26 março 2020

O "para que" dos problemas. Antônio Moreira

É muito comum, principalmente nos momentos difíceis da vida, questionarmos o porquê  das coisas, ou o porquê das nossas dificuldades, dos nossos problemas. Ás vezes, perguntamos em pensamento: por que comigo, meu Deus? Ou, o que eu fiz para  merecer isso? E assim, com certeza, trazemos um pouco de vitimismo, e o sofrimento  passa a ser o foco principal da experiência, enquanto o aprendizado fica em segundo  plano.

A pergunta mais adequada para fazermos nessas situações seria “para que”?, ou seja: para que está acontecendo isso comigo? Pois, se nada na vida é por acaso, tem sempre um "para que” nas coisas que acontecem. Cada experiência em nossas vidas tem um  objetivo, tem um significado maior. E o “para que” busca elucidar, sem vitimismo, a  motivação daquele acontecimento, cientes de que existe um propósito maior em nossas vidas, a nossa evolução moral e espiritual, visto que somente quando evoluímos nos  aproximamos de Deus, nos aproximamos do nosso Criador!

Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta, disse: "Aqueles que não aprendem nada  sobre os fatos desagradáveis de suas vidas, forçam a consciência cósmica que os  reproduza, tantas vezes quanto seja necessário, para aprender o que ensina o drama  que aconteceu. O que negas te submete. O que aceitas te transforma.” 

E assim a Vida, o  Universo, ou Deus, nos ensina a cada momento, para nos transformar em pessoas melhores. Chico Xavier, em sua humildade e sabedoria singular, esclarece: "Agradeço  todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As  facilidades nos impedem de caminhar.”

Podemos também traçar um paralelo com a evolução da humanidade no planeta Terra. Por volta do ano 1500 dC, quando do descobrimento do Brasil, a Amazônia, na América  Latina, possuía uma população indígena estimada de mais de 3 milhões de habitantes,  com idade genealógica semelhante aos demais povos do planeta. Então, pergunto porque não havia quase nenhum desenvolvimento? 

E a resposta é simples: porque a natureza era farta e benevolente, e não necessitavam de grandes esforços. Enquanto isso, povos que enfrentaram grandes dificuldades como a fome, as guerras, e grandes epidemias, desenvolveram diversas tecnologias, a medicina, a navegação, entre outras grandes invenções. Justamente porque a vida impôs dificuldades e exigiu assim, grandes esforços, aprendizagem e crescimento!

Em nossas vidas acontece de forma semelhante, e é preciso entender que nada é  castigo, nem mesmo a tão falada Lei do Carma; mas sim uma necessidade que faz com  que cada pessoa atraia para si as experiências que precisa vivenciar. As lições surgem  como situações diversas, problemas, dificuldades e, principalmente, a dor - fato que nos propicia um maior crescimento, uma maior aprendizagem e uma maior possibilidade de transformação. 

Quando nos revoltamos, insistindo no vitimismo e na não aceitação,  perdemos a oportunidade de crescer e de evoluir. E, em consequência, necessitaremos  de experienciar novamente a mesma lição, até que uma mudança aconteça de dentro  para fora, nos transformando em pessoas melhores. E, assim, a vida vai nos  aproximando de Deus sempre. Mas sempre, somente quando nós nos permitimos mudar  aquela pergunta que nos colocava como vítima, alterando o questionamento com um  “para que"?

Antônio Moreira Júnior é terapeuta de Clean Language e PNL

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