidamos
pessoas, compramos lembrancinhas que serão distribuídas, recebendo esse
espírito que reencarna com alegria e gratidão. Para o momento da passagem temos
a dor, o sofrimento e muitas vezes a revolta e a incompreensão. Falar de nascer é vida, dá sorte e traz coisas boas. Falar de morte dá azar, é sorumbático, coisa de gente religiosa fanática.
Um grande problema no luto é que aquilo que
plantamos enquanto nossos entes amados ainda estão conosco, colhemos após a
partida deles. Ou seja, nunca conversamos sobre a morte, sobre a dor, sobre os
desígnios divinos e ao vivenciar o processo de luto, rapidamente aprendemos que
após poucos dias do acontecido, restam poucas pessoas, se alguma, que entendem
a necessidade de conversar sobre o que está acontecendo.
O enlutado se vê obrigado a silenciar a dor, a
colocar a máscara do “está tudo bem” e seguir em frente.
Desde novembro de 2018 iniciamos um novo
trabalho na Comunidade Espírita Ramatís. Formamos um grupo de acolhimento
terapêutico aos enlutados. Um espaço onde as ideias e sentimentos represados
podem ser expressadas sem julgamento e com respeito sigiloso. A experiência tem
sido enriquecedora.
Palavras não ditas, atitudes não tomadas,
ausência dolorosa, vazio insuportável e outros exemplos, constituem a tônica dos
encontros. A oportunidade de acolher essas pessoas é única. Aprendemos e
compartilhamos todos juntos.
Mas o ensinamento mais importante é que o luto
é um processo que precisa ser vivenciado. Não pode ser negligenciado ou
omitido. É importante conversar em família, respeitar a dor do outro, a crença
e as dificuldades de cada um. E ir em busca de ajuda profissional quando
necessário.
Paz e luz a todos.
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